Na Índia, alguns homens vingam-se de desilusões amorosas agredindo mulheres com produto vendido sem restrições. Compram, por centavos de dólar, frascos do produto, vendido sem controle. Usam-nos com arma letal, barata e fácil de transportar, disparada sem estampido.
Em junho, morreu em Mumbai, depois de um mês hospitalizada, a estudante de Medicina Preet Rathi (na foto), agredida numa plataforma de trem em Mumbai. O criminoso atirou-lhe um frasco de ácido e fugiu. O produto corroeu, além da pele, diversos órgãos internos.
São dezenas de casos relatados ao ano, e um número muito menor permanece oculto, segundo a Campanha e Luta contra os Ataques com Ácido a Mulheres. O problema assumiu proporções tão graves que Corte Suprema anunciou, em 9 de julho, que banirá por o comércio de ácidos sulfúrico e clorídrico, caso o governo e o Parlamento não regulamentem de imediato sua venda.
Para as ativistas da campanha, os crimes estão relacionados a algo atávico – os ciúmes – e a uma mudança na sociedade indiana.
O país vive a transição entre uma sociedade tradicional, em que as mulheres eram sempre submissas e dóceis; e a Índia contemporânea, onde elas, agora com acesso à educação e trabalho, não desejam limitar-se o antigo papel. Parte dos homens vê a mudança como um desafio a sua sexualidade, particularmente quando vivem um episódio de rejeição amorosa. E alguns transforma seu recalque em violência brutal.
O surgimento da luta contra os ataques e sua repercussão revelam que as mulheres buscam, além de inserção produtiva, construir novas relações sociais. Para conhecer o assunto em detalhes, vale ler matéria da Agência IPS (em castelhano) ou visitar “Stop Acid Attacks”, site em inglês da campanha.