O Sistema Nacional de Saúde de Cuba divulgou que a taxa de mortalidade infantil atingiu 4,6 crianças até o primeiro ano de vida para cada mil nascidas em 2012. É o menor índice da América e deixa para trás o Canadá (5/1.000) e os Estados Unidos (7/1.000).
Em uma conta ligeira, o pequeno país do Caribe ganhou 2,4 vidas a mais em cada grupo de mil crianças do que o grande país do norte. Um dado para se comemorar, sem estender a comparação a outras nações do continente, o que tornaria a estatística ainda mais favorável a Cuba.
Por pressão internacional, os prisioneiros políticos também diminuíram, restando, segundo dados do governo cubano, 49 pessoas nessa condição. Podem haver outras, camufladas em penas por crimes comuns, mas oficialmente, por discordar do regime, não chegam a meia centena frente aos mais de 200 prisioneiros que haviam há dez anos.
Medidas recentes no campo econômico mostram um país em mudança. Os pequenos negócios, antes considerados como “desvios burgueses”, ganham importância no setor de serviços que atende, principalmente, o dinâmico turismo da ilha. Os chamados “cuentapropistas” estão abrindo restaurantes, pousadas, serviços de transporte e pequenas vendas.
No campo, a propriedade da terra deixou de ser tabu e se converte na tábua de salvação de uma agricultura que apresentou níveis sofríveis de produção nas últimas safras, especialmente a de cana de açúcar. As cooperativas crescem com a possibilidade de seus associados reterem os lucros e geri-los da forma que quiserem.
Os críticos do regime cubano reconhecem nessas medidas o fracasso do sistema socialista e o caminho sem volta para a democracia, o que na cabeça deles quer dizer “liberalismo”. Sonham com o modelito clássico de muitos partidos e uma economia aberta, mantida pelo mercado. Seria, para esses críticos, o triunfo da liberdade. Já os cubanos apostam no fortalecimento do socialismo e entendem as mudanças como prova do amadurecimento desse caminho.
Mas, o que é exatamente liberdade? Ter a liberdade de dizer o que se pensa é uma delas. Exercer o direito de ir e vir é outra. O que não cabe em qualquer raciocínio, de direita ou de esquerda, é aquele de acreditar que alguém possa ser livre sem sequer ter tido a chance de nascer. O nascimento é o primeiro grande direito da humanidade. Se a criança morre antes de completar seu primeiro ano, morre com ela mais um possível defensor da liberdade.
Vida e liberdade são direitos indispensáveis. Portanto, quanto mais vida, mais liberdade o mundo terá. O exemplo de Cuba no cuidado com as suas crianças exige de todos nós maior solidariedade e tolerância muito mais do que a afirmação do falso antagonismo entre vida e liberdade.
Marco Piva é jornalista.
Foto: http://ujs.org.br/portal/?p=11522
Fonte: Ópera Mundi