Por Marino Mondek.
O mural (CED-UFSC) da foto pintado há 15 anos em homenagem ao Willian Araujo Barbosa que morreu eletrocutado e indigente, por conta de uma série de descasos do Estado, foi feito por um setor que lutou para que a universidade seja um lugar aberto e seguro onde as pessoas possam socializar sua cultura. Hoje, com a reitoria que se diz a mais “progressista” dos últimos anos, a segurança do Campus e a Polícia Militar expulsam essas pessoas por estarem apenas exercendo o direito de brincar.
Relato e questiono aqui fatos que ocorreram no domingo, dia 24 de março de 2013 na Universidade Federal de Santa Catarina.
Por volta das 15h, a Polícia Militar entra no Campus Trindade da UFSC para acabar com a brincadeira de pipa que está acontecendo desde o começo da tarde, após um chamado da Segurança do Campus, que não deu conta de conter as pessoas que estavam brincando. A sucessão dos fatos a seguir é difícil de relatar, pois considero um episódio sem precedentes na minha vida acadêmica. A segurança e a Polícia Militar, com uma total falta de compreensão do que significa o respeito e a integridade humana, começou a tirar as crianças e jovens (7 a 20 poucos anos) que estavam brincando no campus.
Começaram tirando a galera que estava próxima ao CED (prédio que está o mural acima)/CFM, depois vieram à Praça da Cidadania. O argumento da polícia era: são vagabundos. O da segurança do Campus: não têm autorização para brincar. Depois de tirarem essas pessoas da praça, depredando e confiscando pipas, bambus e rolos de barbante como se fossem armas, o grupo seguiu para o estacionamento ao lado do antigo RU – Restaurante Universitário.
Depois de fazer algumas fotos que foram postadas no Facebook, tentei filmar a possível truculência da polícia. Quando cheguei, a polícia veio pelo outro lado, jogando o carro em cima de crianças de menos de 10 anos e passando em cima dos brinquedos. Continuei filmando até a chegada de um segundo carro de polícia, uma S10, que trazia policiais apontando a arma para o grupo. Sempre pensei que não ia acontecer comigo, mas quando esse segundo carro chegou, um policial, que estava desde o começo da “operação”, veio pra cima de mim. Recuei, ainda com o celular filmando. O outro PM veio, a menos de cinco metros de mim, apontou a arma pra minha cabeça e o primeiro falou: “pra parede seu merda, vagabundo.” Pensei: “fui preso”. Depois de uma “geral”, fui duramente repreendido pela segurança do Campus. Nesse momento, chegou mais um companheiro e duas companheiras e começaram a debater o assunto. Depois da trocas de insultos e me pedirem “com gentileza” – sem arma na minha cabeça, mas com a mão na pistola- para que eu apagasse o vídeo do celular, apaguei. Eles ainda rondaram dentro da UFSC por cerca de meia hora, até o grupo que estava brincando de da pipa dispersar.
Esse texto não é para relatar o terror psicológico ao qual foi submetido um estudante, mas sim como o Estado e a Universidade lidam com a disputa do Povo por um espaço na sociedade.
Parto do princípio que a maior função de uma universidade pública é cumprir o papel de pensar e construir soluções para os conflitos sociais. Quando chegamos ao ponto da universidade precisar chamar a polícia (órgão que tem apenas a função de reprimir) para mediar esses conflitos, ela expressa sua total falência. Onde deveria ser construído o dialogo é construída a repressão.
Os setores populares veem a universidade como um local cheio de prédios, nada além disso e com a entrada da polícia no campus, expulsamos duramente quem mais deveria se beneficiar com esse espaço e, de quebra, perdemos nossa maior contribuição a essa e às demais camadas sociais, nossa autonomia e liberdade para pensar e resolver os problemas da sociedade.
Pergunto:
Qual a posição da Reitoria em relação a isso?
Quando a universidade vai sair de sua bolha, subir o morro e abordar os conflitos sociais?
Até quando o único órgão público que chega a essas pessoas será a polícia?
Até quando perderemos nossa autonomia de pensamento e expressão em nome de uma suposta segurança, que mais nos reprime do que nos liberta?
Mais leitura sobre este tema: http://www.notaderodape.com.
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Pois deram um jeito na situação, o mural não existe mais, hahaha