Cuba acaba de enfrentar outro grave furacão. Esta é uma notícia comum no Caribe, infelizmente.
A Ilha está geograficamente situada numa zona de confluência de diferentes sistemas de falhas tectônicas, suscetíveis a fortes furacões e tempestades. Foram centenas, no ano passado.
Neste mês de novembro aconteceu a assembleia da ONU que durante 32 anos seguidos condena o bloqueio econômico por parte do país, destino em 1959 de 70% das exportações cubanas.
Os jornais da grande mídia trazem sucessivas fotos das filas de pessoas que enfrentam, cada dia, inúmeros problemas. Devido a este gesto político de bloqueio econômico por parte dos Estados Unidos. São imagens com interesse do capital internacional e seus oligopólios de comunicação.
O governo cubano calcula em 252 milhões de dólares os prejuízos causados pelo bloqueio imperialista. Há todo tipo de contas para exemplificar em quantidade de minutos, segundos ou dias, cada um dos medicamentos, alimentos e combustíveis que poderiam salvar vidas em Cuba nestes curtos espaços de tempo. A grande diferença é que são elementos que, em Cuba, podem ser distribuídos gratuitamente. E poderiam ser muitos mais se não fosse o bloqueio. No Brasil, por exemplo, não são gratuitos e as pessoas na miséria estão condenadas, sem bloqueio, a morrer sem este acesso público. Não é mera retórica. É o que acontece, cada dia. A diferença está na política.
O mesmo país que inclui, injustamente, A Ilha na lista dos países com relações diplomáticas anuladas por considerar Cuba um país terrorista, já foi responsabilizado pelo governo cubano (com apoio de diversos organismos multilaterais) de assassinar 3.478 cubanos em episódios que (estes, sim) foram considerados relacionados ao terrorismo. Todos eles cometidos pelos Estados Unidos da América. Incluindo um avião cubano que explodiu com 76 pessoas assassinadas no dia 6 de outubro de 1976. A última repercussão pública internacional aconteceu em 1997, quando o jovem turista italiano Fabio Di Celmo morreu num atentado terrorista cometido por um criminoso condenado que assumiu a autoria e o mando do crime: um grupo político de Miami, que recebeu dinheiro público do governo norte-americano. Não foram somente evidências. O FBI estava envolvido.
Somente contra Fidel Castro e outras autoridades do governo cubano foram 590 atentados. Em todos eles, apesar de haver indícios fortes de participação da Inteligência Militar dos Estados Unidos, a CIA, e apesar de haverem sidos assassinatos como de diplomatas cubanos em território estado-unidense, jamais foram investigados. São fatos históricos e bem documentados.
No anterior governo de Trump, a principal campanha contra o processo revolucionário cubano, em pleno andamento, foi o de argumentar que o povo cubano tinha uma feia mania de atribuir todos os seus problemas ao bloqueio econômico. Como se isso não fosse uma evidência demostrada por diversos estudos com base científica. Já são 600 leis e normas imperialistas contra Cuba, nos Estados Unidos. Na saída do Governo Obama, aumentaram-se as sanções contra europeus que visitassem A Ilha. Países inteiros perdem muito dinheiro ao não poder comprar nem vender a Cuba.
Hoje, não podemos negar que uma das alternativas econômicas para A Ilha passa por uma gestão eficiente da economia social e solidária do turismo. Sempre foi uma das suas potencialidades.
Cuba criou no imaginário mundial, principalmente nos anos 60 a 80, uma utopia, um sonho possível de tornar-se realidade. Com isso, a imensa maioria da esquerda mundial alimentou o sonho possível de conhecer Cuba de perto. Foi cantada e poetizada. Agora, mais que nunca, necessita de ajuda.
E, com isso, esta pequena Ilha nos permitirá realizar, pelo menos três importantes objetivos.
Primeiro, ajudar a economia local cubana, dotada de um sistema público de acolhida do turismo consciente (com vários incentivos públicos). Consciência de qualquer viajante sobre a realidade social do povo que os acolhe. Não se viaja a Cuba fazendo de conta que algo não está acontecendo.
Logo, fazer das viagens à Cuba um gesto de solidariedade ativa. Denunciar os problemas constatados com nossos próprios olhos e suas causas e consequências. Levar dinheiro e doação de alimentos e remédios. Bem como estabelecer vínculos sólidos com movimentos socioculturais cubanos. Isso e muito mais, sendo plenamente conscientes de que, nesse sentido, existem três tipos históricos de movimentação política: dois deles, movimentos sociais de esquerda, uns mais e outros menos críticos com o atual governo cubano. Outro deles, de direita ou de extrema-direita, financiado durante décadas, abertamente, pelos Estados Unidos da América.
Esta é a nossa razão principal, enfim. Realizar o nosso próprio sonho de desfrutar de uma merecida viagem para uma ilha caribenha icônica, com três riquezas insuperáveis: 1. O seu entorno natural privilegiado; 2. O seu povo e sua característica histórica de resistência e de superação; 3. Uma experiência de justiça social que transcende os limites da política tradicional, tal qual a conhecemos.
Uma ilha, enfim, cujo emblema é a esperança.
Vamos pra Cuba?
Entre em contato conosco: @descubracuba.
Barcelona, 15 de novembro de 2024.
Flavio Carvalho, sociólogo e escritor. Mais informações: @descubracuba (siga este perfil).
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