Relatório de representante do Ministério Público aponta que presidente usou dinheiro público para reformar sua residência
O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, está sendo acusado de estar no centro de um dos maiores escândalos de corrupção do país, depois de relatórios terem revelado que milhões de rands (moeda sul-africana) de contribuintes foram usados para reformas e construção de uma piscina em sua casa.
O jornal africano Mail&Guardian publicou nesta sexta-feira (29/11) um relatório da organização responsável pela fiscalização da corrupção no país, entitulado “Opulência em grande escala”, em que Zuma é acusado de enganar o Parlamento sobre as despesas da segurança de sua residência e de usar dinheiro público nas reformas.
Os partidos de oposição da África do Sul dizem que, se os resultados forem os mesmos no relatório final da organização, o presidente deverá enfrentar uma investigação parlamentar com potencial de provocar seu impeachment.
O escândalo sobre a construção patrocinada pelo Estado na casa de Zuma na cidade de Nkandla tem estado na mídia desde 2009, quando o Mail&Guardian publicou um artigo sobre uma “ostentação” de cerca de 65 milhões de rands (R$ 15 mi) lá.
O custo dos anos de intervenção na casa de Zuma chegou a 215 milhões de rands (R$ 49,3 mi), com um adicional de 31 milhões de rands (R$ 7 milhões) em outras obras, provocando um grande escrutínio da mídia e uma investigação da representante do Ministério Público, Thuli Madonsela.
A aversão ao “Nakandlagate” se intensificou na África do Sul nas últimas semanas, enquanto ministros foram à Justiça pedir o bloqueio da liberação do relatório de Madonsela, ao mesmo tempo que jornais publicaram fotos da casa, desafiando alertas do governo de que isso poderia quebrar leis de segurança do país.
Apesar da tentativa dos ministros, o Mail&Guardian publicou detalhes do relatório provisório de Madonsela, afirmando que ela descobriu que o presidente havia obtido ganho pessoal “substancial” com a atualização de segurança de sua casa, para “enorme custo” do contribuinte, e que ele deve reembolsar cerca de R$ 46,6 milhões ao Estado.
De acordo com a BBC, Madonsela condenou o jornal pela publicação, dizendo que foi “antiética e ilegal”. Ela também se distanciou do artigo do Mail&Guardian e negou ser a autora das frases que foram atribuídas a ela na matéria. Recentemente, ela afirmou que seu relatório final será liberado em cerca de um mês. O jornal, por sua vez, afirma que teve “acesso direto” ao relatório parcial por meio da própria Thuli Madonsela.
Ainda assim, o partido de oposição Aliança Democrática afirmou que as descobertas provisórias “são tão condenáveis que, se forem precisas, justificariam as sanções mais graves à conduta do presidente Jacob Zuma”.
Fonte: Opera Mundi.