Cia Lápis de Seda de Dança Inclusiva encerra Projeto “Um Novo Olhar Para Pessoa Com Deficiência”

Foto: Pedro Palaia

Durante dois encontros por semana, com cerca de 50 minutos cada, os alunos do projeto da Lápis de Seda Cia de Dança Inclusiva exploraram seus movimentos através de novas perspectivas. O projeto “Um Novo Olhar Para Pessoa Com Deficiência”, criado pela psicopedagoga Ana Luiza Ciscato, consistiu em oficinas gratuitas de dança desenvolvidas exclusivamente para pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla e palestras. O resultado deste trabalho poderá ser conferido nas apresentações de encerramento: nesta sexta-feira (29), às 19h, terá o espetáculo online no canal do Youtube da Cia e dia 05 de dezembro, no Espaço Baobah, em Florianópolis, em dois horários: às 15h aberto para escolas públicas e associações que trabalham com PCD e às 20h, aberto ao público.

O projeto Um Novo Olhar Para Pessoa Com Deficiência foi criado com o objetivo de abrir novas perspectivas para a pessoa com deficiência através da dança. Para interação dos alunos, inclusão digital das PCDs, foi lançado um vídeo semanal com imagens das oficinas (um compilado) onde os alunos puderam comentar sobre as aulas e processo de aprendizagem. Ao longo dos nove meses de oficina, os alunos desenvolveram habilidades e aptidões que serão reveladas ao público através dos dois espetáculos de dança – um online e outro presencial – para marcar o encerramento do projeto, no final do ano, juntamente com o elenco da Lápis de Seda Cia de Dança Inclusiva.

Para oferecer todo o suporte necessário e uma experiência responsável e lúdica, a equipe contou com três professores de dança, uma coordenadora pedagógica e uma psicóloga. As oficinas atenderam ao todo 160 alunos, entre crianças (a partir de 8 anos de idade), adultos e idosos, sendo 60 no formato presencial, em um estúdio em Florianópolis, e 100 no formato online, através da plataforma Zoom, possibilitando a participação de pessoas de todo o país. Ao longo dos meses, como forma de aproximar ainda mais os integrantes do projeto dos alunos e suas respectivas redes de apoio, aconteceram rodas de conversas entre as equipes e os pais dos participantes, assim como entre a equipe e os próprios alunos.

Ana Luiza Ciscato defende que “o objetivo maior dessa segunda edição foi alcançar ainda mais pessoas, seguindo o propósito essencial da Lápis de Seda: compartilhar esse método, que se mostrou muito bem sucedido em Florianópolis, para que possa ser replicado em diversas comunidades e chegue em pessoas cada vez mais distantes fisicamente de nós.”

O impacto e os resultados das oficinas foram além da questão física e motora. Todo o caminho percorrido foi pensado para que houvesse uma transformação de dentro para fora em cada indivíduo.

O corpo no seu próprio mundo

“As experiências que tivemos na edição anterior do projeto foram tão positivas e surpreendentes, que estamos com nossa equipe mais motivada do que nunca para ver a que novos lugares chegaremos dessa vez”, comemora a idealizadora do projeto, Ana Luiza Ciscato. Ela explica que “a plataforma para as aulas online quebrou muitos tabus sobre o que é possível fazer em formato remoto nas experiências de dança”. Ana destaca que os participantes presenciais e suas famílias, que estarão em maior número esse ano, “também relataram vivências educativas, criativas e revolucionárias no decorrer do último ano.” Segundo a psicopedagoga, a cada etapa, novas emoções e descobertas se fazem presentes, em um ambiente em que todos podem crescer juntos – “quem ensina, aprende, e quem aprende, ensina”, diz.

 “Como o próprio nome já indica, esse projeto busca estabelecer olhares inclusivos, em que tanto o déficit quanto o superávit presentes nas habilidades e deficiências de cada um de nós possam ser percebidos e celebrados por meio da dança. Mais uma vez, temos como estrela-guia explorar a experiência e o afeto dos participantes e suas redes de apoio: experiência enquanto jornada para descobrir identidades; afeto enquanto aquilo que nos afeta intensamente. É na dança que todos esses elementos se encontram, nas vivências de se reconhecer no seu próprio corpo, e reconhecer esse corpo no seu próprio mundo. A cada etapa, novas emoções e descobertas se fazem presentes, em um ambiente em que todos podem crescer juntos – quem ensina, aprende, e quem aprende, ensina.” (Ana Luiza Ciscato)

Cia Lápis de Seda

A Lápis de Seda Cia de Dança Inclusiva, fundada em 31 de março de 2017, tem como principal objetivo a inclusão, formação e profissionalização de pessoas com deficiência, que compõem 60% de seu elenco principal. Essa proposta inclusiva e inovadora é o resultado de mais de vinte anos de trabalho e pesquisa relacionados à dança como ferramenta essencial para o desenvolvimento de novas formas de inteligência, como o caminho para explorar e expressar a própria identidade no âmbito individual e enquanto parte de um grupo.

A Lápis de Seda é uma companhia de dança relativamente nova. Apesar dos menos de dez anos de existência, o trabalho é o resultado de anos, décadas de estudos, com o objetivo de expressar, no palco e fora dele, que inclusão não é só uma possibilidade, mas uma necessidade. Incluir não é fácil, especialmente quando comparado à ideia de excluir. Vivemos ainda em uma sociedade que exclui e segrega pelo simples motivo de não conhecer o outro, não conseguir se colocar no corpo do outro. Um corpo diferente, uma forma de pensar, de viver e se expressar diferente. Durante sua trajetória, a Cia. já criou e desenvolveu espetáculos de dança que viajaram por várias capitais, sempre seguindo a proposta de mostrar novas possibilidades de inclusão.

Ana Luiza Ciscato – coordenadora pedagógica

Ana Luiza Ciscato é coreógrafa, professora de dança e expressão corporal, terapeuta do movimento, diretora da Lápis de Seda Cia de Dança Inclusiva, psicopedagoga (Universidade do Sul de Santa Catarina – 2001), arte-educadora e professora de dança formada pela Royal Academy of Dance/Londres (1985) e metodologia cubana de dança clássica (Cuba, 1993). Trabalha com a inclusão social através da dança há mais de trinta anos. Com cursos de especialização na Steps e Martha Graham School em Nova York, especializou-se também em psicoballet, técnica de apoio a pessoas consideradas com deficiência (cuba, 1993) e danceability (Florianópolis, 2011). Pós graduada em educação na perspectiva do ensino estruturado para autista (Infoco 2014) e intervenção em aba para desenvolvimento atípico (grupo gradual – sp 2016).

“Um Novo Olhar Para Pessoa Com Deficiência” é um projeto cultural realizado por “Lápis de Seda Cia de Dança Inclusiva”, por meio do Programa de Incentivo à Cultura, o PIC, do Governo do Estado de Santa Catarina, aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura. “Um Novo Olhar Para Pessoa Com Deficiência” conta com o patrocínio de Celesc, Urbano, ICRH, Embrast e Karsten.

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