A Jordânia assume a Presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (1º/01/2014), o primeiro dia do mandato de dois anos no grupo de 15 países. Entre as principais preocupações na agenda do conselho estão os conflitos na Síria, com dimensão cada vez mais regional, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana e no Mali, entre outros. Além disso, também o debate sobre a reforma do sistema administrativo da ONU deve ser impulsionado.
O país árabe, à frente do Conselho, vai se juntar ao Chade, ao Chile, à Lituânia e à Nigéria no órgão até 31 de dezembro de 2015. A Assembleia-Geral da ONU elegeu a Jordânia no começo de dezembro para substituir a Arábia Saudita, que rejeitou o posto em protesto, alegando a negligência do órgão frente ao conflito sírio, no qual tem papel ativo, com o apoio militar, financeiro e político aos grupos armados que lutam contra o governo de Bashar Al-Assad.
A Arábia Saudita vem afirmando reiteradamente a opção pela intervenção militar imediata contra o país, e já liderou o movimento de suspensão do governo sírio na Liga Árabe, repassando o seu assento à oposição, uma medida de ingerência política inaceitável e improdutiva para a condução das negociações às quais o governo vem convidando seus opositores desde o início do conflito, em 2011.
A falta de apoio à empreitada intervencionista fez com que a Arábia Saudita, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, principais promotores da agressão, recuassem na proposta e se rendessem à mesa de diálogos, o que o governo saudita vem criticando desde então, resultando na sua recusa em assumir a Presidência do Conselho de Segurança, único órgão da ONU com capacidade para permitir o uso da força contra algum Estado.
Apesar de a Jordânia ter sido escolhida de última hora para o lugar do reino saudita, o embaixador de Amã na ONU, príncipe Zeid Ra’ad Zeid al-Hussein, é conhecido na organização internacional por não conter palavras quando o assunto é direitos humanos.
Vários membros do Conselho de Segurança da ONU disseram que Zeid pode se tornar um membro influente do grupo mais poderoso da organização, apesar de a Jordânia, como outros membros temporários, não ter poder de veto, benefício outorgado apenas aos cinco membros permanentes do conselho: Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos.
“Os cinco membros permanentes continuarão a dominar as questões do conselho, e não estão inclinados a dar muito espaço aos membros temporários”, disse Richard Gowan, especialista em relações internacionais da Universidade de Nova York, citado pela agência de notícias Reuters.
Diplomatas dizem que o ano de 2014 provavelmente será de discussões intensas sobre os desafios das operações de manutenção da paz da ONU pelo mundo, inclusive a missão de estabilização no Sudão do Sul e o envio de uma missão à República Centro-Africana. Para o Ocidente, de acordo com os diplomatas citados pela Reuters, isto também leva à questão sobre o aumento dos custos das operações, abordado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na sessão de aprovação de um orçamento reduzido para o próximo biênio.
A reforma do órgão também está no topo da agenda, embora há muitos anos, e tem sido impulsionada por países como o Brasil e outros membros dos chamados “emergentes”, que criticam a falta de representatividade e o domínio das questões cruciais da organização por atores com papel diferente do que tinham quando a ONU foi criada, no pós-Segunda Guerra Mundial.
Os cinco membros temporários que permanecerão no Conselho de Segurança em 2014 são a Austrália, a Argentina, Luxemburgo, Ruanda e Coreia do Sul.
Com informações da Reuters.
Fonte: Redação do Vermelho