No mês de maio deste ano (2013), fui atropelada de bicicleta por um carro que invadiu a ciclovia, na Humberto de Campos. Por muita sorte, não aconteceu nada grave, só escoriações e algumas partes roxas, mas uma delas ainda persiste no meu corpo.
Alguns dias depois, outro ciclista foi atropelado, também na ciclofaixa. Um mês depois (junho/2013), outro amigo meu, Charles, foi jogado pra fora da pista por um ônibus, na rua Itajaí, que sequer parou para atendê-lo. O diretor social da ABC Ciclovias (Wilberto Boos) que pedala há quase 30 anos pelas ruas de Blumenau, foi atropelado esse mês (julho/2013) na ciclofaixa da rua Joinville.
A minha indignação e de muitos outros é o descaso com que esse assunto vem sendo tratado: tanto por parte do executivo municipal, que vem atrasando a implantação de fiscalização eletrônica, quanto por parte do legislativo, que não faz qualquer cobrança. Nem ao menos tentam pensar outras alternativas, como a colocação de lombadas físicas para reduzir a velocidade em áreas críticas, que sabemos ser possível pelo art. 94 do Código de Trânsito e pela Resolução 39/98 do CONTRAN. E não venham com a velha desculpa de que lombadas causam danos aos veículos, porque chega de proteger os carros em detrimento de pessoas. Eu preciso dizer aqui que uma vida vale mais do que um carro danificado?
Já que Blumenau gosta tanto de se comparar à Europa, deveria tomar como exemplo o que países como Inglaterra, Alemanha, Holanda, Dinamarca, entre outros, vem adotando de medidas moderadoras de tráfego, conhecidas como traffic calming. São medidas físicas desenvolvidas para controlar a velocidade e induzir os motoristas a um modo de dirigir mais apropriado à segurança e ao meio ambiente – dentre elas está a instalação de lombadas físicas/ondulações, priorizando também a constituição de espaços mais humanizados, aí entrado também as ciclovias, para estimular o uso de bicicletas.
A BHTrans produziu e divulgou um Manual de Medidas Moderadoras de Tráfego, apresentado detalhes de exemplos práticos e recomendações para a implantação de medidas de traffic calming baseados na experiência de países europeus e da Austrália. Existem várias ações e, segundo o manual, os melhores resultados em termos de criação de uma atmosfera calma e segura são obtidos quando várias medidas de traffic calming são combinadas. Claro que não se pode deixar de manter também um programa permanente de educação, conscientização e humanização no trânsito.
Em Blumenau, o desespero está em saber que mais pessoas irão morrer não só por imprudência de motoristas, mas também por falta de medidas do poder público (nos últimos 5 anos foram 190 mortes). Quantas vidas mais serão ceifadas até que as autoridades tomem providências efetivas? Enquanto isso, nas ruas de Blumenau, que se salve quem puder.
dvogada e procuradora municipal.
Entre viagens, fotografias e ciclismo, busca pensar e agir baseada numa perspectiva libertária. Publica sus artigos em http://www.blumenews.com.br/site/index.php/capa/item/6612-nas-ruas-de-blumenau-salve-se-quem-puder
George!
Concordo com você, a fiscalização eletrônica é só um paliativo sim, pois se trata de uma medida meramente punitiva. Tanto que defendo o investimento em espaços mais humanizados, com a efetivação de medidas traffic calm (lombadas físicas, árvores com ciclovias no entorno das vias públicas, etc). Mas sem dúvida, as campanhas de educação no trânsito são por demais importantes para que tenhamos humanização no trânsito.
Agradecida pelo feedback!
Sally.
Sally, um dia observando o comportamento humano no trânsito cheguei a uma conclusão bastante óbvia e que, creio eu, muitos chegaram. Quanto maior a fiscalização eletrônica, mais selvagem são os motoristas daquela região. Isto não quer dizer que tirar a fiscalização eletrônica vai gerar consciência. Tenho plena certeza de que para um povo bárbaro no trânsito são necessárias medidas urgentes, mesmo que sejam paliativas, mas que reduzam as tristes estatísticas. Sou a favor da volta e até de maior número de radares eletrônicos, pois quase todos os dias vejo alguém furar um sinal, tanto transporte particular quanto público. Obviamente, a médio e longo prazo, campanhas mais efetivas para conscientização. Vamos nos manifestar.