Banco Mundial: exigências da classe média exercem pressão na A L

banco-mundialPresidente da instituição destacou “grande desigualdade” da região, apesar de avanços recentes.

O presidente do BM (Banco Mundial), Jim Yong Kim, comemorou nesta quinta-feira (10/10) a expansão da classe média latino-americana, mas ressaltou que suas crescentes exigências exercem também uma “grande pressão” sobre os governos da região.

“Décadas atrás, a América Latina era uma das regiões mais desiguais do mundo e os esforços de muitos países para tirar as pessoas da pobreza extrema tiveram êxito”, afirmou Kim hoje em entrevista coletiva.

O presidente do BM destacou que persiste “uma grande desigualdade” na América Latina, mas insistiu que “a boa notícia é que a classe média está se expandindo”.

Esse fenômeno, explicou, traz consigo maiores reivindicações: “O que vimos, principalmente no Brasil, e também em certa medida em outros países latino-americanos é que as pessoas que saem da pobreza extrema e passam a fazer parte da classe média não se conformam apenas em sobreviver”.

Kim salientou que existe uma crescente demanda por melhores serviços de saúde e educação e, definitivamente, uma exigência por parte da classe média de “melhores oportunidades para seus filhos”.

Para conseguir essa mobilidade social, a América Latina necessitará, segundo o Banco Mundial, melhores serviços de saúde e principalmente uma educação de mais qualidade para que todo o mundo tenha a oportunidade de se tornar, por exemplo, um médico ou advogado.

“E esse desejo de mobilidade e de aspirar ter a oportunidade de tornar realidade os próprios sonhos é também uma grande pressão”, disse Kim, que deu como exemplo os recentes protestos no Brasil, que, em sua opinião, continuarão ganhando força.

Suas palavras coincidiram com a realização de um painel intitulado “A alta da classe média na América Latina e a brecha na entrega de serviços”.

Segundo relatório recente do BM, pela primeira vez os integrantes da classe média na América Latina (com receita superior a US$ 10 por dia) são superiores numericamente aos pobres, que são os que vivem com menos de US$ 2 por dia.

Apesar desta ascensão, a região viveu várias manifestações populares para exigir mais igualdade e acesso a melhores serviços públicos.

“O que quer a classe média? Por que sai para protestar em países bem-sucedidos como Chile e Brasil?”, perguntou o ex-ministro venezuelano Moisés Naím, que atua como moderador no fórum.

Em tom de réplica, o ministro das Finanças do Uruguai, Fernando Lorenzo, reconheceu que “a prosperidade gerou mais oportunidades para mais pessoas que no passado e aumentou para gente que antes estava muito abaixo em níveis de consumo”.

“Mas”, detalhou, “isso é muito diferente de gerar classes médias”.

Marta Lagos, diretora da organização não governamental Latinobarómetro, concordou e salientou que é “a classe baixa que está na rua” na América Latina e opinou que os protestos recentes buscam igualdade de poder, uma vez que as elites se mantêm à frente da tomada de decisões.

Por sua parte, o ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cárdenas, declarou que o crescimento da classe média é “uma grande oportunidade”, mas também “o maior desafio”.

Cárdenas mencionou que para que a expansão da classe média seja sustentável é preciso emprego formal e bem remunerado: “Isso é o que caracteriza a classe média no mundo todo, e aí necessitamos avançar em reformas estruturais para fomentar a formalidade laboral”.

O titular colombiano concluiu frisando que é fundamental também desenvolver mais políticas de inclusão na região.

 Fonte: Opera Mundi

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