Atualmente as instituições públicas usam majoritariamente plataformas proprietárias comerciais para se comunicar com o público por meio das redes sociais. Mas, e se existissem soluções tecnológicas para que estas instituições pudessem criar suas próprias plataformas e interagir com a população em redes sociais independentes das Big Techs? Essas soluções já existem, e compõem um novo conceito de mídia social chamado Fediverso.
O Fediverso – uma junção de “federação” e “universo” – é um conjunto de tecnologias utilizadas para hospedagem distribuída de arquivos e publicações na web. A principal característica desse ambiente é a descentralização executada por protocolos de comunicação em padrão aberto. Os usuários podem criar suas identidades em qualquer uma das plataformas instaladas em diferentes servidores (chamados de “instâncias”) e, através de um único perfil, interagir e trocar informações com todos os outros perfis e instâncias dessa rede. Atualmente o Fediverso conta com mais de 15 milhões de pessoas conectadas pelo mundo.
Esse universo federado é uma alternativa fundamental para a redistribuição da Internet, porque proporciona autonomia aos usuários e instituições, fortalece o senso de comunidade e oferece alternativa às plataformas centralizadas de mídias sociais. Por esses motivos, muitos Governos e instituições têm investido em suas próprias instâncias no Fediverso, como a Direção Interministerial Digital Francesa (DINUM) – a DINUM lançou uma instância oficial para contas institucionais, como a do Escritório do Embaixador para Assuntos Digitais Henri Verdier, e a União Europeia, que manteve por dois anos um projeto piloto para dialogar com os cidadãos conectados no Fediverso. No Brasil temos o caso recente do lançamento da instância do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) voltada para informações e assuntos da comunidade museológica brasileira.
Para incentivar a adoção das redes federadas pelas instituições públicas no país, a Associação Alquimídia lançou uma campanha com conteúdos e orientações aos Governos e órgãos públicos chamada FediGov. O site oficial da ação é o https://fedigov.org.br. “
As principais justificativas da campanha são a soberania digital, já que incentiva a utilização independente de tecnologias digitais por parte do estado, a proteção de dados, pois oferece uma alternativa das pessoas seguirem e interagirem com contas oficiais sem ter que entregar seus dados às grandes corporações, a sintonia com outra grande campanha global, do “Dinheiro público, software público”, que defende o dinheiro público deve ser usado para o benefício da população e a certeza legal, pois a utilização de uma tecnologia em solo nacional que cumpra todos os requisitos da lei de proteção de dados e o Marco Civil é muito mais coerente com as prerrogativas governamentais que a utilização de plataformas que muitas vezes desrespeitam a legislação vigente do país.
“Ao promover apenas as redes sociais comerciais, as instituições públicas acabam também incentivando a permanência das pessoas somente nas redes das Big Techs, por isso, a utilização de redes federadas para a comunicação oficial dos governos estimulará tanto a população quanto às instituições para que se familiarizem com essas tecnologias” explica Ingrid Bezerra, comunicadora da Alquimídia. “A utilização das tecnologias do Fediverso fomenta um novo sistema de comunicação social digital de caráter público e diverso” conclui.
A Alquimídia é a primeira organização brasileira voltada para a difusão do Fediverso. Em 2024 a associação lançou o Observatório do Fediverso, um ambiente com notícias, tutoriais, e curadoria de instâncias para estimular a cultura de uso das tecnologias federadas no Brasil. Acesse: https://alquimidia.
A campanha FediGov tem o apoio da ANSOL, Rede das Produtoras Culturais Colaborativas, Movimento Software Livre Brasil, Rede pela Soberania Digital, Coletivo Digital, Felicilab, e Rede da Cultura Digital Brasileira.