Dez anos depois, o que aconteceu com o Iraque?

Por Peter Harling e Hamid Yasin.

Depois de aterrorizantes violências que destruíram centenas de milhares de vidas e não deixaram quase ninguém sem uma história trágica para contar, o Iraque se instala numa nova normalidade, mas sem tomar uma direção compreensível nem permitir aos iraquianos ter uma projeção do futuro. “Como contar o que houve nos dez últimos anos?”, pergunta-se um romancista que está justamente tentando fazer isso. “O problema não é o ponto de partida, mas o de chegada. Para escrever a história da Guerra da Argélia, foi preciso esperar que ela acabasse. Aqui, ainda estamos em uma sucessão de acontecimentos cujo fim não conseguimos ver.” A própria estrutura do seu livro em andamento, no qual cada capítulo situa a narrativa em relação aos fatos de um ano em particular, o torna tributário de um sistema político que não para de alimentar o suspense.

bagda

Uma década depois da invasão norte-americana que pôs fim ao reinado de Saddam Hussein, o Iraque continua em crise. Mas, para perceber isso, Bagdá é o último lugar que se deve visitar. Os atentados sangrentos, sem os quais esse país deixaria de existir na mídia, por assim dizer, são muito mais raros do que há alguns anos, quando a resistência diante da ocupação e as milícias religiosas faziam grande uso de carros explosivos, camicases e outras bombas de todo tipo.

O trânsito, que se tornou um pesadelo por causa da proliferação dos check-pointse dos muros de concreto, melhorou. Os iraquianos que, principalmente em 2006, tinham fugido da violência e se refugiado do Curdistão ou fora das fronteiras voltaram em bom número. Os que “colaboraram” com os Estados Unidos reencontram um lugar normal na sociedade. O alto custo de vida não impede que novos contingentes de beneficiários do maná petroleiro se entreguem a um consumo frenético. A atividade também parece mais intensa nas ruas comerciais do que nos bastidores do mundo político, onde todo tipo de figura parece abordar o último conflito em pauta com uma indiferença típica de quem está acostumado.

O primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, viu seus críticos se multiplicarem à medida que se impunha como o homem forte do país. Seu braço de ferro com a liderança curda, que domina o nordeste do Iraque, sobre a partilha dos lucros petroleiros e a atribuição de territórios disputados1 foi de grande utilidade para que ele obtivesse apoio da população árabe, tanto xiita como sunita, posando como o defensor de seus interesses e, de modo mais geral, como o defensor da integridade nacional. No entanto, ele abusou do argumento do “terrorismo” para afastar do poder políticos como Rafi’ al-Isawi, o adjunto sunita ligado a um governo xiita em um sistema político que repousa sobre a repartição etnoconfessional dos cargos. Uma vasta mobilização popular desde então uniu o mundo sunita contra ele, e a multiplicação das manifestações acabou forçando as figuras políticas cooptadas por Al-Maliki a se dissociarem dele.

Quase mecanicamente, a decorrência disso foi uma crispação de identidade xiita, em uma sociedade que ainda vive sob o choque das violências interconfessionais ocorridas particularmente entre 2006 e 2008. Por causa disso, Al-Maliki não conta apenas com aliados numa esfera xiita pluralista,2 pois seu poder pessoal aumenta ao diminuir a influência de seus rivais, como vasos que se comunicam.

O primeiro-ministro se encontrou assim espantosamente isolado ? frágil perante os curdos, levado em direção a um jogo sectário e ao mesmo tempo incerto a respeito de suas bases comunitárias, das quais procurou se distanciar ao lançar mão da carta do nacionalismo. Apesar disso, ele ainda tem algumas vantagens: o controle dos recursos estatais; a incapacidade de seus diferentes adversários entrarem num acordo sobre um sucessor; uma curiosa concordância norte-americana-iraniana sobre a estabilidade antes de mais nada (uns querendo esquecer seus arrependimentos no Iraque e outros temendo agravar suas perdas na Síria); a lei de ferro do oportunismo cínico que estrutura o sistema político e talvez seja seu principal fator; e um grande cansaço popular que poderia fazer a mobilização se esgotar.

Uma paródia dos Estados Unidos

Em contrapartida, um confronto é possível dada a intensidade das frustrações no mundo sunita, a polarização sectária que ressurge e as deficiências ao mesmo tempo materiais e morais de um aparelho de segurança inapto para a contrainsurreição e desprovido de uma legitimidade nacional. Não se deve descartar uma situação de vazio político na qual Al-Maliki seria paralisado ou até mesmo forçado a sair sem acordo sobre sua sucessão.

A natureza do regime político ainda permanece indefinida. O primeiro-ministro coloca em ação uma lógica que seus adversários não cansam de denunciar como sendo autoritária, ao concentrar os poderes executivos, a ponto de um simples pedido de visto poder transitar por seus gabinetes. Seu estilo de homem providencial e viril se inscreve numa longa tradição à qual os iraquianos ainda são sensíveis. Sob sua responsabilidade, os abusos contra os direitos humanos repetem uma gramática que emprega a sintaxe infernal do antigo regime. Mas ele enfrenta, apesar de tudo, um pluralismo hoje bem instalado, que torna quase ilusória qualquer ambição tirânica.

O poder de Al-Maliki, ao mesmo tempo, se opõe ao surgimento de um verdadeiro parlamentarismo e se apoia na ambiguidade das regras do jogo político como base de uma redistribuição fluida dos recursos e das alianças, num clima de conflito permanente. Para o ex-vice-presidente Adel Abdul Mahdi, “não se pode mais imaginar um sistema no qual uma seita, um partido ou um homem reinam. Os sunitas tentaram, os xiitas podem fazer a mesma coisa, mas não vai funcionar. Nesse estágio também não se pode objetivar um sistema que repouse sobre uma cidadania sem religião. O pluralismo, a descentralização e até mesmo o federalismo são inevitáveis na fase atual. É preciso, então, um sistema parlamentar. Mas hoje não temos nenhum sistema em particular. As instituições funcionam mal e a Constituição não é aplicada de fato”.

Essa situação é uma das duas dimensões fortemente determinantes do legado norte-americano no Iraque. Entre uma invasão concebida como uma “manipulação cirúrgica” sem responsabilidades adjacentes e a retirada acelerada desejada pelo presidente Barack Obama (destinada a encerrar o mais rápido possível os acordos malogrados de seu predecessor George W. Bush), assistimos a alguns anos de engenharia política que mereceria, no máximo, o nome de gambiarra. Passemos pelos pecados originais: criminalização e desmantelamento integral das estruturas do antigo regime, concepção sectária do sistema político, promoção exclusiva de políticos exilados desligados da sociedade, negociação nos bastidores de uma Constituição que refletia um acordo entre xiitas e curdos em detrimento dos sunitas, e multiplicação das eleições consagrando a marginalização destes últimos.

Todos esses equívocos poderiam ter sido corrigidos, mas os Estados Unidos pecaram principalmente por omissão. Sua retirada se deu, contrariamente aos objetivos que eles mesmos tinham fixado, sem nenhum acordo sobre todas as questões que vão assombrar o Iraque por muito tempo ainda: a revisão da Constituição, a alocação dos territórios disputados, a divisão dos recursos, as relações entre o poder central e as províncias, as prerrogativas do primeiro-ministro, a institucionalização das forças de oposição, o funcionamento interno do Parlamento, a estrutura do aparelho repressivo etc. Tudo ainda está por negociar e renegociar, de crise política em crise política. Essa indeterminação está, por fim, perfeitamente interiorizada pelas pessoas responsáveis. “Os problemas que atravessamos são a expressão normal de circunstâncias anormais”, resume um conselheiro próximo de Al-Maliki. “Nós continuaremos nosso processo de transição.”

O segundo fator da herança norte-americana diz respeito à construção da identidade, vacilante e incompleta, na qual os iraquianos estão provisoriamente enredados. Projetando uma visão rudimentar da sociedade, impondo aos iraquianos conceitos grosseiros de baasismo, “saddamismo”, terrorismo, sectarismo ou tribalismo, e armando uma construção política fundada nesses clichês, os Estados Unidos fizeram do Iraque uma paródia de si mesmos.3 Esse fenômeno evoca o efeito performativo de um imaginário colonial, mesmo que a invasão norte-americana nunca tenha tido a vocação de “colonizar”.

Foi ao tratar os sunitas como se fossem todos partidários de Saddam Hussein que o ocupante os reuniu contra ele e os marginalizou no sistema político, levando-os a sentir falta de uma era na qual, no entanto, eles também tinham sofrido. Na cena xiita, além disso, os norte-americanos quiseram ver “bons” e “maus”, agravando uma simples diferença de classe ao alienar o movimento proletário conhecido como “sadrista”,4 acusado erroneamente de ser um aliado de Teerã. Os curdos apareceram como aliados naturais, reforçando sua autonomia e suas ambições nos territórios disputados.

Os iraquianos continuam, em parte, prisioneiros de uma imagem deles mesmos moldada pelos Estados Unidos e que os norte-americanos deixaram atrás de si. De fato, as identidades que se mostram mais ostensivamente são frequentemente caricaturais. Os islamitas de todo tipo proclamam seus pertencimentos específicos por seu estilo capilar – barba curta ou longa, com ou sem bigode, e cabelos rapados ou não. Os soldados e os policiais mantiveram de seus “parceiros” uma preocupação vaidosa com seu “look”, o que, na moda iraquiana, se traduz principalmente por joelheiras usadas sistematicamente nos tornozelos. Quase todos os bairros de Bagdá carregam uma abundância de marcas identitárias – retratos de mártires, bandeiras e grafites – que anunciam sem ambiguidade possível sua cor comunitária, agora homogênea. As instituições estatais não estão, infelizmente, a salvo de tal fenômeno, em um país onde os símbolos nacionais são eclipsados por emblemas mais particularistas. Estandartes xiitas também tremulam sobre a maioria dos check pointsda capital.

Reforço dos preconceitos

Os discursos são marcados por uma mesma extroversão do sectarismo, que antes de 2003 não estava ausente da sociedade, mas do espaço público. Os preconceitos recíprocos se expressam agora abertamente. Longe dos intermináveis discursos convencionais sustentados outrora sobre a fraternidade nacional, um interlocutor tomado ao acaso não levará mais que alguns minutos para derrubar as máscaras, acusar os manifestantes no oeste do Iraque de serem uma mistura de baasistas, membros da Al-Qaeda e agentes infiltrados e decretar que “cada era tem o seu homem, e agora cabe a nós, xiitas, reinar”. As bandeiras e os cantos da oposição não o contradizem, já que mobilizaram no início referências ligadas ao antigo regime, a uma cultura jihadista e ao espírito de revanche confessional. Frequentemente esse repertório está menos relacionado com a profissão de fé do que com a provocação gratuita, mas pouco importa: as declarações identitárias tanto de uns como de outros confirmam e reforçam as ideias prontas de cada um.

E, no entanto, num espaço público saturado de um imaginário de clichês de bons sentimentos, os elementos que recordam os emaranhados identitários iraquianos são abundantes. Encontramos assim um grupo de jovens que se encontra toda noite em conversas por vezes sectárias, constituído por uma mistura solidária de sunitas, xiitas e curdos. Um fotógrafo que teve de fugir das violências de 2006 e se refugiar num bairro exclusivamente xiita e se mantém mais explicitamente ateu do que nunca. Um médico xiita conta seu calvário nas mãos de uma milícia da mesma religião, enquanto um colega sunita se lembra dos riscos que corria ao pegar as estradas controladas pela Al-Qaeda. Em alguns casos, as lógicas de classe social ainda transcendem os reflexos comunitários e, até os dias de hoje, a prática dos casamentos mistos não desapareceu por completo.

Encarnação do abismo entre os discursos bonitos e as práticas efetivas, um homem de negócios praticante do sunismo paroxístico, que conclama as manifestações a se tornarem plenamente sectárias e especialmente violentas, não se dá ao trabalho de acompanhá-las nas notícias… porque, no fundo, ele realmente não se interessa por elas. As amizades duradouras permitem também aproximações interessantes: um intelectual que se tornou islamita moderado e partidário de Al-Maliki, visitando antigos camaradas, reza da maneira mais natural do mundo na sede do Partido Comunista.

Fome insaciável

Em suma, muitos fatores podem nivelar as identidades mais hiperbólicas. O que falta para que essas modulações se expressem de forma mais poderosa é um pouco de tempo, de calma, de relaxamento. O espectro dos “dias negros” ou dos “acontecimentos sectários”, quer dizer, de uma violência frequentemente muito íntima que os eufemismos tentam exorcizar, plana sobre a cidade. Em cada um se inscreve um mapa de lugares familiares, tranquilizadores, “consolidados” e de zonas inquietadoras às quais não se ousa retornar. Os moradores de um bairro agora tranquilo se espantam com sua reputação de lugar perigoso para aqueles que não vão mais ali, mas não deixam de projetar seus próprios medos em outros distritos, geralmente também pacificados. Essa distância e essa falta de informação se encontram no nível político, já que os deslocamentos são raros para províncias afiliadas ao campo adversário. Elas também são um recurso e um propulsor do jogo político, que não se cansa de mobilizar o medo do outro, as crispações identitárias e todo um repertório da proteção dos interesses comunitários.

Enquanto aguardam uma normalização real que demora cruelmente a acontecer, os iraquianos constroem um cotidiano e se orientam notavelmente bem no labirinto de um sistema político retorcido, de uma sociedade abalada, de uma cidade desestruturada e de uma economia complicada por mil e uma formas de predação. Por exemplo, a maioria das casas é alimentada por três fontes de eletricidade – a rede governamental, durante algumas horas do dia, o gerador privado do bairro e o pequeno motor caseiro para enfrentar as numerosas panes –, num sistema tão absurdo quanto perfeitamente ajustado. A corrupção nos check-points– cuja finalidade, por vezes, é somente a extorsão – faz parte do cotidiano. Nesse país acostumado com as rupturas e as incongruências, o vocabulário continua se enriquecendo de todas as palavras necessárias para dar conta das novidades e controlar o absurdo – como o termo fundador e intraduzível hawasim, derivado da propaganda de Saddam em 2003, expressando originalmente uma noção de “caráter decisivo”, mas descrevendo depois os incontáveis comportamentos criminais possibilitados pela desordem reinante. O humor também faz parte do jogo. Mas essa criatividade não diminui em nada a resistência das velhas referências às quais os iraquianos parecem mais vinculados do que nunca. Os bons endereços de confeitarias continuam os mesmos, e os cafés conhecidos nunca saem de moda. A tradição do peixe grelhado estilo masgufse tornou quase uma obsessão.

Mais desconcertante é a atitude da classe política, que se acomoda com a situação em vez de tentar mudá-la. O novo regime quase se moldou na forma do antigo. Os responsáveis ocuparam as residências opulentas de seus predecessores, apropriando-se de uma era à qual pretendiam dar um fim. Em Bagdá, quase nenhuma infraestrutura foi construída em dez anos, com exceção da sede da municipalidade, da estrada para o aeroporto e de alguns viadutos. Nos quiosques destinados a abrigar os policiais nos cruzamentos, há adesivos com o escrito “presente da prefeitura”, numa lógica que evoca as liberalidades (makarim) de Saddam – substituto personalizado do que deveria ser uma política anônima. Os salários do serviço público continuam insuficientes, levando os funcionários a procurar ganhos suplementares, legais ou não. A corrupção em alto nível é tolerada, documentada e utilizada como meio de pressão em caso de necessidade. O arrivismo, o nepotismo e a incompetência gangrenam as instituições.

No coração de Bagdá, o Palácio Republicano, que se tornou uma “zona verde” quando a ocupação norte-americana fez dele seu centro nevrálgico, encarna os piores aspectos da nova ordem, como acontecia com a antiga. Imenso perímetro mais ou menos seguro, trata-se principalmente de um campo político exclusivo, de um espaço de privilégios, de um universo que faz o que pode para se dissociar do resto da sociedade. Toda uma gama de cartas de acesso se desenvolveu, definindo uma nova elite e statushierarquizados. O fechamento do eixo Karrada-Mansour, que atravessa a zona verde, obriga as pessoas comuns a fazer desvios inacreditáveis. Sua reabertura exigiria reformas completamente realizáveis, mas o objetivo não é esse: a zona verde parece ter se tornado, por assim dizer, a prerrogativa inalienável de uma casta que preza justamente o fato de não ter de prestar contas a ninguém.

Tudo isso lembra o que para muitos iraquianos constituía a realidade insuportável do antigo regime. As críticas expressas pelos iraquianos, inclusive, vão de encontro, frequentemente, com as fórmulas utilizadas outrora. O paralelo não é tabu, incluindo aqueles para quem por nada o mundo voltaria a ser o que era. Como o caso deste homem que afirmava que “agora é a nossa vez”: “Saddam era um só e estava satisfeito. O problema é que hoje eles são muitos no poder, e sua fome é insaciável”.

Ao final, chegamos a uma questão dolorosa: o Iraque foi submetido a uma nova década de sofrimento para nada? Claro, a queda do regime era necessária para sair do impasse e introduziu uma forma de redistribuição das cartas. O bairro dos oficiais de Yarmouk fica adormecido, enquanto outro, antes miserável, de Hay al-Jawadein inaugura um parque para crianças e, quem diria, uma quadra de tênis. Esse é o preço a pagar por uma troca de tiros… ou até mesmo alguns cargos no aparelho do Estado. Frequentemente, a emigração ou o enriquecimento pessoal parecem ser o único horizonte de uma sociedade que sofre para se definir objetivos coletivos. A nova elite é tão culpada por essa situação quanto sua própria consequência, nesse país em que o presente se inscreve em uma série muito longa de rupturas.

Por isso, os nostálgicos do antigo regime estão com a memória ruim. Eles não se lembram, por exemplo, dos recrutadores empregados por Uday Hussein, o filho degenerado do tirano, para capturar, nos espaços de lazer frequentados pelos iraquianos, meninas de boa família para serem estupradas na maior impunidade. Era preciso avançar, o que Saddam Hussein e sua equipe não tinham, com certeza, nem os meios nem a intenção de fazer. Ainda hoje tudo está em suspenso, porque tudo deve ser feito. O potencial e os recursos ao menos existem. O país é rico em petróleo, mesmo que a corrupção se esforce para que não pareça; a fuga dos intelectuais poderia um dia se inverter, quando o aparelho do Estado se alimentará novamente de pessoas competentes em vez de engordar os fiéis, os amigos e os primos. Falta sair do novo impasse de um sistema político cuja indeterminação é a condição de um provisório que dura.

Foto: Mohammed Ameen / Reuters

1 Zonas de população mista, compreendendo principalmente árabes e curdos, são o objeto de um conflito antigo entre o governo de Bagdá e as autoridades locais, amplamente autônomas, do Curdistão iraquiano. As tensões se concentram principalmente na cidade de Kirkouk e na exploração dos recursos petroleiros no subsolo dos terrenos em questão.
2 “Unité de façade des chiites irakiens” [Unidade de fachada dos xiitas iraquianos], Le Monde Diplomatique, set. 2006.
3 Peter Harling, “Les dynamiques du conflit irakien” [As dinâmicas do conflito iraquiano], Critique Internationale, Paris, n.34, 2007/1, p.29-43.
4 O sadrismo é uma corrente que se formou em torno da figura de Mohammad Sadeq al-Sadr, líder religioso populista que nos anos 1990 se fez representante dos meios desfavorecidos e abandonados pelo establishment xiita. Sua oposição corajosa ao regime levou a seu assassinato em 1999. Um de seus filhos, Muqtada, se esforça, desde 2003, para retomar sua bandeira.

Fonte: http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1369

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