Colombo quer desmoralizar os trabalhadores

    Por Lucas Ferreira.

    Na segunda-feira (26), os servidores da Saúde foram recebidos na sede do Governo do Estado com a característica hospitalidade. O que o governo economiza em remédios, gasta em spray de pimenta.

    Com o ato desta quarta-feira última (28), os trabalhadores de Santa Catarina fortaleceram a luta contra o movimento de precarização e privatização da saúde, além de mostrar o profundo descontentamento geral para com o Governo. Não poderia ser diferente, ao dizer que “saúde” seria sua prioridade número 1, 2 e 3 – Colombo reforçava a mentira para parecer convincente.

    A reunião de sexta-feira com o gerente de Auditoria da Folha de Pessoal da Secretaria da Administração, Décio Augusto de Vargas resultou na mesma justificativa: a falta de recursos e a sinalização de que o governo só voltaria a negociar com o fim da greve.

    Nessa posição, o governo mostra sua clara intensão de 1) deixar as coisas como estão para ver o que dá e 2) utilizar o mesmo golpe aplicado contra os professores da rede estadual no meio do ano para que eles, uma vez no trabalho, percam qualquer força de negociação. Assim, apoiado pela imparcial mídia paga a soldo de SC, Colombo quer desmoralizar o movimento de luta dos trabalhadores. Não ficou assim.

    No ato de quarta-feira, os trabalhadores da Saúde receberam apoio de várias outras categorias profissionais e movimentos sociais. Essa solidariedade fortaleceu a luta mais do que qualquer horário na agenda de algum “administrador” de Colombo. Do ponto de vista “dos de cá”, superar os interesses corporativos é vencer mais uma barreira desse circo montado que insiste em criminalizar direitos trabalhistas e punir quem luta pelo direito mais universal do Brasil: saúde. E, novamente nesse caso, o governador descumpre a lei, fica indiferente aos movimentos sociais e claro, prossegue em sua posição de estátua política, ornando a fachada de poder nas quais se disfarçam grandes empresários, que muito interesse tem em uma saúde 100% privada.

    Dalmo Claro de Oliveira é o atual secretário de Estado da Saúde. Seu currículo inclui as últimas três décadas em experiência como gestor da Unimed em SC. Colombo não é bobo e sabe que saúde pública e privada possuem diferenças fundamentais. A primeira é que na saúde pública, o conceito de saúde privada não faz sentido, uma vez que saúde nunca se limitará ao atendimento de umindivíduo-pagante como sinônimo de gestão pública em saúde. Não sem surpresa, planos de saúde são motivos constantes de reclamações frente a órgãos como o PROCON, etc. Mas isso é sempre pensado na perspectiva do consumidor, não do cidadão; apenas pela ótica daquele que pode pagar, daquele que se mede os direitos pelo tamanho do extrato bancário.

    A luta dos trabalhadores encara essa questão de frente. A área da saúde é, para a Constituição de 1988, uma das vias de formar a cidadania inacabada do povo brasileiro. Um direito do cidadão e um dever do Estado com o intuito de dar acesso a outros direitos. No caso do governo Colombo, os únicos “direitos” concedidos são (em ordem de aparição): o silêncio, a desculpa esfarrapada, a ação judicial e o spraypicante. Dispositivos assaz costumeiros para a resolução de conflitos estruturais na área da saúde.

    Foto: Marcela Cornelli.

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