Com foco em valorizar a cultura afro-brasileira, o Projeto “Manifesto Invisível” traz ações gratuitas, abertas à comunidade, neste final de semana. Compõe o projeto uma exposição composta por cinco máscaras criadas com água, cola e papel, desenvolvidas a partir do processo de pesquisa e experimentação da artista visual e mascareira, Manon Alves. As obras investigam a expressividade dos arquétipos nos ritos da umbanda, uma religião de matriz africana que sofre altos índices de preconceito e intolerância no Brasil. O projeto traz como objetivo preservar e celebrar a diversidade cultural do Brasil, destacando as profundas raízes afro-brasileiras que moldam grande parte da identidade nacional.
Segundo Manon, a proposta do “Manifesto Invisível” vai além da estética artística: “A intenção nesse processo criativo é valorizar a riqueza imagética presente nas religiões brasileiras de matriz africana, transpondo a expressividade dos ritos dos terreiros para máscaras tridimensionais, buscando não apenas evidenciar a beleza dessas tradições, mas também promover o respeito e a aceitação das práticas culturais”, explica.
A exposição destaca a riqueza cultural afro-brasileira como parte fundamental da cultura popular do país. “A arte tem um papel fundamental na desconstrução de preconceitos, pois ela nos convida a olhar para o outro com empatia e compreensão. Neste caso, buscamos abrir um espaço para que as manifestações culturais e religiosas possam ser vistas, respeitadas e valorizadas. A história do Brasil não pode ser contada sem reconhecer a influência africana, desde a música, o artesanato, a culinária e as expressões religiosas, todas estas heranças foram e são fundamentais na construção de nossa identidade nacional”, pontua a artista.
O projeto, contemplado pelo Edital D+ pela Lei Paulo Gustavo, através da Fundação Catarinense de Cultura, foi desenvolvido ao longo de 2024 e mergulha na observação das performances e na corporeidade dos guias presentes nos ritos da umbanda. As cinco máscaras criadas representam entidades amigas tradicionais como Preto Velho, Caboclo, Cigana, Erê e Exu Mirim, figuras que carregam em suas representações valores como sabedoria, força, liberdade, pureza e alegria. Essas figuras, além de sua dimensão espiritual, simbolizam resistências culturais e sociais, pois são também emblemas da luta histórica dos povos africanos escravizados e de seus descendentes.
A circulação da exposição já passou pelo Bairro Santo Antônio e São Cristóvão, e chega neste final de semana na Linha Sarapião e Linha Barra do Rio dos Índios. Todo o processo de produção de uma obra e ainda o passo a passo para fazer uma máscara em papel machê está disponível no Youtube em um vídeo tutorial no canal da artista intitulado “Poesia de Papel”.
Acompanhe o trajeto
Exposição Manifesto Invisível
26/10 – sábado
Local: Terreiro Ilé Alaketú Iroko Asé
Linha Sarapião
Informações @irokoase
27/10 – domingo
Local: Casa da Árvore – espaço cultural independente
Linha Barra do Rio dos Índios
Informações @a.casa.da.arvore