Esquerda. net.- O centro de Hamburgo está sob total controle policial desde sábado, dia em que foi decretado que três bairros são “zona de perigo” (Gefahrengebiet). Sob este estado de exceção, a polícia pode revistar e pedir a identificação a qualquer pessoa sem ter de justificar o motivo da suspeita.
O decreto de emergência foi justificado por alegados ataques a esquadras de polícia, que teriam provocado ferimentos em agentes.
A lei que criou esta emergência foi aprovada em 2005, mas normalmente esta só durava umas poucas horas durante alguma situação concreta, como um jogo de futebol ou uma manifestação.
Desta vez, porém, o Gefahrengebiet já está em vigor desde sábado e não se se sabe durante quanto tempo irá permanecer. O decreto atinge os bairros de St. Pauli, Altona e Sternschanze, onde moram mais de cem mil pessoas.
Conflito começou em 21 de dezembro
A grande tensão que existe na cidade tem origem nos confrontos entre policiais e manifestantes que se seguiram à manifestação de 21 dezembro, contra o despejo do centro cultural Rote Flora. Os organizadores da manifestação denunciaram o ataque da polícia de choque, que usou cassetetes, gás pimenta e canhões de água contra os manifestantes, provocando ferimentos em muitos deles. A polícia, por seu lado, diz que 16 agentes foram hospitalizados devido ao que classificaram como “os piores distúrbios em anos”.
A polícia já expulsou da zona quase 100 pessoas, prendeu 45 e apreendeu paus, material pirotécnico e máscaras negras. A polícia afirma que os responsáveis pelos ataques a esquadras são militantes da “esquerda radical” e ofereceu uma recompensa de 10.000 euros a quem possa contribuir com alguma pista que leve aos autores.
Mas há quem ponha em causa a versão policial. O advogado do centro cultural Rote Flore, Andreas Beuth, ouvido pelo Público.es, nega que tenha ocorrido um ataque em 28 de dezembro: “Em nenhum momento se lançaram pedras ou garrafas contra a esquadra”, afirma, garantindo que se trata de falsas acusações.
Polícia sem controlo
Os social-democratas do SPD, com maioria no Parlamento regional e a presidência da câmara da cidade, junto com os democratas-cristãos da CDU, têm sido os impulsionadores da medida.
Já o Die Linke (A Esquerda) critica o estado de exceção: “Achamos que esta medida é legalmente problemática porque só a polícia pode decidir sobre o seu estabelecimento e duração, e está a fazê-lo sem controlo de ninguém”, declarou a porta-voz Christiane Schneider. Para os Verdes, não ajuda a acalmar a situação que “todos os residentes da cidade estejam a ser colocados sob suspeita geral e que tenham restringida a sua liberdade de movimento”.
(*) Publicado em La Jornada
Foto: Rasande Tyskar.
Fonte: Carta Maior.