Por Mariló Hidalgo.
(Português/Español).
Primeiro, ocuparam de forma massiva as praças; em seguida, prédios vazios, bancos e, inclusive, supermercados. “A desobediência civil está se convertendo em uma prática cada vez mais comum e começa a recuperar o espaço público”, assegura Esther Vivas, ativista e investigadora em movimentos sociais.
Primeiro, ocuparam de forma massiva as praças; em seguida, prédios vazios, bancos e, inclusive, supermercados. “A desobediência civil está se convertendo em uma prática cada vez mais comum e começa a recuperar o espaço público”, assegura Esther Vivas, ativista e investigadora em movimentos sociais.
“Mais pobreza, mais paralisações, mais fome, mais recortes, mais desemprego, mais indignação, mais mal estar e… mais desobediência como resposta nas ruas. Frente a essas leis e práticas injustas, a única opção que resta é desobedecer”. Com essa contundência expressa-se Esther Vivas, uma comprometida ativista social, licenciada em jornalismo e sociologia, e autora de vários livros sobre movimentos sociais e agroecologia.
Precisa e incisiva, reconhece que para mudar as coisas falta paciência: “as situações mudam, se aceleram ou se comprimem e não sabes qual será a gota que encherá o vaso”.
– Acreditas que os elementos para um movimento de desobediência civil estão dados na Espanha?
– As práticas de desobediência civil já estão se instalando em nossa vida cotidiana. A ocupação de praças por parte do movimento 15M era um ato de desobediência civil massiva, e, a partir daí, assistimos a uma série de ações de desobediência às leis e a práticas injustas: a Plataforma dos Atingidos pelas Hipotecas (PAH) ocupando prédios vazios; movimentos relacionados com as estafas das preferentes ocupando os bancos; a entrada do Sindicato Andaluz de Trabalhadores (SAT) em um supermercado para levar sem pagar alimentos de primeira necessidade para, em seguida, dá-los aos necessitados etc. O mais importante em relação a épocas anteriores é que esses atos de desobediência civil conectaram amplos setores da sociedade que não se mobilizam porém que se sentem representados por essas ações e as apoiam.
– Dizes que se trata de algo cada vez mais cotidiano; porém, a sensação através dos meios é que se trata de fatos isolados…
– A realidade é muito distinta. A tudo o que comentei antes, devemos agregar o que está acontecendo na Catalunha: pular os pedágios nas estradas; negar-se a pagar o aumento de tarifas no transporte público… Frente às políticas e leis injustas, surgem ações como estas, que são ilegais, porém também são legítimas. No Estado Espanhol, onde a cada dia são despejadas 532 pessoas, enquanto há dados da existência de seis milhões de lugares vazios, ocupar uma casa e dar-lhe uso social é ilegal, porém é considerado legítimo por amplos setores da sociedade. O mesmo se pode dizer com as ações do SAT nos supermercados, nesse verão. O que deveria ser ilegal é que os supermercados a cada dia joguem no lixo toneladas de comida, enquanto um milhão de pessoas n esse país passa fome. Ilegal deveria ser a estafa das preferentes, especular com o setor imobiliário, deixando milhares de família nas ruas. Dar comida a quem o necessita ou exigir justiça em relação às práticas dos bancos é totalmente legítimo, mesmo que, às vezes, implique em ações ilegais.
– Que influencia tem tido o 15M nesse tipo de respostas cidadãs?
– Tem sido determinante. Marcou um ponto de reflexão. Tem permitido manter a confiança no “nós”, em que “se queremos, podemos” e tem desmascarado a estafa da crise. Quando o movimento começou a ocupar praças, se dizia: “isso não é uma crise do capitalismo”; “não somos mercadoria em mãos de políticos e banqueiros”; estes slogans que ressaltavam as causas profundas e estruturais da crise hoje são compartilhados por amplos setores da sociedade. O discurso do 15M e suas práticas colocaram em entredito o sistema que o sistema defende, ao repetir: “vivem acima de suas possibilidades. Portanto, são culpados e cúmplices dessa crise e devem aceitar as consequências”. O 15M reverteu essa situação e diz que quem vive acima de suas possibilidades é a elite política e econômica desse país, e os discursos de “isso não é uma crise, mas uma estafa” são compartilhados por muitos. Tiraram a máscara do sistema e o veem como ele é: com a cara da usura, da avareza, da corrupção e da estafa.
– Que opinião tens sobre o projeto de reforma do código penal, que incluirá como delito a convocação de concentrações não autorizadas através da Internet?
– A outra cara da política de recortes e das tesouras é essa política repressiva e da criminalização. Quando não se podem aplicar medidas de reajuste por bem, como acontece agora, e surgem movimentos de protesto nas ruas, as aplicam por mal. Essa estratégia tenta criminalizar o movimento, qualificando-o de antissistema, e quando não consegue o objetivo, o criminaliza. Nesse sentido, a Catalunha tem encabeçado, por exemplo, quando o Chanceler do Interior, Félix Puig, colocou em marcha uma web para delatar manifestantes; ou quando detiveram mais de cem pessoas na greve de 29 de março, ou quando impuseram multas exorbitantes. Houve uma grande escala repressiva.
– Muitas pessoas que se manifestam nas ruas são da terceira idade. Esse movimiento atinge a todo mundo?
– A crise e as políticas de ajuste atingem de forma dramática aos jovens. Nesse momento, a taxa de paralisação atinge 50% da juventude; porém, no outro extremo, outros grandemente atingidos pela crise são os idosos. Os recortes em saúde faz com que muitas famílias tenham grandes dificuldades para chegar ao fim do mês. A crise é tão profunda que cada vez mais atinge a mais setores sociais e, diante disso, às pessoas não resta outra saída que mobilizar-se. Por isso, apesar de terem tentado estigmatizar ao movimento, tachando-o de “porra louca”, a opinião pública vê pela TV a pluralidade que participa e já não acredita nas mentiras defendidas pelo sistema.
“Deveria ser ilegal que os supermercados, a cada dia, joguem no lixo
toneladas de comida, enquanto um milhão de pessoas passa fome no país”.
– O que acontece com essa “maioria silenciosa”, da qual fala o presidente mariano Rajoy?
– Depois que Mariano Rajoy agradeceu à “maioria silenciosa” que ficava em casa e não protestava durante o 25S, El País publicou o resultado de uma pesquisa que mostrava que 70% da opinião pública estava de acordo com o 25S “Rodeia o Congresso”. Ou seja, essa maioria silenciosa se unia aos que protestavam e não aos que se calavam.
– A corrupção é o quarto problema que mais preocupa aos espanhóis, segundo o último barômetro do CIS. Às diferentes manifestações que acontecem nas ruas, somam-se agora a de cidadãos em frente às sedes do PP. Há um incremento do movimento cidadão?
– A resposta nas ruas frente à corrupção deve ser vista em curto e médio prazos. Hoje, não é interpretada e percebida tal como ontem. A profundidade da crise faz com que a corrupção seja uma gota a mais que cai em um copo a ponto de transbordar. Quando as pessoas não conseguem chegar até o fim do mês, não podem pagar sua hipoteca, não podem comprar nem o essencial; enquanto outros enriquecem de forma ilícita, isso gera muita indignação. Justamente porque se constata que os mesmos que davam lições de austeridade sempre viveram entre o esbanjamento e a opulência. Frente a isso, há uma resposta social na rua; as sedes do Partido Popular estão sitiadas e o próprio Partido enfrenta um desgaste muito grande. Teremos que ver como isso vai evoluir. Quando aconteceu o 15M ninguém esperava algo assim. Os movimentos são cíclicos e este supôs o início de um novo ciclo de mobilização em um contexto de crise profunda e global. Portanto, não é algo previsível. Quando os ingredientes adequados se combinam, explode.
Tradução: ADITAL
Desobediencia Civil. Entrevista a Esther Vivas, activista social
Por Mariló Hidalgo.
“Más pobreza, más paro, más hambre, más recortes, más desahucios, más indignación, más malestar y… más desobediencia como respuesta en la calle. Frente a estas leyes y prácticas injustas, la única opción que queda es desobedecer”. Con esta contundencia se expresa Esther Vivas, una comprometida activista social, licenciada en periodismo y sociología, y autora de varios libros sobre movimientos sociales y agroecología.
Precisa e incisiva, reconoce que para cambiar las cosas hace falta paciencia: “las situaciones cambian, se aceleran o se comprimen y no sabes cuál será la gota que colme el vaso”.
-¿Crees que se dan los elementos suficientes para un movimiento de desobediencia civil en España?
-Las prácticas de desobediencia civil ya se han instalado en nuestra vida cotidiana. La ocupación de plazas por parte del movimiento 15M era un acto de desobediencia civil masiva, y a partir de ahí hemos asistido a una serie de acciones que desobedecen leyes y prácticas injustas: la Plataforma de los Afectados por las Hipotecas (PAH) ocupando viviendas, movimientos relacionados con las estafas de las preferentes ocupando los bancos, la entrada del Sindicato Andaluz de Trabajadores (SAT) en un supermercado para llevarse sin pagar alimentos de primera necesidad para luego darlos a los necesitados, etc. Lo más importante respecto a épocas anteriores es que estos actos de desobediencia civil han conectado con amplios sectores de la sociedad, que no se movilizan pero sí se sienten representados por estas acciones y las apoyan.
-Dices que se trata de algo cada vez más cotidiano, en cambio, la sensación a través de los medios es que se trata de hechos aislados.
-La realidad es muy distinta. A todo lo que te comentaba antes debemos añadir lo que está pasando en Cataluña: saltarse los peajes en la autopista, negarse a pagar el aumento de tarifas en el transporte público… Frente a las políticas y leyes injustas surgen acciones como éstas, que son ilegales pero que resultan legítimas. En el Estado español, donde cada día se desahucia a 532 personas y a la vez hay entre tres y seis millones de pisos vacíos, ocupar una vivienda y darle un uso social es ilegal pero es considerado legítimo por amplios sectores de la sociedad. Lo mismo se podría decir con las acciones del SAT este verano en los supermercados. Lo que sí debería ser ilegal es que estos supermercados cada día tiren toneladas de comida, mientras un millón de personas en este país pasa hambre. Ilegal debería de ser la estafa de las preferentes, especular con las viviendas y dejar a miles de familias en la calle. Dar comida a quien lo necesita o exigir justicia en relación a las prácticas de la banca es del todo legítimo, aunque a veces implique acciones ilegales.
-¿Qué influencia ha tenido el 15M en este tipo de respuestas ciudadanas?
-Ha sido determinante. Marcó un punto de inflexión. Ha permitido mantener la confianza en el ‘nosotros’, en que ‘si queremos, podemos’ y ha desenmascarado la estafa de la crisis. Cuando el movimiento empezó a ocupar plazas se decía: “esto no es una crisis del capitalismo”, “no somos mercancía en manos de políticos y banqueros”, estos eslóganes que señalaban las causas profundas y estructurales de la crisis, hoy son compartidos por amplios sectores de la sociedad. El discurso del 15M y sus prácticas ha puesto en entredicho lo que defiende el sistema, que nos repite: ‘habéis vivido por encima de vuestras posibilidades. Por tanto como sois culpables y cómplices de esta crisis, debéis aceptar las consecuencias”. El 15M ha dado la vuelta a eso y dice que quien ha vivido por encima de sus posibilidades es la élite política y económica de este país, y los discursos de ‘esto no es una crisis sino una estafa’ son compartidos por muchos. Se ha quitado la careta al sistema y se presenta como es: con la cara de la usura, la avaricia, la corrupción y la estafa.
-¿Qué opinión te merece el proyecto de reforma del código penal que incluirá como delito la convocatoria de concentraciones no autorizadas a través de la red?
-La otra cara de la política de recortes y de las tijeras es la política represiva y de la criminalización. Así que cuando no se pueden aplicar medidas de reajuste por las buenas como pasa ahora, y surgen movimientos en contra en la calle, la aplican por las malas. Esta estrategia intenta criminalizar el movimiento calificándolo de antisistema, de ‘perroflauta’ y cuando no consigue el objetivo, lo criminaliza. En este sentido, Cataluña ha ido a la cabeza, por ejemplo cuando el Conseller de Interior Félix Puig puso en marcha una web para delatar a manifestantes, o detienen a más de cien personas a raíz de la huelga del 29 de marzo, o imponen multas exorbitantes. Se ha producido una gran escalada represiva.
-Mucha de la gente que se manifiesta en la calle son personas mayores. ¿Este movimiento afecta a todo el mundo?
-La crisis y las políticas de ajuste afectan de forma dramática a la gente joven. La tasa de paro afecta en estos momentos al 50% de la juventud pero, en el otro extremo, otro de los grandes afectados por la crisis es la gente mayor. Los recortes en sanidad y el copago hace que muchas familias tengan grandes dificultades para llegar a fin de mes. La crisis es tan profunda que cada vez afecta a más sectores sociales y ante ello, a la gente no le queda otra opción que movilizarse. Por eso aunque se ha intentado estigmatizar al movimiento tachándolo de ‘perroflauta’, la opinión pública ve por la televisión la pluralidad que participa y ya no se cree las mentiras que defiende el sistema.
-¿Y qué pasa con esa ‘mayoría silenciosa’ de la que habla el Presidente Mariano Rajoy?
-Después de que Rajoy agradeciera a esa ‘mayoría silenciosa’ que se quedaba en casa y no protestaba durante el 25S, El País publicó el resultado de una encuesta que mostraba que un 70% de la opinión pública estaba de acuerdo con el 25S ‘Rodea el Congreso’. Es decir, esa mayoría silenciosa se unía a los que protestaban y no a los que se callaban.
-La corrupción es el cuarto problema que más preocupa a los españoles, según el último barómetro del CIS. A las distintas manifestaciones que ya hay en la calle, se suman ahora las de ciudadanos frente a las sedes del PP ¿Hay un incremento del movimiento ciudadano?
-La respuesta en la calle frente a la corrupción hay que verla a corto y medio plazo. Hoy no es interpretada y percibida igual que ayer. La profundidad de la crisis hace que la corrupción sea una gota más que se añade a un vaso a punto de rebosar. Cuando la gente no llega a final de mes, no puede pagar la hipoteca, es desahuciada, no puede ni comprar lo esencial, mientras otros se enriquecen a manos llenas de forma ilícita, genera mucha indignación. Porque además son los mismos que han dado lecciones de austeridad y ahora se demuestra que han vivido entre el derroche y la opulencia. Frente a esto, hay una respuesta social en la calle, las sedes del Partido Popular están sitiadas y el propio partido se enfrenta a un desgaste muy grande. Habrá que ver cómo evoluciona. Cuando emergió el 15M nadie esperaba algo así. Los movimientos son cíclicos y éste supuso el inicio de un nuevo ciclo de movilización en un contexto de crisis profunda y global. Por tanto, no es algo previsible. Cuando se dan los ingredientes adecuados, salta.
Mariló Hidalgo es periodista de la Revista Fusión.
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=ES&cod=73721
Não ficou claro que espécie de Desobediência Civil se planeja para a Espanha.Será algo como Henry David Thoreau fazia?Ou seguirá a linha de Ghandy?Greves de fome estão sendo esperadas?Ou se contará somente com o apoio das mídias sociais?
Feliciano