Avançam propostas para uma Frente de Luta Popular na cidade

Por Marcela Cornelli (fotos e texto).

Segundo Bate-Papo avança em propostas para uma Frente de Luta Popular na cidade

Enquanto a cidade respira eleições, um grupo de militantes políticos dos mais variados segmentos sociais e correntes partidárias de esquerda se reuniram na tarde do sábado, dia 4 de agosto, no auditório do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina, para dar continuidade ao Bate-papo em busca de um projeto democrático para Florianópolis.

O objetivo dessa Frente de Luta do Movimento Popular e Sindical em defesa dos Direitos Políticos, Sociais, Econômicos e Ambientais, que teve sua primeira reunião em 23 de junho desse ano, é construir um espaço de discussão e de encaminhamentos de lutas na cidade, independente do processo eleitoral. Afinal não é só em tempo de eleições que a cidade deve respirar política e debater seus problemas, buscando soluções e se contrapondo à dominação das elites que estão no poder, em defesa da classe trabalhadora.

Dessa vez, a pauta debateu conjuntura nacional e internacional e temas mais locais como mobilidade urbana, moradia, plano diretor, meio ambiente e saneamento básico. Várias falas também defenderam a necessidade de se investir em meios alternativos de comunicação que estejam do lado da classe trabalhadora para se contrapor à grande mídia que é mais um braço do capital.

A Frente de Luta está deixando de lado as diferenças políticas e buscando pontos que unam os movimentos como as lutas contra o capital e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Durante o debate, falou-se sobre a necessidade das lutas locais dos trabalhadores estarem interligadas com as lutas nacionais e internacionalistas, por serem as mesmas em todo o mundo, e todas com o objetivo de derrotar o capital. Lutas como moradia, saneamento e mobilidade são fundamentais porque têm um viés anticapitalista e anti-imperialista e devem estar na pauta do dia. As falas também expuseram a necessidade de se investir em meios de comunicação alternativos para dar visibilidade a essas lutas e se contrapor ao oligopólios das comunicações.

Foi colocado que é preciso cobrar das candidaturas ao pleito municipal para que elas deixem explícito o que efetivamente pensam sobre os problemas da cidade e como irão agir para combatê-los.

Foi enfatizado que o debate da Frente de Luta deve ir além do período eleitoral e será feito um chamamento ao movimento sindical para que este esteja mais próximo das lutas dos movimentos sociais e não só trate de questões corporativas. Também foram expostos os problemas de moradia urbana na cidade, citando exemplo o Norte da Ilha, onde famílias estão sendo despejadas para que os terrenos sejam usufruídos pela especulação imobiliária: 51 famílias no Morro do Mosquito, 168 famílias na Vila do Arvoredo, 13 famílias no Cartódromo, 6 famílias na Vila União, 46 famílias no Papaquara. Todas essas famílias estão pedindo socorro e precisam do apoio dos demais movimentos sociais da cidade. Foi lembrado que o Costão do Santinho está construindo um campo de futebol em cima de uma área de preservação ambiental, enquanto que muitas famílias são expulsas dos seus lares por estarem nessas áreas há muito anos, ou seja, as leis só servem para os pobres. Também foram feitas críticas ao programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, enfatizando que os valores das moradias não são para atender a camada mais pobre e necessitada da população, que recebe entre 0 a 3 salários mínimos.

Na avaliação de conjuntura, foi colocado que quem está pagando pela crise do capital mundial é a classe trabalhadora. E que esta é a lógica do capital. Foram feitas duras críticas também à realização dos megaeventos no País, pois estão sendo despejadas milhares de famílias sob uma ótica de higienização social e “limpeza” das cidades onde acontecerão os eventos.

Nas falas dos participantes também foi pedido solidariedade aos dois mil trabalhadores que a GM quer demitir em São José dos Campos.

Foi consenso dos participantes a necessidade de se elevar consciência política da classe trabalhadora e que a soluções para os problemas não virão do parlamento e sim das lutas nas ruas.  Nesse sentido, a Frente de Luta pretende realizar atividades e debates nas comunidades para que elas possam apresentar suas propostas aos candidatos e manter esse espaço de discussão e luta após as eleições, com o objetivo de criar alternativas para a cidade que beneficiem verdadeiramente a classe trabalhadora e não as elites como vem acontecendo.

Veja abaixo as propostas do Bate-Papo realizado no dia 4 de agosto entre movimentos populares e sindicais:

 

– Buscar junto com o Fórum da Cidade socializar o documento final do Congresso da Cidade, realizado em 2011.

– Preparar reuniões regionais, definir a pauta dessa Frente de Luta e realizar quatro debates regionais com os candidatos da majoritária. Ao final realizar um debate municipal com a apresentação das resoluções regionais e compromissos assumidos ou não pelas candidaturas, no período de 13 a 15 de setembro. Convidar para o debate também os candidatos proporcionais.

– Criar uma Coordenação para se reunir semanalmente e definir os encaminhamentos, socializando-os para o debate com os candidatos e também convocar centrais sindicais, sindicatos, entidades, universidades, pautando coletivamente o resultado da discussão da Frente de Luta.

– Criar um Coletivo de Comunicação para mobilizar e socializar o resultado da discussão da Frente de Luta.

– Fazer arrecadação solidária para construir os projetos da Frente de Luta, garantindo autonomia.

– Definir quatro debates regionais (Rio Tavares, Trindade-Centro, Norte da Ilha e Continente).

– Definir o que são os temas centrais para levar aos debates, com sugestão de que sejam as áreas públicas e ambientais (exemplo: Ponta do Coral), mobilidade urbana e transporte coletivo (estatização), saneamento (situações das estações de tratamento), habitação (recursos efetivamente direcionados para populações de baixa renda de 0 a 3 salários mínimos) e saúde.

– Articular movimentos e comunidades organizadas com suas necessidades nas ações da Frente de Luta.

– Reunião da Coordenação da Frente dia 7 de agosto, após a Audiência Pública de Santo Antônio, no mesmo local.

– Primeiro debate: entre 14 a 17 de agosto: Norte da Ilha

– Segundo debate: entre 20 e 24 de agosto na Trindade

– Terceiro debate: entre 27 e 31 de agosto Carmocris (Conselho das Associações de Moradores do Bairro Monte Cristo)

– Quarto debate: 11 de setembro no Centro Comunitário da Fazenda do Rio Tavares ao lado do Tirio (Terminal do Rio Tavares).

– Apresentação e Debate Municipal Final: entre 13 e 15 de setembro.

Contamos com o apoio de todos, venha para a Frente de Luta!

 

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