Doze horas: Floripa a pé

Por Clarissa Peixoto.

O inusitado agora virou rotina. Manhã de calor intenso e de novas paralisações do transporte público. A causa, a “onda de violência” na cidade. Quem esteve no Ticen agora pela manhã viu filas que seriam triplicadas caso fosse seis da tarde.

A paralisação durou quase toda a manhã, com a retomada dos itinerários às 12h30min. Em Florianópolis, aumenta a insegurança na mesma medida em que cresce a indignação das pessoas que se apartam do constitucional direito do ir e vir – e para trabalhar.

A mulher desesperada que precisa chegar ao segundo emprego. O senhor que precisa ir à policlínica e reverbera violência, porque isso também o redime um pouco da insatisfação com o estado, com o sistema. O que é preciso acontecer? Fogo em ônibus com gente dentro? Indaga a trabalhadora.

A situação começa a ficar insustentável. A conversa das pessoas é repleta de pontos de vista diferentes, mas o senso comum é de que todas as atitudes da segurança pública são insipientes para deixar o cidadão menos alarmado.

Ontem, relatou um taxista, a ordem era de não subir os morros. Leia-se todas as comunidades vulneráveis. E o que não é morro ou vizinhança de locais carentes nessa cidade? Talvez Jurerê Internacional.
Ora, se o estado não tem condições de educar, de reformar, nem mesmo de reprimir, então talvez seja a hora de negociar. A população – e quanto mais vulnerável, mais aguda a consequência – sofre com o desgoverno. Greve geral? Eu acredito. Não sei se há clamor popular que a faça. Mas, tem me parecido necessária.
Tudo está suspenso enquanto a vida segue. Segue normal para poucos. Segue insegura para quase todos nós.

Clarissa Peixoto  é jornalista em http://paranaodesaprender.blogspot.com.br/

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