Finança mundial

Por Adriano Benayon.

Novos dados informam que somente cinco bancos têm ativos de 8,5 trilhões de dólares, o equivalente a 56% do PIB dos Estados Unidos: JP Morgan Chase, Goldman Sachs Group, Citigroup, Bank of America eWells Fargo.

. Os dez maiores bancos do mundo teriam US$ 6,4 trilhões dos mais de US$ 30 trilhões aplicados nos paraísos fiscais (offshore). Somente 92 mil pessoas (0,001% da população mundial) possuem US$ 10 trilhões nessas localidades. Nos EUA só 400 indivíduos teriam riqueza igual à de 50% da população do país.

. Aí estão ilustrações do que tenho exposto: os concentradores aumentam seu poder durante a depressão econômica e não têm interesse em que ela acabe.

. Durante as fases de crescimento real da economia, após certo tempo, a finança começa a crescer mais que a produção de bens e serviços, inclusive porque os lucros crescem mais rápido que os salários.

. Além disso, no setor produtivo as fusões e aquisições de empresas levam a aumento da concentração. Após um tempo, os salários, exceto o de muito poucas categorias, começam a decrescer em termos reais, perdendo para a inflação dos preços.

. Paralelamente, como é natural, a demanda por bens e serviços só aumenta através do crédito, formando-se as bolhas, como foi o caso da imobiliária nos EUA, apontada como desencadeadora do colapso financeiro iniciado em 2007/2008.

. Entretanto, essa não é a única nem a principal bolha. As principais decorrem de manipulações nos mercados financeiros, como foi a das ações de empresas de informática (1997/2001) e a imensa que a ela se seguiu, a dos derivativos.

. Nesta foram gerados mais de 600 trilhões de dólares, nos computadores do sistema financeiro: títulos montados em cima de outros títulos e de coisas irreais, como: apostas em inadimplência de títulos (credit default swaps) e em índices de taxas de juro, de taxas de câmbio; operações de hedge, ou seja, jogando, ao mesmo tempo, na alta e na baixa dos mesmos títulos. Até emprestando a um país e apostando na elevação dos juros dessa dívida, como fez o Goldman Sachs com a Grécia, entre outros.

. Assim, a par da concentração e maior oligopolização dos setores produtivos, a financeirização da economia foi assumindo dimensões gigantescas. Ela se pode definir como a formação de ativos financeiros em proporção exponencialmente maior que a dos ativos reais e produtivos.

. Após anos nessa escalada, é natural que os preços desses ativos também aumentem exponencialmente e que, em determinado ponto, se verifique sua irrealidade, o que dá início ao estouro das bolhas.

. Esse ponto foi atingido em 2007/2008, e a partir daí os preços dos ativos começam a cair. Os devedores viram-se presos numa armadilha, pois continuaram tendo que pagar as dívidas, e muitos deles não mais o puderam fazer, tendo suas casas sido tomadas pelos bancos.

. Hoje nos EUA as dívidas dos estudantes ultrapassaram US$ 1 trilhão, e os saldos devedores dos cartões de crédito chegam a U$ 800 bilhões.

. Em 2007/2008, as empresas de muitos manipuladores financeiros entraram em dificuldades, embora não os seus donos e executivos, que haviam transferido, para si mesmos em outras destinações. a maior parte dos lucros com a especulação, movida através de alta alavancagem (uso de margem mínima de capital próprio nas operações financeiras).

. Os grandes bancos ficaram praticamente falidos quando a bolha levou a perceber que o valor real dos derivativos não correspondia senão a pequena fração, próxima a zero, do valor nominal desses títulos.

. Então, por que não foram liquidados, o que teria permitido aos Tesouros nacionais dos EUA, e de vários países europeus, por exemplo, sanear as finanças e a economia?

. Porque os Tesouros e os bancos centrais os salvaram, com dezenas de trilhões de dólares e de euros dos contribuintes e principalmente com emissões de dinheiro (especialmente nos EUA) e de títulos públicos, inclusive adquirindo pelo valor nominal os títulos podres dos bancos e empresas financeiras.

. Os pseudo-governos desses países têm o desplante de dizer que são democráticos. Os grandes bancos os controlam, como controlam os “mercados financeiros”.

. Tal é a manipulação nesses mercados, que, apesar das dezenas de trilhões de dólares criados do nada , o preço do ouro permanece no patamar em que terminou o ano de 2011 (US$ 1.650 por onça), depois de haver atingido naquele ano o pico de quase US$ 2.000.

. O jornalista financeiro Evans-Pritchard publicou artigo noThe Telegraph, de Londres (15.01.2013), em que diz estar o mundo caminhando para um padrão-ouro de fato, no qual o metal teria peso comparável ao do dólar e do euro. Não cogita da moeda chinesa e de outras com potencial de solidez.

. Ele se baseia no relatório “GFMS Gold Survey for2012”, segundo o qual os bancos centrais compraram mais ouro em 2012 do que em qualquer tempo, por quase meio século, aumentando suas reservas em 536 toneladas.

. Como ele recorda, os bancos centrais de países da órbita anglo-americana (Reino Unido, Espanha, Holanda, Suíça e outros) firmaram, há anos, o acordo de Wahington, comprometendo-se a regularmente fazer vendas de ouro, sustentando as moedas inflacionadas (dólares principalmente).

. Nessas operações – especialmente o Banco da Inglaterra – tiveram enorme prejuízo, pois o preço do ouro aumentou de US$ 300 em 2003 para o atual nível, superior a US$ 1.600.

. Outro sinal foi a decisão do parlamento da Alemanha de trazer ao país seus estoques de ouro guardados nos EUA e na França, havendo dúvidas sobre se os EUA ainda têm o que oficialmente consta.

.Há enorme potencial para as compras principalmente pela China, que teria o projeto de elevar suas reservas de ouro para 2% de suas reservas totais.

. Isso ainda é muito pouco já que o dólar e o euro não têm condições de justificar o otimismo, do ponto de vista do cartel dos bancos, de que essas duas moedas permaneçam como as principais divisas mundiais.

. A dívida pública e o déficit federal dos EUA, depois de ultrapassarem o PIB desse país, com montantes acima de US$ 16 trilhões, continuarão sendo financiados com emissões de moeda e de títulos públicos, os quais estão perdendo adquirentes, salvo o Federal Reserve.

. A China detém algo próximo a 1,2 trilhões desses títulos, mas há um ano esse montante era maior, e ele só representa um terço das reservas totais, enquanto o Japão chegou a quase aquele valor, que, no caso dele, representa mais de 90% de suas reservas. A meta da Rússia é aumentar a reserva de ouro para 10% das totais, hoje da ordem de US$ 560 bilhões.

Fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/02/financa-mundial.html

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