O Bloco de Luta pelo Transporte Público – principal organização envolvida nas mobilizações contra o aumento da passagem de ônibus de Porto Alegre em 2013 – realizou sua última assembleia do ano na noite da última quinta-feira (dia 19), no auditório do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre. O encontro, considerado mais numeroso que os anteriores, reafirmou a disposição dos militantes de retornarem às ruas no início do próximo ano, caso a prefeitura atenda aos pedidos de reajustes de tarifas protocolados pelos empresários do transporte.
Em Porto Alegre, os protestos contra o aumento haviam iniciado ainda em janeiro e prosseguiram durante vários meses. Em abril, o reajuste de R$ 2,85 para R$ 3,05 foi cassado por uma liminar da Justiça em ação encaminhada por vereadores do PSOL na Capital. Desde então, o governo municipal exonerou impostos das empresas do setor e, com isso, a passagem se manteve em R$ 2,80.
Em seguida, o Bloco de Luta permaneceu ativo durante os protestos de junho e julho – promovendo, durante cerca de oito dias, a ocupação da Câmara Municipal -, que acabaram nacionalizando a mobilização contra o aumento da passagem de ônibus em dezenas de cidades brasileiras. Entretanto, após esse período, as manifestações de rua arrefeceram em diversas regiões – com a exceção do Rio de Janeiro, onde a greve dos professores e o desaparecimento do pedreiro Amarildo mantiveram boa parte da população nas ruas durante várias semanas.
Agora, com a perspectiva de que o tema da passagem volte a ser pautado no início do próximo ano, os militantes de Porto Alegre já se articulam para organizar as mobilizações. Tradicionalmente, as tentativas de reajuste da tarifa ocorrem até fevereiro, já que a lei prevê que os empresários do setor podem fazer o pedido à prefeitura após os trabalhadores rodoviários receberem reajuste salarial – o que costuma ocorrer também neste período.
A assembleia desta quinta-feira também teve o objetivo de retomar a organização do Bloco de Luta, que é composto por diversos setores da esquerda: de partidos políticos como PSOL e PSTU a grupos como a Federação Anarquista Gaúcha (FAG), a Frente Autônoma, o Movimento Revolucionário e o Assentamento Urbano Utopia e Luta. “É uma assembleia que busca retomar a organicidade do Bloco e apontar os desafios colocados para o próximo ano, reafirmando a necessidade de permanecermos mobilizados para que não ocorra um novo aumento”, explica Lorena Castillo, militante da FAG que integra o Bloco.
Ela considera que o grupo está “mandando um recado” aos empresários e à prefeitura ao articular desde já a resistência a qualquer tipo de reajuste da tarifa. “O aumento seria um tiro no pé do governo e dos empresários. Se houver qualquer tentativa de aumento, a cidade vai parar novamente”, projeta. Lorena observa que as assembleias de janeiro de 2014 deverão estruturar os primeiros atos de rua do ano que vem, que ainda não estão marcados.
Foto: Ramiro Furquim
Fonte: SUL 21