Cimi diz que Tarso adotou “metodologia de ditadura” em relação a indígenas

Por Ramiro Furquim/Sul21

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou neste sábado (31) uma nota na qual critica a postura do governo gaúcho em relação às demandas colocadas por indígenas Kaigang e Guarani do estado. A entidade considera que o governador Tarso Genro (PT) adotou “metodologia da ditadura militar” e tentou cooptar lideranças dos povos originários.

Além disso, o texto condena a violência da Brigada Militar e afirma que existe um “conluio na linha política dos governos Dilma e Tarso, numa clara opção pelos ruralistas e pela destruição dos direitos indígenas”.

Em nota no site da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, o procurador Júlio Carlos Schwonke de Castro, integrante do Núcleo de Comunidades Indígenas e Minorias Étnicas (Nucime), aconselha “a todos os indígenas e quilombolas que tenham sofrido violência por parte da Brigada que compareçam ao Nucime e relatem eventuais abusos sofridos na tarde desta sexta-feira ao Ministério Público Federal”.

Nesta sexta-feira (30), após o confronto entre Brigada Militar e indígenas em frente ao Palácio Piratini, o governo agendou uma reunião com as lideranças Kaigang e Guarani para a próxima quarta-feira (4). Em nota no site do governo, a Brigada informa que “não houve confronto” e que “os instrumentos utilizados pela Brigada Militar serviram apenas para afastar os índios que ameaçavam invadir o Piratini”.

A nota do Cimi afirma que “a ação militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo, cassetetes e balas de borracha, resultando em várias lideranças indígenas feridas, crianças e mulheres ficaram amedrontadas e passaram mal”.

Confira abaixo a íntegra da nota do Cimi

Nós, Missionários(as) do Conselho Indigenista Missionário Regional Sul (Cimi Sul) reunidos na XXXVII Assembléia Regional, em Laranjeiras do Sul, Paraná, repudiamos a política truculenta adotada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul (RS), Tarso Genro.

Após tentativa frustrada em conseguir apoio do MPF e outros órgãos públicos, na negociação de direitos originários dos Povos Indígenas, o Governador apostou na metodologia da ditadura militar, tentando cooptar lideranças Kaingang e Guarani com propostas de negociação dos direitos à terra tradicional desses povos. Como se isso não bastasse, no dia 30 de agosto de 2013, Tarso Genro colocou todo o aparato militar em cima da legítima mobilização indígena na luta pela garantida de seus direitos. O “governo popular” convocou o batalhão de choque para “dialogar” com as lideranças indígenas. A ação militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo, cassetetes e balas de borracha, resultando em várias lideranças indígenas feridas, crianças e mulheres ficaram amedrontadas e passaram mal.

O Estado do RS possui uma população indígena de mais de 34 mil pessoas com menos de 84 mil hectares de terra demarcada. Mesmo nos critérios do Incra, que são diferentes dos critérios da cultura indígena, não corresponde a um modulo de terra por família. Historicamente os governos estaduais não têm assumido sua responsabilidade na questão das Terras Indígenas, dando pleno prosseguimento à política de colonização. Há um conluio na linha política dos governos Dilma e Tarso, numa clara opção pelos ruralistas e pela destruição dos direitos indígenas.

O Cimi sul reitera o apoio a luta dos Povos Kaingang e Guarani na garantia de seus direitos.

 Foto:Ramiro Furquim/Sul 21

Fonte: Sul 21

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