Na última sexta-feira, 22 de novembro, um homem foi preso em Florianópolis por suspeita de abusar sexualmente da própria filha. No último dia 14, após anunciar no Twitter, a estudante Giana Laura Fabi, de 16 anos, se enforcou em sua casa, em Veranópolis, na serra gaúcha. O motivo: o vazamento, via internet, de uma foto sua mostrando os seios. Quatro dias antes, Julia Rebeca, estudante piauiense de 17 anos, havia se matado por motivo semelhante. Em Santa Catarina, no Brasil e em todo o mundo, a violência continua a fazer vítimas entre meninas e mulheres, escancarando o machismo que se mantém vivo na sociedade.
Acredita-se que 7 em cada 10 mulheres em todo o mundo passaram ou passarão por algum episódio de violência física ou sexual ao longo da vida. A chamada “pornografia de revanche”, quando ex-namorados, maridos ou pessoas com quem mulheres e meninas mantiveram algum tipo de relacionamento as expõem na internet, é apenas a mais nova modalidade deste tipo de violência. Mais comuns que estes são os casos de estupro, por exemplo. No Brasil, há mais estupros (50,6 mil casos) do que homicídios dolosos, segundo o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Santa Catarina é o terceiro estado neste ranking e Florianópolis concentra 10% dos casos registrados no estado. As cidades catarinenses que aparecem com maior índice de violência contra mulheres na pesquisa Mapa da Violência são Lages (17ª no país), Mafra (45ª), Criciúma (83ª, Balneário Comburiu (89ª) e Chapecó (91ª).
Mudar a cultura patriarcal e machista depende de medidas que vão desde a educação para a não-violência até a punição dos agressores – na maioria das vezes, maridos ou afetos das vítimas – , passando obrigatoriamente pela aplicação da Lei Maria da Penha. Em vigor há sete anos, a lei que veio para punir os casos de violência também prevê a estruturação dos estados e municípios para acolher a vítima. No entanto, até hoje, não há casas-abrigo nem delegacias da mulher em Florianópolis nos moldes previstos pela lei.
Para denunciar a situação caótica da violência que fere física, psicologicamente e mata mulheres, o Fórum Catarinense de Mulheres realiza na próxima segunda-feira, dia 25 de novembro – data que marca o Combate à Violência Contra a Mulher em toda o mundo – manifestação no centro da capital. A concentração acontece a partir das 17 horas em frente à catedral e percorrerá as ruas do centro da cidade. O fórum congrega movimentos como a União Brasileira de Mulheres, Casa da Mulher Catarina, o movimento Marcha das Vadias, núcleos de estudos de gênero da UFSC e Udesc, conselhos de direitos da mulher, Rede Feminista de Saúde e outras organizações.
Formas de violência contra mulheres e meninas:
psicológica, simbólica, física, sexual, patrimonial ou econômica, estatal ou institucional
História
No dia 25 de novembro de 1960 foram assassinadas Antonia, Minerva e Patria Mirabal, três irmãs moradoras da República Dominicana, país este, que vivia na época o regime do ditador Rafael Trujillo. As irmãs formavam o grupo Las Mariposas, grupo de oposição ao regime do ditador, sendo esta apontada a maior causa de suas mortes.
Fonte: Sindfar.