Eu quero um livro

carolaPor Carola Chávez.

(Português/Español).

Quase ninguém dá livros de presente no Natal. A verdade é que quase ninguém dá livros de presente e ponto final.

É que tem telefones celulares que servem para todo, até para falar no telefone. Tem videogames que te deixam ser assassino por um tempo para depois voltar a ser uma boa pessoa como se nada tivessse acontecido. Tem sapatos perecíveis, que se você não os presenteia hoje, amanhã estarão fora da moda. Tem óculos de sol que custam o olho da cara. Tem anéis de diamantes para tirá-los da caixa, suspirar e pô-los de novo na sua caixa pelo risco de que te arranquem o dedo e, de passagem o anel. Tem relógios caríssimos que embora só mostrem a hora, o fazem com distância e categoria.

Tem bombons que se comem em ocasiões especiais que nunca parecem chegar…

Tem gravatas para o papai, para quem nunca sabemos o que comprar. Tem perfumes para que mamãe cheire como a senhora do lado.

Tem brinquedos que jogam sozinhos enquanto as crianças os olham querendo brincar. Tem bonecas com peitos impossíveis para futuras viciadas em silicones. Tem armas coloridas que disparam com as suas balas de borrachas a horrenda mentira de que as armas podem ser brinquedos inofensivos.

Milhões de presentes made in China, originais e imitações, feitos para ninguém em especial e que todos compram pensando “nesse alguém tão especial”.

Toneladas de presentes que em poucos meses serão objetos caducos que ocupam espaço nas  gavetas e na lembrança, até que sejam esquecidos em baixo de outro presente de outro natal…

E tem livros: o presente mais bonito e menos presenteado.

Será porque o papel é só papel. Será porque não têm diamantes de bijuteria incrustados. Será porque não tem marcas boas, senão bons autores. Será que não dá para pendurá-lo como um colar para matar a inveja numa festa. Será porque não cheiram a rosas com sândalo e casca de limão a não ser que você o leia. Será porque sempre estão na moda e na moda só vale o que, num dia próximo, deixará de ficar na moda.

Eu não quero ficar na moda, não quero saltos que doam enquanto murcham meus pés, não quero matar ninguém numa TV de tela plana. Não quero perfumes que não cheiram a mim. Não quero óculos de sol que cubram meus pés-de-galinha de leitora míope.

 Só quero um livro de alguém que enquanto escreva, mesmo sem saber, estava pensando em mim.

 Tradução: América Latina Palavra Viva.

Yo quiero un libro

Por Carola Chávez.

Casi nadie regala libros por navidad. La verdad es que casi nadie regala libros y punto.

Es que hay teléfonos celulares que sirven para todo, hasta para hablar por teléfono. Hay videos juegos que te dejan ser asesino por un rato para luego volver a ser una buena persona como si nada. Hay zapatos perecederos, que si no los regalas hoy, mañana estarán pasados de moda. Hay lentes de sol que cuestan un ojo de la cara. Hay anillos de diamantes para sacarlos de la caja, mirarlos, suspirar y ponerlos de nuevo en su caja a riesgo de que te arranquen el dedo y, de paso, el anillo. Hay relojes carísimos que aunque sólo dan la hora, lo hacen con distancia y categoría.

Hay bombones que se comen en ocasiones especiales que nunca parecen llegar…

Hay corbatas para papá, a quien nunca sabemos que darle. Hay perfumes para que mamá huela como señora de al lado.

Hay juguetes que juegan solos mientras los niños los miran queriendo jugar. Hay muñecas con tetas imposibles para futuras adictas a las siliconas. Hay pistolas de colores que disparan con sus balas de goma la horrenda mentira de que las armas pueden ser juguetes inofensivos.

Millones de regalos made in China, originales e imitaciones, hechos para nadie en particular y que todos compran pensando en ‘’ese alguien tan especial’’.

Toneladas de regalos que en pocos meses serán objetos caducos ocupando espacio en las gavetas y en el recuerdo, hasta que se olvidan debajo de otro regalo de otra navidad…

Y hay libros: el regalo más bonito y menos regalado.

Será porque el papel es sólo papel. Será porque no tienen diamantes de bisutería incrustados en ninguna parte. Será porque no hay marcas buenas sino buenos autores. Será que se pueden comprar por menos de lo que cuesta un paquetico de chicle bomba. Será que no te lo puedes colgar como un collar para matar de la envidia a todos en una fiesta. Será porque no huelen a rosas de la china con sándalo y cáscara de limón a menos que lo leas. Será porque no pasan de moda y en la moda sólo vale lo que, un día cercano, dejará de estar de moda.

Yo no quiero estar a la moda, yo no quiero bisutería, yo no quiero tacones que duelan mientras se marchitan en mis pies, no quiero matar a nadie en una tele pantalla plana. No quiero perfumes que no huelan a mí. No quiero lentes de sol que tapen mis patas de gallo de lectora miope.

Sólo quiero un libro de alguien que mientras escribía, aún sin saberlo, estaba pensando en mí.

Fuente: http://www.aporrea.org/educacion/a69185.html

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.