De mpr21(*), 17 de novembro de 2024 (traduzido ao português por Jair de Souza).
Israel está fazendo uso de inteligência artificial não apenas no campo de batalha em Gaza, mas também online. O objetivo é influenciar a opinião pública por meio de superbots dotados com inteligência artificial, que inundam as redes sociais com propaganda sionista.
Israel tem uma longa história de uso das mídias sociais para propaganda, seja trabalhando com empresas de tecnologia para sinalizar conteúdo pró-palestino ou mobilizando exércitos de trolls para espalhar suas farsas. Com o advento da inteligência artificial, o governo de Tel Aviv encontrou novos métodos para atrair os usuários a seu favor, empregando contas de mídia social com inteligência artificial para desacreditar meios de comunicação alternativos.
As versões anteriores dos bots online eram muito mais rudimentares, com habilidades linguísticas limitadas e só podiam responder a comandos predeterminados. Os bots da Internet de antigamente, especialmente em meados da década de 2010, reproduziam o mesmo texto repetidamente.
Impulsionados por inteligência artificial, os superbots podem produzir respostas mais ajustadas, mais rápidas e, o que é mais importante, mais parecidas às humanas. Esses superbots não foram apenas implantados secretamente nas redes sociais. A propaganda sionista também reuniu exércitos de trolls propulsados por inteligência artificial para reforçar suas mensagens.
A propaganda sionista é uma indústria
Em outubro do ano passado, quando Israel lançou sua campanha genocida em Gaza, Zachary Bamberger, um estudante de pós-graduação da Universidade Technion de Israel, criou uma linguagem projetada especificamente para combater o conteúdo antissionista e amplificar postagens pró-Israel em plataformas online.
A empresa de Bamberger, Rhetoric AI, gera traduções de conteúdo de mídia social em árabe e hebraico, avalia se as postagens violam os termos de serviço da plataforma e relata quaisquer violações. Para postagens que não violam os termos, a ferramenta gera aquilo que considera ser a réplica mais eficaz.
O objetivo é inverter o fluxo de conteúdos e eliminar a vantagem numérica daqueles que criticam os crimes dos sionistas.
Para impulsionar a Rhetoric AI, Bamberger contou com a ajuda de 40 estudantes de doutorado, e a empresa agora colabora com o Google e a Microsoft.
Outra plataforma, AI4Israel, também aproveita a inteligência artificial para criar réplicas nas mídias sociais. Fundada pelo cientista de dados estadounidense-israelense Amir Giveon, a ferramenta faz parte de um projeto com base em voluntários.
O AI4Israel examina as acusações que aparecem e as confronta com um banco de dados pré-existente. Quando se constata que uma acusação tinha aparecido antes, a ferramenta buscará uma resposta a ela já armazenada. Se for uma acusação nova, a ferramenta gerará uma resposta usando um modelo de recuperação de geração aumentada (RAG), que se baseia em um vasto corpus de dados.
O sionista destaca o papel dos voluntários na melhoria da eficácia do AI4Israel porque eles priorizam sua atenção nas acusações com base em sua frequência, e refinam as respostas, garantindo maior relevância e precisão. Eles também identificam lacunas no conhecimento, enriquecendo-o constantemente, especialmente em resposta aos acontecimentos da atualidade.
Primeiro tratado internacional sobre inteligência artificial
Em setembro, Israel aderiu ao primeiro tratado internacional sobre inteligência artificial (**), elaborado para que as grandes potências regulassem o fluxo de informações online. O tratado foi feito em cooperação com os Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e outros países, e a participação de Israel foi recebida com reações negativas, especialmente devido ao emprego de inteligência artificial por parte de Israel para levar a cabo sua campanha genocida em Gaza.
No entanto, os avanços da inteligência artificial de Israel no campo de batalha e online só podem ser intensificados. Além de aderir ao tratado internacional, Israel anunciou a segunda fase de seu Programa de Inteligência Artificial, que se estenderá até 2027 com um orçamento superior a 130 milhões de dólares.
As contas falsas criadas pelos bots israelenses espalham a intoxicação sionista e funcionam como trolls digitais, tentando desacreditar, ou distorcer por completo, as evidências bem documentadas do genocídio em Gaza, as quais se apoiam em áudios e vídeos.
O número é importante, tanto nas contas quanto nas mensagens, porque eles criam um efeito de manada, buscando remover a imagem do isolamento israelense e transformar o conteúdo em um padrão. As alternativas são sempre poucas. Os bots visam desacreditar as informações que retratam Israel de maneira negativa. Fazem isso ao responder a artigos de notícias ou a porta-vozes pró-palestinos, ou criando publicações que supostamente refutariam relatos de assassinatos de civis palestinos e trabalhadores humanitários por parte de Israel, bem como de outros atos de terrorismo de Estado. Porém, os supostos esclarecimentos são lidos como se fossem a transcrição de um porta-voz militar, que com frequência justifica os ataques, como o assassinato seletivo de pessoas.
Um exército virtual
Foram identificadas nas redes sociais numerosas contas operando sob nomes como Fact Finder (@FactFinder_AI), X Truth Bot (@XTruth_bot e @xTruth_zzz), Europe Invasion (@EuropeInvasionn), Robin (@Robiiin_Hoodx), Eli Afriat (@EliAfriatISR), AMIRAN (@Amiran_Zizovi) e Adel Mnasa (@AdelMnasa96892). Cada conta é projetada para desacreditar as críticas e difundir a intoxicação israelense simplificada.
Essas contas são bots israelenses de inteligência artificial. Os três primeiros não mencionam Israel em suas descrições, mas a maioria de suas publicações mostra sinais claros de propaganda sionista.
O slogan do Fact Finder diz: “Empoderando conversas inteligentes com fatos impulsionados por inteligência artificial. Combatendo a desinformação com conhecimento, não com censura.”
Truth Bot opera sob dois perfis: @XTruth_bot, criado em agosto, e @xTruth_zzz, criado em janeiro. Ambas contas são gerenciadas pelo usuário Vodka & Seledka (@seledka_vodka), um blogueiro britânico-russo. Elas promovem um bot de Telegram que afirma usar o buscador do Google para verificar declarações feitas no X / Twitter, que Vodka & Seledka afirmam ter desenvolvido. Cabe destacar que Vodka & Seledka segue várias contas pró-Israel e compartilha propaganda sionista.
Anteriormente, Europe Invasion era uma conta de criptomoedas com o nome de usuário @makcanerkripto. Ela se foca principalmente em difundir conteúdo xenófobo contra imigrantes, particularmente os muçulmanos. A conta procura frequentemente estabelecer conexões entre manifestantes pró-palestinos e apoiadores do Hamas, equiparando os dois em suas postagens.
A conta é operada por um casal de empresários turcos com sede em Dubai, que também está conectado a “Algorithm Coach” (@algorithmcoachX). Por sua vez, eles terceirizaram uma agência de publicidade para impulsionar seus negócios. Ambas contas passaram por várias mudanças de marca.
Europe Invasion atualizou seu perfil, afirmando que era administrada por “Stefan”, um montenegrino de origem sérvia. No entanto, quando o meio de investigação sueco SVT entrou em contato com a agência de publicidade ligada ao casal turco que supostamente estaria por trás da conta, foi respondido por uma pessoa chamada “Stefan”, com uma conta de e-mail configurada em turco.
As seguintes três contas da lista, Robin (@Robiiin_Hoodx), Eli Afriat (@EliAfriatISR) e AMIRAN (@Amiran_Zizovi), fazem referência explícita a Israel ou ao sionismo em seus perfis. Robin, que se juntou ao X/Twitter em maio, se descreve como: “Não penso em nada além de lutar. Judeu orgulhoso e sionista orgulhoso”. Duas dessas contas usam fotos de perfil de soldados israelenses geradas por inteligência artificial. Eles frequentemente interagem entre si, respondendo e repostando o conteúdo uns dos outros, e seguem várias outras contas pró-Israel.
Outras contas, incluindo Mara Weiner (@MaraWeiner123), Sonny (@SONNY13432EEDW), Jack Carbon (@JaCar97642), Allison Wolpoff (@AllisonW90557) e Emily Weinberg (@EmilyWeinb23001), exibem comportamento semelhante ao de um bot. Seus nomes de usuário incluem números aleatórios e não têm uma foto de perfil, ou usam imagens imprecisas. A maioria foi criada depois de outubro do ano passado, coincidindo com o início das ações criminosas de Israel em Gaza.
(*) Publicado originalmente em:
https://mpr21.info/los-superbots-israelies-inundan-las-redes-sociales/