São Paulo – Começa na próxima segunda-feira (29) a segunda etapa do julgamento dos policiais acusados do massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992. Assim como na primeira etapa, serão 26 os PMs levados a júri. Seriam 30, mas três já morreram e um deles não será julgado sob alegação de insanidade mental. Atualmente, nove dos acusados estão na ativa.
Entre 15 e 21 de abril, os primeiro 26 policiais que atuaram no segundo pavimento do Carandiru foram julgados e 23 condenados a 156 anos cada. Eles irão aguardar os recursos em liberdade. Cinco deles ainda atuam na Polícia Militar e continuam prestando serviços normalmente.
Segundo os promotores Eduardo Olavo Canto e Fernando Pereira Filho, responsáveis pela acusação, as provas, que dizem respeito ao terceiro pavimento do pavilhão 9, são irrefutáveis e contundentes. “É interessante destacar a existência, neste bloco de julgamentos, de provas materiais ainda mais evidentes (do que no primeiro julgamento) e que reforçam a ocorrência do massacre sob a responsabilidade dessa tropa”, esclarece Silva.
“Não só a quantidade de tiros demonstra claramente um excesso criminoso patente. Além dos tiros nas vítimas, temos os disparos efetuados dentro das celas em rajadas por diversas vezes, segundo a perícia”, acrescenta o promotor Canto. “Foram mais de trezentos disparos, contando os que atingiram as vítimas e os que atingiram as paredes.” Ele chama a atenção para um fato que ambos os acusadores consideram uma particularidade importante do caso. “Esse é um julgamento ideológico”, diz Canto.
“Assim como no primeiro julgamento, uma preocupação nossa diz respeito à questão ideológica que permeia esse júri. Muitas pessoas às vezes acham equivocadamente que o criminoso condenado não é um ser humano, que a vida dele não vale nada”, acrescenta Silva. “Esperamos que o jurado convocado para esse julgamento venha com isenção de ânimos e para avaliar o quer for exposto, e possa decidir sem esse preconceito.”
A pena mínima para o homicídio qualificado é de 12 anos. “A projeção de pena pode ser dada como 12 anos vezes 73 mortos, mas é uma projeção pura e simples. Não podemos prever”, afirma Silva.
No total, foram 78 as mortes no terceiro pavimento. Cinco delas são imputadas exclusivamente a um policial, na época um tenente coronel, comandante do Terceiro Batalhão de Choque, que terá um julgamento em separado. A tropa que será julgada a partir de segunda-feira era de policiais integrantes do Primeiro Batalhão de Choque da Rota.
Eduardo Olavo Canto ressalta que “não se trata de um julgamento da instituição Polícia Militar, mas de alguns maus policiais”.
Fonte: Rede Brasil Atual