Por Emanuel Medeiros Vieira.*
“A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama”. (Blaise Pascal – 1623-1662)
Amilton Alexandre (Mosquito), criador do blog Tijoladas. Foto/Arquivo: Celso Martins
Já faz dois anos da tua partida (hoje é 13 de dezembro de 2013), Mosquito. Passou rápido.
É preciso lembrar os nossos mortos, é preciso recordar todos aqueles que amamos.
Serei breve, nem terei uma postura laudatória. Se convivemos com as nossas imperfeições, por que não entender as alheias? Cometemos injustiças em nossas posturas e avaliações? Cometemos, cometestes.
Amilton Alexandre (o nosso Mosquito): teu saldo foi maior. De coragem extrema e de espírito altamente combativo no meio da acomodação, do individualismo do desinteresse pelo outro e pelas mazelas do país.
Há um travo de saudade – mais serenada. Sei, sabemos: foi muita luta, muito processo, muita aporrinhação, muitas dívidas, muitos processos. E o coração fraco.
Fazes falta. amigo. O que posso te contar (somos pó e memória)? O teu Avaí continua na Segunda Divisão, gente que querias que fosse punida continuou impune (é de extrato muito poderoso), a musa do socialismo generoso, a Ideli Salvatti, continua ministra e revelou uma enorme paixão por helicópteros. Os marqueteiros continuam ganhando rios de dinheiro, a mediocridade da nossa classe política é cada vez maior, mas poderosos de plantão foram parar atrás das grades. Um deles – que conheci na luta estudantil na década de 60 (não é uma lembrança que me conforte), que queria ser presidente da República, está no cárcere. É verdade. Não sei se te lembras dele: pela sua pronúncia, é uma mistura de Mazzaropi com Stálin (pela sua prática política).
Poderia dizer: e o amigo foi embora e ficou na terra muito velhaco, ladrão, traidor. Mas é melhor não falar nisso. É do destino, da vida, de tudo.
Mosquito na Armação, conferindo os estragos provocados pelo mar. Foto/Arquivo: Celso Martins
Cansa? Cansa. Mas a gente não renuncia à luta. Teus bravos amigos blogueiros continuam honrando o ofício, como muitas pessoas de bem.
E, humanamente, tenho saudades.
Continuas nos nossos corações e na nossa memória afetiva. Almejo que tenhas encontrado a paz que a vida não te deu. E continuaremos.
PS: Quem se lembra de 13 de dezembro de 1968? Foi o dia da decretação do AI-5, a maior porrada que minha geração recebeu (junto com o golpe de 64). A partir daí, a ditadura ficou tenebrosa, e todas as portas foram fechadas. E ele só foi revogado em 1978.
Mosquito: lá vai um abraço afetuoso do Emanuel Medeiros Vieira (Brasília, 13 de dezembro de 2013).
*Emanuel Medeiros Vieira, escritor catarinense radicado em Brasília, colunista do Daqui na Rede.
Fonte http://daquinarede.com.br/2013/12/dois-anos-sem-o-mosquito/