O Sindicato dos Trabalhadores em transporte Urbano, Rodoviário, Turismo, Fretamento e Escolar da região metropolitana de Florianópolis (Sintraturb) vem, por meio desta nota, esclarecer a posição desta entidade em relação aos eventos de violência que tomam conta de nosso estado.
1. A paralisação ocorrida neste dia 14 de fevereiro teve como objetivo chamar a atenção do governo do Estado para a grave crise vivida na segurança pública de Santa Catarina. Após 16 dias de manifestações de violência, e após 37 ônibus terem sido incendiados, o governador Raimundo Colombo ainda não deu respostas satisfatórias para o povo catarinense sobre o que está acontecendo.
2. Considerando que 37 dos mais de 100 alvos atacados até agora eram veículos de transporte coletivo, é natural que os trabalhadores do transporte estejam tão ou mais assustados do que a maioria da população. São as nossas vidas, de motoristas e cobradores, que estão “na linha de frente” do perigo, e não é de hoje.
3. A decisão tomada em assembleia da categoria, com a participação de mais de 700 trabalhadores e trabalhadoras, foi a de garantir a nossa segurança e a segurança dos usuários. Não há, como dito por alguns maus profissionais de imprensa, intenção de fazer “a população de Florianópolis de refém”. Quem faz a nossa população de refém é este governo, assim como os que os antecederam, pela total ausência de políticas públicas de saúde, educação, segurança. É esta ausência do Estado e dos serviços essenciais que cria o “caldo cultural” necessário para que manifestações de violência como as que vivemos atualmente explodam. Portanto, decidimos, naquele momento, trabalhar apenas sob a luz do dia, pois a situação de insegurança está completamente fora de controle por parte do governo do Estado.
4. Temos consciência dos transtornos que tal decisão acarreta a cidade. Mas a responsabilidade do atual cenário de terror não é nossa. Assim como todos os demais trabalhadores, trabalhadoras, estudantes e moradores de nossa região, estamos agindo com vistas a garantir a nossas vidas e o sustento de nossas famílias.
5. As propostas apresentadas pelo governo do Estado, até a assembleia, não eram satisfatórias para garantir condições de trabalho. Até o momento, as escoltas policiais eram incompletas e em alguns casos não concluiam o percurso combinado.
6. Nesta sexta (15), o sindicato esteve reunido com a Prefeitura Municipal de Florianópolis, Deter e outros órgãos para definir uma solução para o impasse. Somente agora, após a paralisação dos trabalhadores, é que surgiu um plano de emergência capaz de garantir a segurança dos trabalhadores.
7. Diante do anúncio do aumento de efetivo policial e de viaturas disponíveis para as escoltas dos ônibus – segundo o governo, o número de viaturas vai mais do que dobrar – o Sintraturb acordou em cumprir os horários noturnos, em escala ainda não divulgada. Diante das mudanças do horário de verão, estes horários ainda serão definidos pela Prefeitura Municipal de Florianópolis.
8. Reiteramos que a nossa posição sempre foi a de garantir trabalho seguro aos mais de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras do transporte coletivo da Grande Florianópolis. Nesta nova proposta, as empresas também se comprometem a levar os trabalhadores em casa após o período das 23 horas.
9. Entendemos ainda que a inoperância do governo do Estado é o grande responsável por este trágico momento da história catarinense. Um governo fraco, que permite o fechamento de dezenas de escolas estaduais, que sucateou a saúde pública e que não garante os serviços básicos para a população é um governo que dá carta branca para o crescimento da violência.
10. A ausência de um presidente para o Deter no último ano também torna a situação ainda mais complicada. Somente agora, um plano de emergência apareceu e um presidente para o órgão foi indicado.
11. Por fim, lamentamos a postura de alguns veículos de imprensa, radialistas e “calunistas” (verdadeiros caluniadores), que trabalham com a confusão da população e com a divulgação de inverdades que apenas atrapalham neste grave momento.
Florianópolis, 15 de fevereiro de 2013
Fonte: Sintraturb