Não foi sem razão que Chávez encaminhou um pedido à Assembleia Nacional, baseado no artigo 231 da mesma Carta Magna que diz: “O candidato eleito tomará posse do cargo de Presidente ou Presidenta da República no dia 10 de janeiro do primeiro ano de seu período constitucional, mediante juramento ante a Assembleia Nacional. Se por qualquer motivo o Presidente ou Presidenta da República não possa tomar posse ante a Assembleia Nacional o fará ante o Tribunal Supremo de Justiça”. Ainda segundo a Constituição, em caso de doença, ele tem ainda 90 dias para fazer essa apresentação diante do Tribunal.
Assim que não há nenhum motivo para tanta conversa. É claro que a oposição está fazendo seu papel, provocando a confusão e tentando levar no grito. Mas, amanhã, a população estará se manifestando, informada que é, uma vez que a Constituição é levada nos bolsos das calças. Há muito apreço pela lei que foi escrita com ampla participação popular.
Não cabe aqui qualquer análise mais profunda sobre os limites do governo Chávez ou mesmo sobre o fato de muito da sua política estar alavancada na sua pessoa, e sim a questão real que é a seguinte: ele foi eleito e não morreu, muito menos está irreversivelmente incapacitado.
Caso isso venha a acontecer a lei é clara, deverão acontecer novas eleições, uma vez que o vice não assume automaticamente com no Brasil, por exemplo, quando tivemos de engolir Sarney. Só que, por enquanto, a oposição terá de se acalmar. Se realmente quer respeito à Constituição deverá esperar ou que Chávez morra ou que se recupere. O povo organizado certamente fará valer sua voz. O tempo é de espera!
O que me deixa mais curioso é o caráter nada independente dessa manifestação. Seria o mesmo se Dilma e o aparato do Estado chamassem uma manifestação pra si! Ou seja, não vem das massas organizadas em seus organismos de frente única (sindicatos, federações, entidades estudantis). Mais uma das artificialidades do chavismo.