Por Leda Malysz.
Às vésperas do Dia Mundial do Teatro, comemorado hoje, reunidos Casa de Teatro do grupo Armação, ao lado da Praça XV, integrantes dos três mais antigos grupos da cidade – Armação, O Dromedário Loquaz e Teatro Sim Por que Não?! – relembram as venturas e agruras da profissão ainda tão mal paga e sempre tão essencial para a sociedade. “O que seria de um povo se ele não aprendesse a sonhar, trabalhar a imaginação, a possibilidade do sonho e superação?. Um povo incapaz de imaginar, não tem destino. As empresas, para terem inovação, precisam de pessoas capazes de recriar realidades com sonho e imaginação. Na verdade, as empresas e governos deveriam buscar pelo teatro, e não nós a eles”, aponta Nazareno Pereira, do Teatro Sim Por que Não?!.
No entanto, Zica Vieira, do Grupo Armação, formado em 1972, já ouviu a seguinte frase de um secretário de educação. “Financiar por quê, se teatro não dá voto?”. Mas a graça da atividade, conta Zica, é justamente ultrapassar a desgraça e levar, a todo custo, a peça ao palco.
Edio Nunes, um dos precursores do fazer teatro em Florianópolis, num tempo que, socialmente, atores eram veados e atrizes prostitutas, também defende o ofício. “Conheci um mundo novo. Com o teatro aprendi a romper com tabus, preconceitos. Descobri a vida em grupo. Do coletivo ser mais importante que o individual. Os parâmetros são outros”.
Das trupes presentes, apenas a do Armação conta com sede. Os oito integrantes do Dromedário alternam locais de ensaio assim como o Teatro Sim Porque Não?!, de 12 integrantes, e nenhum dos grupos fornece remuneração para os integrantes. Desafios que não impedem a atividade: Zica cita a peça de metalinguagem “Um Grito Parado no Ar”, de Paulo Rocha e lembra: tudo pode estar um caos alguns segundos antes de a cortina abrir. “Mas o público verá o essencial do especial que se alcançou, com a completa doação de cada um”. Júlio Maurício completa: “é uma ponta mesmo. A base de todo teatro é muito ensaio, ensaio, suor e ensaio”.
Uma vida repleta de redescobertas. “Cada espetáculo é um pulo no escuro. O quanto ele é revolucionário, a idéia está clara ou o público consegue assimilar a gente vai saber apenas na estréia. Dói, dói mesmo. Eu sofro com a construção de um personagem, as escolhas de entonação, de toda sua composição”, conta Nazareno, que lembra com emoção os sete minutos de aplausos na estréia de “E o Céu Uniu Dois Corações”. “Naquele momento tudo se justifica”.
Comemoração é hoje no Centro
O Dia Mundial do Teatro, criado em 1961 em marco á data de inauguração do Teatro das Nações, em Paris, será comemorado com um cortejo coletivo hoje à tarde no Centro da Cidade. Com acompanhamento da Banda da Lapa, do Ribeirão da Ilha, o Coletivo Circo Floripa e todos integrantes e admiradores do fazer circo e teatro que quiserem participar, partem às 18h do Forte Santa Bárbara, seguem pelo Largo da Alfândega, Felipe Schimidt, Praça XV de Novembro, Largo da Catedral e retornam ao Forte Santa Bárbara.
O quê: cortejo Dia Mundial do Teatro e Dia Nacional do Circo
Quando: Hoje, 18h
Onde: partida do Forte Santa Bárbara, Centro, Florianópolis
Quanto: Gratuito
Fonte: ND online