Para lembrar o aniversário de 299 anos da perda de independência da Catalunha, centenas de milhares de pessoas se reuniram nesta quarta-feira (11/09) em toda a região para pedir que Madri reconheça sua autonomia. Os cerca de 400 mil catalães que se inscreveram para participar da comemoração, segundo a ANC (Assembleia Nacional Catalã), se deram as mãos às 17h14 do horário local, formando um cordão humano de 400 km, chamado de Via Catalana.
A hora da manifestação foi escolhida em referência ao dia 11 de setembro de 1714, quando o reino da Catalunha foi tomado pelas tropas franco-espanholas do rei Filipe V, na guerra de sucessão que também foi marcada pela cessão de Gibraltar aos britânicos.
O cordão humano, parte da celebração oficial da “Diada”, o Dia Nacional Catalão, atravessou o Camp Nou, campo do Barcelona, onde se ouviam gritos de “o espanhol que não vote”, segundo o jornal El Mundo. No centro da maior cidade da Catalunha, as pessoas gritavam “independência” e cantavam músicas populares da região.
“A Via Catalana foi um sucesso sem precedentes”, afirmou Carme Forcadell, presidente da ANC, instituição que organizou a iniciativa, ao fim do ato reivindicativo. “Queremos um Estado ao qual temos direito (…). Hoje o mostramos ao mundo”, declarou, antes de deixar claro que não aceitarão atrasos. “Queremos agora, não em 2016”, disse.
Na última semana, o presidente da Generalitat, o governo da região autônoma, Artur Mas, sugeriu que se utilizassem as eleições previstas para 2016 para realizar o referendo, o que não é a vontade ANCl. “Queremos que 2014 seja o primeiro ano da nossa liberdade”, acrescentou Forcadell.
Durante as comemorações oficiais, Artur Mas se comprometeu a dialogar “até o fim” com o presidente de governo Mariano Rajoy para realizar um referendo sobre a independência da Catalunha em 2014. Segundo o El País, também alertou que o “Estado espanhol tem um problema grave de relação com a Catalunha” se não encontra uma forma de canalizar as ânsias dos catalães para decidir seu futuro. De acordo com ele, os catalães querem exercer seu “direito de decidir”.
Artur Mas não participou do cordão humano, mas a maior parte de seus conselheiros no governo se juntaram aos manifestantes, incluindo a vice-presidente, Joana Ortega, cujo partido, Unió Democràtica (União Democrática) não aderiu ao movimento.
Pesquisas de opinião indicam que cerca de 52% dos catalães se declaram abertamente a favor da independência e 81% apóiam a iniciativa de um referendo. Rajoy já afirmou que qualquer tipo de consulta sobre a independência seria ilegal, mas, 59% dos catalães dizem que votariam assim mesmo, se fosse realizada na Catalunha.
O cordão humano pela independência da Catalunha uniu de norte a sul os extremos da região, desde a fronteira com a França até o sul de Tarragona. O movimento se inspirou na cadeia humana de 600 km organizada em 1989 por milhares de cidadãos da Estônia, Lituânia e Letônia para reclamar suas independências em relação à União Soviética. Na ocasião, os organizadores afirmaram que 1,5 milhão de pessoas haviam participado.
Fonte: Ópera Mundi