Conheça as previsões para a eleição parlamentar israelense, que definirá os próximos governantes do país
Os israelenses comparecem às urnas nesta terça-feira (22/01) para decidir quais serão os seus representantes legislativos por um período de até quatro anos. Da nova formação do Knesset – a 19ª na história de Israel -, sairá o novo premiê israelense e sua coalizão de apoio, que precisará obter mais da metade dos 120 assentos parlamentares.
Os desafios que o país enfrenta hoje são muito diferentes dos abordados há quatro anos, quando Benjamin Netanyahu (do Likud) foi apontado como primeiro-ministro com o apoio dos partidos Yisrael Beitenu, Shas e Trabalhista.
Os temas principais da agenda de 2013 na política externa são as consequências da Primavera Árabe, a possível iminência de uma terceira intifada palestina (como indicado por oficiais israelenses e analistas no ano passado) e a continuação do programa nuclear iraniano. Já em relação a questões internas, o papel dos judeus ortodoxos na sociedade israelense e a crise econômica, que atingiu duramente o país, são os debates mais proeminentes.
Ainda que as eleições reservem muitas incertezas, uma coisa é clara: todas as pesquisas realizadas apontam o crescimento dos partidos de extrema-direita. As análises apontam que Netanyahu deve continuar no posto de primeiro-ministro no próximo mandato.
Opera Mundi publica reportagens sobre o quadro geral destas eleições. Além de responder perguntas sobre o funcionamento do sistema eleitoral israelense, o especial trata dos possíveis cenários de alianças, das diferenças entre os principais dos 34 partidos concorrentes e da participação dos árabes.
Entenda como funciona o sistema eleitoral
Os israelenses que comparecerem nesta terça (22/01) às urnas votam em uma legenda política, e não em um representante específico. Neste ano, 34 partidos apresentaram lista de candidatos, em oposição aos 35 que participaram no pleito de 2009.
Todos os cidadãos israelenses acima de 18 anos podem votar nas eleições legislativas, mas sua participação não é obrigatória. Segundo dados oficiais, mais de 5,6 milhões de pessoas têm o direito de votar, mas, geralmente, apenas 65% deles comparecem às urnas.
Israel tem um sistema de representação proporcional: os 120 assentos parlamentares são divididos entre os partidos que conquistarem mais de 2% dos votos. Cada legenda escolhe seus representantes de acordo com a votação.
Após o anúncio dos resultados, os partidos realizarão negociações para formar coligações. A aliança que conquistar o apoio de mais de 60 dos 120 assentos parlamentares formará a coalizão governista. O premiê sairá desta aliança vitoriosa e receberá o voto da maior parte do Knesset.
Nem sempre o partido que recebe mais votos consegue estabelecer uma coalizão. Isso aconteceu em 2009, quando o Likud, segundo colocado, conquistou o apoio da maioria do Parlamento, ao contrário do Kadima, que obteve o maior número de representantes isoladamente (veja abaixo a orientação de cada partido).
A coalizão governista pode permanecer no poder por quatro anos e têm a obrigação de convocar novas eleições na terceira terça-feira do mês judaico de Heshvan (o equivalente a outubro no nosso calendário). O pleito, no entanto, pode ser antecipado pelos governantes, como Netanyahu fez neste ano, quando afirmou não ter apoio suficiente para aprovar o orçamento de 2013.
Direita lidera nas pesquisas
As últimas pesquisas eleitorais indicam a vitória da aliança Likud-Beiteinu e do bloco da direita israelense. A legenda de Netanyahu apresentou tendência de queda nos últimos meses, na mesma proporção do crescimento de outros grupos direitistas, como o Habayit Hayehudi.
Apesar disso, segundo as projeções, o atual premiê é o único político que conseguiria conquistar o apoio de mais da metade dos 120 assentos parlamentares.
Ainda que as pesquisas tenham aumentado o número de entrevistados e diminuído a margem de erro, o resultado eleitoral permanece incerto. A taxa de 2% para qualquer partido adquirir assento no Knesset faz com que pequenas variações transformem o quadro previsto.
A legislação eleitoral israelense proíbe a publicação de pesquisas eleitorais nas vésperas do dia da votação. A última projeção foi divulgada na quinta-feira da semana passada (17/01) pelo jornal Haaretz e confirmou as tendências de outros levantamentos, com favoritismo de Netanyahu.
As possíveis alianças do Likud
Analistas israelenses indicam dois possíveis cenários de alianças depois das eleições, ambos com a permanência de Netanyahu na liderança e no cargo de primeiro-ministro. O Likud-Beiteinu pode escolher negociar a coalizão com o bloco de partidos da extrema-direita ou com os grupos de direita e centro-esquerda, como o Kadima, o Yesh Atid e até mesmo o Trabalhista.
À direita: De acordo com a média das pesquisas, compiladas pelo site israelense 972mag, os partidos ortodoxos e de direita devem obter 66 assentos. Uma aliança com este bloco já garantiria o cargo de primeiro-ministro a Netanyahu. Tal coalizão também implicaria em um governo marcado por políticas favoráveis à expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos, na continuidade dos direitos exclusivos de judeus ortodoxos e na aplicação de políticas de austeridade para conter a crise econômica.
Esse governo pode trazer muitas dificuldades ao premiê tanto em relação à comunidade internacional quanto à sociedade israelense.
A política seguida por Netanyahu nos últimos anos, de continuar com a expansão de assentamentos, foi alvo de críticas de muitos governos, incluindo antigos aliados de Israel. Os Estados Unidos alertaram o premiê que ele está conduzindo o país ao isolamento internacional e pediram mais comprometimento com a paz.
Por outro lado, as medidas de austeridade levaram milhares de pessoas às ruas para protestar desde 2011. Muitos israelenses também se queixam dos privilégios dados aos judeus ortodoxos, que ganham fartos subsídios e não são obrigados a se alistar no serviço militar.
À esquerda: Muitos apontam que Netanyahu pode buscar uma coalizão com partidos direitistas e do centro para fugir da impopularidade. Segundo análise de Noam Sheizaf, jornalista e editor do 972mag, o premiê deve buscar o apoio do Shas e do Habayit Hayehudi, totalizando cerca de 58 assentos, e em seguida, o dos centristas Kadima e Yesh Atid.
Com essa coalizão, Netanyahu conseguiria garantir cerca de 70 assentos do parlamento e um governo de posições políticas de centro-direita sem necessitar ceder às pressões dos grupos de extrema-direita.
*Colaborou Sérgio Storch, membro do grupo JUPROG – Judeus Progressistas e do Consenso Brasileiro pela Paz Palestina-Israel
Fonte: Opera Mundi.