Pai e filho entre seus pertences após as últimas demolições promovidas por Israel na Cisjordânia, que desalojaram 68 pessoas. Foto: UNRWA
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) condenou nesta quinta-feira (26) as últimas demolições promovidas por Israel na Cisjordânia, que desalojaram 68 pessoas, incluindo 32 crianças, em pleno inverno, afirmando que o país está violando o direito internacional. A agência pediu que o país respeite suas obrigações.
“Devido a estas demolições, que violam o direito internacional, essas comunidades historicamente autossuficientes têm sido obrigadas a suportar o clima sazonal impiedoso em habitações inadequadas, totalmente dependentes da ajuda internacional”, disse a UNRWA sobre as demolições que ocorreram na véspera do Natal em Ein Ayoub, perto de Ramallah, e em Fasayil Al Wusta, perto de Jericó no Vale do Jordão.
“Apelamos a Israel para cumprir suas obrigações sob o direito internacional, mais particularmente para garantir a integridade física e proteção da população civil palestina em todos os momentos, inclusive através de uma suspensão imediata das demolições administrativas”, acrescentou o comunicado, observando que neste ano, até o momento, pelo menos 1.103 palestinos foram deslocados em toda a Cisjordânia na Área C, bem como em Jerusalém Oriental, superando os números de 2012.
A Área C, onde Israel ainda mantém o controle sobre a segurança, planejamento e construção, representa mais de 60% da Cisjordânia.
A maioria das pessoas desalojadas mais recentemente – 46 pessoas – são refugiados palestinos, incluindo uma menina de cinco anos de idade que está paralisado da cintura para baixo. Eles agora estão sendo abrigados em tendas distribuídas pela organização Crescente Vermelho palestina, com temperaturas noturnas próximas dos zero graus. Cerca de 750 cabeças de ovinos e caprinos estão sem abrigo nesta época crucial de gestação.
“Estas são as comunidades beduínas que conseguiram enfrentar as recentes tempestades de neve”, disse a UNRWA. “Neste dia, muitas pessoas em todo o mundo estão celebrando com suas famílias. Mas graças às ‘demolições administrativas’ essas famílias perderam suas casas e seus meios de subsistência e estão gravemente ameaçadas.”
A Agência ressaltou que a demolição administrativa não é uma solução para os palestinos da Área C e são uma violação flagrante do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.
A UNRWA reiterou uma declaração em setembro feita pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, de que “as demolições em massa levantam sérias preocupações sobre a proibição de despejo forçado sob a lei internacional de direitos humanos, bem como as obrigações de Israel de respeitar, proteger e cumprir os direitos dos palestinos a uma habitação digna, bem como a serem livres de interferências arbitrárias ou ilegais na vida privada, na família e em suas casas”.
Dos 1.103 palestinos deslocados até agora este ano, cerca de um terço são refugiados e pelo menos 558 são crianças, incluindo 195 refugiadas.
Além disso, um total de 1.813 palestinos – incluindo 497 refugiados – foram afetados pela perda de estruturas não residenciais, tais como abrigos animais que apoiam os meios de subsistência. No total, 663 estruturas, incluindo 259 unidades residenciais, foram demolidas desde o início deste ano na Cisjordânia. Pelo menos 175 estruturas pertenciam aos refugiados registrados.