Redação com informes de ICL e Pharol.
A Comissão da Memória e Verdade e o programa Ruas de Memória afirmam que pelo menos 38 logradouros em São Paulo homenageiam pessoas vinculadas à ditadura cívico-militar. Desses nomes, 22 têm envolvimento ativo com a repressão.
17 prédios municipais: 12 escolas e 5 ginásios também homenageiam participantes na ditadura.
Segundo o juiz, Luiz Manuel Fonseca Pires, da 3º Vara de Fazenda Pública do TJSP, que tomou a decisão, 11 casos considerados sensíveis e deverão ter o nome alterado. Em um prazo de 60 dias a prefeitura deve apresentar um cronograma para a mudança de nome desses logradouros.
Devem mudar seus nomes:
- Crematório Municipal de Vila Alpina — homenageia diretor do Serviço Funerário do Município de São Paulo que dá nome ao crematório. Ele é uma pessoa controversa porque viajou à Europa para estudar sistemas de cremação em momento coincidente com o auge das práticas de desaparecimento forçado. Corpos exumados foram clandestinamente enterrados na vala de Perus no mesmo período de atuação do diretor no Departamento de Cemitérios da cidade.
- Centro Desportivo situado na Rua Servidão de São Marcos — Zona Sul de São Paulo: atribuído a general chefe do Centro de Informações do Exército (CIE) de novembro de 1969 a março de 1974. Ele liderou a Operação Marajoara que resultou no extermínio da Guerrilha do Araguaia.
- Marginal Tietê — Zona Norte/Centro: afirma-se que o marechal do Exército e ex-presidente do país (de 1964 a 1967) foi uma das lideranças do golpe de Estado de 1964 que instalou a ditadura militar e criou o Serviço Nacional de Informações (SNI), fundamentou perseguições políticas, torturas e execuções durante o período.
- Ponte das Bandeiras — Zona Norte/Centro: em 2017 a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a mudança do nome da Ponte das Bandeiras em homenagem ao ex-senador e ex-diretor do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão da repressão política durante a Ditadura Militar.
- Rua Alberi Vieira dos Santos — Zona Norte: trata-se de ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e colaborador do Centro de Informações do Exército (CIE), com participação no massacre do Parque Nacional do Iguaçu e na armação de emboscadas e chacinas de resistentes, detenções ilegais, execuções, desaparecimento forçado de pessoas e ocultação de cadáveres.
- Rua Dr. Mario Santalucia — Zona Norte: foi médico-legista do Instituto Médico Legal e teve participação em caso de emissão de laudo necroscópico fraudulento.
- Praça Augusto Rademaker Grunewald — Zona Sul: vice-presidente durante a ditadura entre 1969-74, no governo Médici, o período mais intenso de repressão, censura e cassação de direitos civis e políticos.
- Rua Délio Jardim de Matos — Zona Sul: integrou o gabinete militar da Presidência da República do governo Castelo Branco e foi um dos principais articuladores do movimento que promoveu o golpe de Estado de 1964.
- Avenida General Enio Pimentel da Silveira — Zona Sul: segundo consta no pedido inicial, serviu no Destacamento de Operações de Informações — Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do I Exército de abril de 1972 a junho de 1974. Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e desaparecimento forçado.
- Rua Dr. Octavio Gongalves Moreira Junior — Zona Oeste: trata-se de Delegado de Polícia com participação em casos de tortura e ocultação de cadáveres.
- Rua Trinta e Um de Março — Zona Sul: dia do golpe civil-militar.