Na última sexta-feira, eu e alguns companheiros da Petrobras, (sim, ainda existem na empresa pessoas nacionalistas e que entendem da geopolítica do petróleo), estivemos no Sindipetro-RJ, para assistirmos a palestra do ex-diretor da Petrobras, professor Ildo Sauer, evento este que faz parte da campanha “O Petróleo tem que ser nosso”.
Outros companheiros, entre eles o Fernando Siqueira, vice-presidente da AEPET e do Clube de Engenharia e o Paulo Metri, do site Brasil de Fato, também mostraram sua indignação com esse verdadeiro “crime de lesa-pátria”, que será a idéia do governo em realizar mais uma rodada de leilões do petróleo.
Será a 11º e que está marcada para o dia 22 de outubro vindouro, quando, pela primeira vez, será leiloado um campo da área do pré-sal, o campo de Libra, cujas reservas são estimadas entre 8 a 12 bilhões de barris recuperáveis.
Cabe lembrar que hoje nosso país possui reservas de cerca de 15 bilhões de barris e, dessa forma, a exploração do campo de Libra significa praticamente em multiplicar por dois, as reservas brasileiras de petróleo. Constitui uma riqueza de aproximadamente 2 trilhões de reais.
Com este leilão, seria inaugurada uma nova modalidade de atuação no mercado de petróleo: a venda de reservas já descobertas o que contraria o conceito de leilão do petróleo, que consiste no fato de que a empresa vencedora corre riscos, já que precisa explorar e descobrir se há petróleo, em que quantidade, se é economicamente viável, etc, etc.
Leiloar Libra, é vender um bilhete de loteria premiado, já que foi a Petrobras que gastou anos e recursos consideráveis em pesquisas que deram lugar as descobertas do pré-sal.
A maior contradição é que de acordo com o artigo 12 da lei 12.351/2010 (Lei do pré-sal), visando o interesse nacional, a Petrobras pode ser contratada diretamente pela União para exploração e produção de petróleo. Não há necessidade de fazer esta entrega às petroleiras multinacionais que, além de não terem nenhum compromisso com o nosso país, estão interessadas somente em seguir a lógica capitalista, que é explorar ao máximo, no menor tempo possível, a fim de distribuir lucros aos seus acionistas, comprometendo nosso balanço de transações correntes e consequentemente, nosso balanço de pagamentos.
Com a tendência agora inaugurada de leiloar o pré-sal, em poucos anos a Petrobras poderá deixar de ser majoritária na produção nacional de petróleo. Daí para a privatização da Petrobras, um pulo!
O objetivo do governo é licitar em 2013, 590 blocos exploratórios. Segundo a revista Brasil Energia, em todo o mundo há apenas 107 blocos sendo ofertados com a seguinte distribuição: Brasil 590; Myanmar 30; Iêmen 20; Sri Lanka 13; Equador 13; Líbano 10; Peru 9; Camarões 5; Suriname 4; Trinidad&Tobago 3.
Eu com o meu blog, estarei envolvido na luta contra os leilões do petróleo. Tenho um motivo bastante especial para isso: no início da década de 50, com meus 12 anos, tive oportunidade de ao acompanhar meu avô às reuniões do Clube Militar, assistir as discussões ali empreendidas, acerca da criação da Petrobras.
Meu avô era um oficial do exército extremamente nacionalista, que junto com o Horta Barbosa, com general Cardoso, pai do FHC e outros nacionalistas, estava envolvido na campanha “O Petróleo é nosso”, à frente da qual estava também a UNE. Por falar nisso, será que hoje não existem mais oficiais nacionalistas? Cadê a UNE? Está preocupada só com carteirinha de estudantes?
Para terminar, conclamo a todos se informarem sobre os leilões do petróleo através da mídia alternativa, já que a grande imprensa está preocupada em defender as multinacionais e o capital financeiro internacional e empresas à elas ligadas, grandes anunciantes dessa imprensa.
Cabe a nós da blogosfera, os movimentos sociais e sindicatos, tentar barrar este ato de entreguismo, que será o leilão do campo de Libra.