MPL Joinville: Resposta a Álvaro Cauduro

    ocupadoPor Miguel Neumann.*

    O sr. Álvaro Cauduro, no artigo “Conselho da Cidade x MPL”, demonstra total falta de compromisso com a verdade. No artigo ele revela o elitismo que caracteriza sua visão de cidade e sua profunda incapacidade de compreender as reivindicações populares. Nenhuma surpresa para quem vê a vida passar do alto do Harmonia Lyra.

    No dia 14/08 o Movimento Passe Livre realizou manifestação pela tarifa zero e por uma licitação que encaminhe uma empresa de transporte público em Joinville. Acreditamos que todos os órgãos, todos os espaços, sobretudo aqueles que planejam a cidade, devem se posicionar a respeito. O Conselho da Cidade, é notório, é criticado por variados setores da sociedade em razão da antidemocracia que caracterizou sua constituição. Isso é um ponto pacífico. O MPL foi então ao Harmonia Lyra reivindicar voz e que o Conselho fizesse uma moção de apoio à carta de reivindicações do ato, disponível em nosso site.

    Em frente ao teatro entramos, em que pese um vigia do local ter gritado que era proibida nossa entrada, o que demonstra o pouco apego aos fatos por parte do Sr. Cauduro. No interior gritamos nossas palavras de ordem no teatro historicamente ligado às elites da cidade. A partir disso, o Sr. Vladimir Constante ofereceu a palavra ao movimento, a qual fizemos uso. Nesse momento o Sr. Cauduro utilizou seu microfone tentando impedir a fala do porta voz do MPL com a épica repetição de palavras “Babaca, babaca”. Diante de tão poderoso argumento, terminamos nossa fala e fomos informados que as dobradiças da porta de entrada (e não a porta mesma, outro erro do artigo do Sr. Cauduro) estavam quebradas. Não há quaisquer provas que a manifestação tenha danificado a porta, apenas a afirmação histérica daquele que chamou a manifestação de “Babaca, babaca”. Foi assinado um termo circunstanciado.

    O sr. Cauduro busca desqualificar o MPL. Omite que as manifestações que tomaram conta do país tiveram seu início em torno do aumento da tarifa dos trens e metrôs de São Paulo, em manifestações convocadas pelo MPL. Argumenta ainda que o Harmonia Lyra é um espaço de cultura – mas de quem? Que setores da sociedade se apropriaram da cultura apresentada em tão nobre espaço? A periferia, que é de onde os militantes do MPL vêm, com certeza não usufruiu dessa cultura. O discurso vitimizado do Sr. Cauduro ainda é contraposto pela última votação do Conselho da Cidade na qual foi excluída a fala do porta voz do MPL da ata do Conselho, em um típico procedimento de ocultamento da história. O Sr. Cauduro diz que “todos” os conselheiros foram agredidos. Falácia: a votação apertada (21 contra 19 pela retirada) demonstra que quase metade do conselho teve bom senso e reconheceu a legitimidade das reivindicações do movimento.

    Para finalizar uma nota sobre as “máscaras”: os trabalhadores que participam do MPL já sofreram várias perseguições de seus patrões simplesmente por participarem do movimento (além das perseguições que o próprio MPL sofreu da iniciativa privada). Havia pouquíssimas pessoas nessa condição, e não “metade”, como o sr. Cauduro afirma. E mais: a delinqüência, a grande deliquência, daqueles que vendem o patrimônio da nação e da cidade não se faz com máscaras. Ao contrário, sempre foi feita com uma vestimenta que é muito familiar ao Sr. Cauduro: o terno e a gravata.

    * Militante do MPL Joinville.

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