Belo Monte: Os custos da obra mais cara do Brasil

De Piovan.
De Piovan.

Por Idelber Avelar.

Está na hora de vocês atualizarem a conta que estão pagando pela obra mais cara da história do Brasil, aquela feita à base de porrete em cima de índio. Agora é oficial: os custos de Belo Monte, que vocês pagam, ultrapassaram os R$ 30 bilhões (http://bit.ly/YCCWaT). É o número que eu adiantava um ano e meio atrás (http://bit.ly/15cfiHa). Como sempre nesse tema, a matéria do Estadão é docílima com o governo, colocando a culpa do aumento de custos nas ocupações indígenas e greves de trabalhadores, e omitindo o fato de que os custos se multiplicam há tempos, muito antes de que houvesse greves e ocupações.

Mas há outras coisas que você deve saber sobre essa conta. A manchete do Estadão é enganosa ao dizer “Orçado em R$ 16 bilhões”. Você pensará: “puxa, o custo dobrou, hein?” Não, ele não dobrou. Ele SEPTUPLICOU. Na verdade, R$ 13,8 bilhões é o valor do contrato fechado pelo Consórcio Belo Monte com a Norte Energia em agosto de 2011 (http://bit.ly/19f2Jre). Mas, no momento em que Dilma Rousseff, chegando à Casa Civil, em 2005, tira da gaveta o projeto da ditadura militar, o orçamento era R$ 4,5 bilhões. Portanto, o curso quase septuplicou. E vai subir mais. E não é por culpa dos índios.

Como explica Célio Berman, o BNDES se dispôs a financiar 80% do custo total mas, para que o banco aprovasse essa participação, foi necessário que a Eletrobrás garantisse a compra de 20% da energia a ser produzida a um preço de R$ 130/MWh, cerca de 70% superior à tarifa definida no leilão. Mas não para aí. Se você for à página 29 deste PDF de 2011 (http://bit.ly/19f33WI), verá que a taxa de juros cobrada pelo BNDES é 50% inferior à fixada naquele momento pelo Conselho Monetário Nacional. E o prazo de pagamento é o maior da história.

Não custa lembrar que a Camargo Corrêa e a Odebrecht não quiseram ser investidoras e optaram por ser apenas empreiteiras. É o nosso velho capitalismo risco zero. A pergunta que você deve colocar ao seu governista favorito é: se é tão bom assim, por que os capitalistas não querem fazer? Por que é você quem deve pagar a conta?

Será que é porque tudo isso é necessário para que você tenha a sua lâmpada funcionando aí? Errado de novo. Como mostrava em 2009 outra das maiores autoridades brasileiras no assunto, Oswaldo Sevá (http://bit.ly/19f46pE), “já estão instaladas ali por perto do projeto Belo Monte, entre o leste do Pará e a metade Oeste do Maranhão: a maior mina de bauxita do mundo (MRN, em Oriximiná) e está sendo aberta a segunda maior (Jurutis, perto de Santarém), a maior fabrica de alumina, Alunorte, na região de Abaetetuba, no baixo Tocantins, as duas maiores fundições de alumínio, a Albrás também em Abaetetuba e a Alumar, na Ilha de São Luis, Maranhão, mais a maior concentração de grandes minas metálicas do mundo atual, nas Serras de Carajás”.

Quase todas essas empresas são estrangeiras ou de maioria estrangeira, mas isso Aldo Rebelo e seus pseudonacionalistas não lhe dizem quando tentam mobilizar nacionalismo cego contra ambientalistas internacionais que se solidarizam com os índios.

Belo Monte não é, então, só para pagar dívida de campanha com empreiteiras. Também é para vender à China lingotes de alumínio feitos a partir da bauxita, processada com quantidades obscenas de energia elétrica. Esqueça então, o fim da navegabilidade da Volta Grande do Xingu (http://glo.bo/19f6EnN), as redes de tráfico humano (http://bit.ly/19f6Jbd), a multiplicação da violência sexual contra crianças e adolescentes na região (http://bit.ly/19f6Tz8), a destruição da vida de ribeirinhos e indígenas (http://bit.ly/19f7alO) e lembre-se deste fato: a conta que você está pagando para isso já é bem, bem maior que o DOBRO de todo o orçamento do estado do Amazonas para 2013 (http://bit.ly/19f5cSu).

Fonte: https://www.facebook.com/idelber.avelar/posts/10151496685527713

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