Pristina, 31 out (Lusa) – A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse nesta quarta-feira (31) que os Estados Unidos não aceitarão que se ponha em cheque a independência da ex-província sérvia do Kosovo, proclamada em 2008 com o apoio de Washington. “Nós iremos opor-nos a qualquer discussão sobre trocas de territórios ou sobre o estatuto independente do Kosovo”, disse a chefe da diplomacia, fazendo alusão a recentes declarações de Belgrado, segundo as quais a partilha do Kosovo seria a melhor solução.
Numa coletiva de imprensa conjunta com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, e o primeiro-ministro kosovar, Hashim Thaçi, Clinton pontuou que os EUA se manterão firmes sobre “a soberania e a integridade territorial de Kosovo e o estabelecimento de um Estado de direito em todo o território”.
A secretária de Estado, cuja última visita à região ocorreu em 2010, esteve na terça-feira em Belgrado, onde apelou para a retomada do diálogo entre Belgrado e Pristina, condição obrigatória para uma aproximação à União Europeia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
“A minha mensagem às duas partes é idêntica: os EUA exortam todas as partes a prosseguir o trabalho, a aplicar os acordos já concluídos (…) e a propor medidas concretas para a normalização das relações” bilaterais, repetiu hoje em Pristina, capital de Kosovo.
Para a chefe da diplomacia norte-americana, esta normalização é “a chave do progresso futuro para os dois países”.
“Isto requer vontade política, ou até mesmo coragem, mas se avançarem nesse caminho, o Kosovo e a Sérvia serão ajudados nos seus esforços” para reforçar a economia e melhorar o nível de vida dos seus cidadãos, disse.
Clinton referiu-se ainda à situação dos sérvios no norte do Kosovo – território próximo da Sérvia, onde são majoritários -, que se recusam a reconhecer as autoridades de Pristina.
A chefe da diplomacia norte-americana deverá encontrar-se hoje com um grupo de sérvios kosovares a quem quer garantir “o empenho da América” para que o Kosovo e toda a região se tornem uma área onde “todos os povos, quaisquer que sejam as suas origens, tenham oportunidade de vencer”.
A proclamação da independência da maioria kosovar albanesa foi uma das últimas etapas do desmantelamento da ex-Iuguslávia e foi a consequência última do conflito (1998-99) que opôs a guerrilha independentista kosovar às forças de Belgrado, afastadas do Kosovo pela OTAN na primavera de 1999.
Os EUA são o principal aliado do Kosovo independente, juntamente com 22 dos 27 países da União Europeia, enquanto a Sérvia, apoiada pela Rússia, recusa reconhecer a independência.
Em Belgrado, na terça-feira, Clinton assegurou ao governo sérvio de que dialogar com Pristina “não obriga a Sérvia a reconhecer o Kosovo”.
Fonte: http://www.ebc.com.br