Marin se nega a mencionar Herzog e diz que não tem nada a fazer na Comissão da Verdade

José Maria Marin
José Maria Marin

 

Por Júlio César Guimarães.*

José Maria Marin, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), se recusou a sequer citar o nome de Vladimir Herzog. Em entrevista à rádio Bandeirantes, o cartola ainda disse que não foi à Comissão da Verdade por entender que não tem nada a declarar sobre a morte do jornalista, em 1975.

“Eu nunca mencionei esse nome e não vou mencionar agora. Nunca mencionei esse dado. Foi um aparte dado que se demorou dois minutos. Sobre isso, eu não tenho nada que fazer em nenhuma comissão. É um fato que não tem nada que ver com esse noticiário. Ocorreu em 1975”, disse Marin.

A referência à comissão se deve ao fato de que o presidente da CBF foi convidado a depor na Comissão da Verdade de São Paulo, que apura crimes cometidos na ditadura, na última terça. Marin, no entanto, alegou problemas de agenda e recusou-se a participar da apuração.

Em 1975, em um discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo, o então deputado estadual Marin condenou a “comunização” da TV Cultura. O diretor de jornalismo da emissora na época era Vladimir Herzog, torturado e morto pela ditadura 16 dias depois em São Paulo.

Desde que os discursos de vieram à tona, Marin tem sido muito questionado por sua relação com os militares nos anos de chumbo. Por conta do passado de apoio do cartola à ditadura, a presidente Dilma Rousseff nunca o recebeu em conferência pessoal. Ele, no entanto, nega qualquer problema com o Governo Federal.

“Eu desconheço tudo que você falou. Tenho o maior e mais profundo respeito pela presidente. Não há nenhum motivo de eu ter [problema com ela], Nossa Senhora. Tenho recebido a melhor atenção por parte do ministro Aldo Rebelo. Nunca houve nada entre mim e o ministro. Muita coisa é plantada na imprensa. Não posso passar o dia inteiro desmentindo coisas não verdadeiras”, disse Marin.

O presidente da CBF trata praticamente todas as acusações que recebe como calúnias, e promete reagir. Durante a entrevista, um dos momentos de maior exaltação do cartola foi quando ele foi questionado sobre a postura do hoje deputado federal Romário, muito crítico à sua gestão à frente da entidade.

Outros trechos da entrevista de Marin a Rádio Bandeirantes

 “Quem falou que não pode processar? Imunidade é relativa, eu fui deputado por oito anos. Imunidade não é para atacar a honra pessoal. Tem processo criminal e por danos [contra Romário]. Por ele estar na Justiça, não vamos discutir, mas toda mentira será discutida na Justiça, tenho vários processos e tenho certeza que vão haver condenações”, disse José Maria Marin.

*Do UOL, em Goiânia.

Fonte: UOL

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