Furacões em temporada eleitoral intensificam ação de negacionistas climáticos nos EUA

Enquanto o governador da Flórida, Ron DeSantis, rejeita qualquer impacto da crise climática sobre os furacões, meteorologistas são ameaçados de morte nas redes sociais.

Foto: Gage Skidmore

A passagem de dois furacões intensos no sul dos Estados Unidos nas últimas semanas colocou a questão climática dentro do noticiário político do país, que está a pouco mais de 20 dias da eleição presidencial que definirá a sucessão de Joe Biden, destacou a Bloomberg. Com isso, as paixões (e insanidades) do debate eleitoral acabaram sendo transpostas para as discussões sobre o clima, com efeitos que soam cômicos e assustadores ao mesmo tempo.

Um dos pontos é o impacto das mudanças climáticas sobre as tempestades tropicais. A Flórida convive historicamente com furacões, mas tem sido confrontada por furacões cada vez mais potentes nos últimos anos. Os furacões Helene e Milton são exemplos disso, como demonstrado por estudos de atribuição recentes, ligando sua potência aos efeitos do aquecimento global.

Nada disso impediu que os negacionistas inundassem as redes sociais com desinformação mesmo antes da chegada dos furacões. No topo do rol dos absurdos, a deputada republicana Marjorie Taylor Green disparou que as tempestades teriam sido “criadas” pelos democratas, que conseguiriam “controlar” o clima para suprimir os votos republicanos na Georgia e Carolina do Norte, estados centrais na disputa entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, tentou uma abordagem menos caricata, mas igualmente absurda. Questionado sobre os efeitos das mudanças climáticas sobre as tempestades que atingem o estado, De Santis sugeriu que o consenso científico em torno da existência da crise climática e da responsabilidade humana sobre ela é igual à loucura de sua colega republicana.

“Isso acontece dos dois lados. Você meio que tem algumas pessoas achando que o governo pode fazer isso, e outras achando que é tudo devido aos combustíveis fósseis. A realidade é que o que vemos, há precedente para tudo isso na história”, disse o governador, sem um pingo de vergonha na cara, citado pela MSNBC.

O problema é que o negacionismo em tempos de redes sociais há tempos deixou de se limitar à repetição de absurdos inofensivos. Em muitos casos, a disseminação de mentiras alimenta a paranoia, que facilmente descamba para situações ou ameaças de violência.

Um exemplo disso está sendo vivido por meteorologistas norte-americanos que anteciparam a chegada dos furacões Helene e Milton e destacaram o impacto deles. Ao invés de serem reconhecidos pelo trabalho de prevenção, eles estão sendo ameaçados de morte nas redes sociais devido às mentiras impostas pelos negacionistas.

“Nunca vi uma tempestade gerar tanta desinformação”, lamentou a meteorologista Kate Nickolaou ao Guardian. “Tem um monte de gente dizendo que criei e dirigi o furacão, que acha que a gente controla o clima. Isso virou uma retórica mais violenta, especialmente com pessoas dizendo que aqueles que criaram Milton deveriam ser mortos”.

Deutsche WelleRolling Stone e Valor, entre outros, repercutiram as ameaças de morte contra meteorologistas nos EUA.

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