O ex-presidente Jair Bolsonaro manifestou, na quinta-feira, a sua intenção de estabelecer um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva que resultaria em uma anistia para ele e para os detidos em decorrência dos eventos de 8 de janeiro. Segundo Bolsonaro, essa medida poderia promover a “pacificação no Brasil” e permitir que o país superasse os conflitos relacionados à sua investigação pela Polícia Federal (PF).
“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? É O senhor Alexandre de Moraes. Se tivesse uma palavra do Lula ou do Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido”, declarou o ex-presidente durante uma entrevista ao programa Oeste Sem Filtro.
Bolsonaro também se referiu ao relatório da PF, que o aponta como participante ativo de um suposto plano de golpe de Estado, como uma “peça de ficção”.
“[O relatório] é mais uma peça de ficção. Falar de golpe de Estado com general da reserva, 4 oficiais e um agente da PF é outra piada. E como um todo, não tem prova de absolutamente nada. Eles não querem pegar o Braga Netto, o Heleno, eles querem pegar eu mesmo. Acham que eu sou o mal, o grande mal da democracia”.
O ex-presidente também lembrou que desde 2019 enfrenta acusações de tentativa de golpe, quando assumiu a presidência.
“O problema que eu vejo que ocasionei é que a gente foi tapando o ralo. Quando você fecha o ralo, por exemplo, na ponte de Santos, que dá um prejuízo de R$ 500 milhões por ano, e passou a dar lucro de R$ 500 [milhões], esse 1 bilhão ia para o bolso de algumas pessoas. Assim você pegava Correios, pegava Itaipu Binacional, pegava ministérios, obras. Você não viu corrupção no nosso governo. Atrapalhou gente importante, que vivia de recursos públicos“, concluiu.
A proposta de anistia ganhou destaque entre os apoiadores de Bolsonaro, especialmente com o avanço das investigações que o implicam, juntamente com outros 36 aliados, em um suposto plano para impedir a posse de Lula e permanecer no poder no final de 2022.
Na última terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu levantar o sigilo do relatório final da Polícia Federal (PF) que investiga um plano de golpe de Estado no Brasil em 2022. O documento, que conta com mais de 800 páginas, traz à tona as conclusões da PF sobre um esquema supostamente elaborado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro de 2023.
A investigação resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. O relatório foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que agora avaliará a possibilidade de apresentar uma denúncia formal contra os envolvidos.