Por Bruna Weber Botta, para Desacato.info.
Vou trazer nesse comentário, tendo como referência para o desenvolvimento da ideia, a obra do professor Ladislau Dowbor, A Era do Capital Improdutivo.
Em seu livro, e no curso que o professor ministra no youtube, ambos disponíveis e totalmente gratuitos, as denúncias que são feitas e as explicações simples e didáticas, nos fazem entender melhor como funciona a economia brasileira e mundial, e por que dentro dessa lógica a vida do trabalhador não tem perspectiva de melhora, pois a estrutura que o capitalismo criou não se sustenta se não explorar a classe trabalhadora em todos os níveis possíveis.
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“Em termos simples, estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria, enquanto os recursos necessários ao desenvolvimento sustentável e equilibrado são esterilizados pelo sistema financeiro mundial.”
Esse é um trecho inicial de apresentação do livro em que ele traz a informação que um grupo seleto de pessoas está acabando com o planeta e com as nossas vidas.
Para começar, trago uma informação, que se fosse aplicada na nossa realidade, seria maravilhosa, mas no contexto atual de miséria e pobreza, é inacreditável: no Brasil, se dividirmos o PIB pela população, isso nos daria uma renda de 16 mil reais por mês para cada família de 4 pessoas.
Nessa luta de classes, em um mesmo lado, temos hoje um Brasil que tem sua economia drenada por corporações internacionais que extraem toda a nossa riqueza. E também uma classe média e rica que descobriu como viver e tirar proveito do rentismo financeiro.
Isso reflete a estrutura econômica do Brasil.
A ideia é: se quem controla o jogo não é a economia nacional, então em questão de governo há de pedir aval para decisões de cunho econômico-financeiro para quem o comanda.
Vamos ver um pouco quem são essas pessoas.
Temos 147 grandes corporações mundiais que controlam o fluxo de produção e 28 grandes grupos financeiros mundiais (bancos), que controlam esses 147 grupos e toda economia mundial.
Trilhonários, bilionários que extraem toda a riqueza do nosso país – não só do nosso – e com um clique eles transferem todo lucro oriundo dessa exploração das nações para seus paraísos fiscais.
Se prestarmos atenção, hoje, todo nosso dinheiro, por mais insignificante que seja o valor, está em um banco. O trabalhador não recebe mais o salário em dinheiro e é obrigado a criar uma conta em um banco privado indicado pela empresa.
Estamos presos em bancos e em juros, e quem ganha com isso não somos nós.
Se o trabalhador fizer um crediário para comprar uma geladeira, no final das prestações ele pagou duas geladeiras. O Brasil está entre os juros mais altos do mundo.
Essa elite financeira, que se instalou no país como parasita, compra políticos, compra o judiciário, e com isso desloca o poder do Estado em decidir sobre políticas econômicas, para as mãos de uma minoria que visa lucro e que não tem ideia e nem se preocupa de como é a realidade brasileira, eles não são brasileiros, mas enriquecem à custa da exploração e endividamento do nosso povo.
Para relembrar foram esses os mentores do golpe na presidente Dilma em 2016. A presidente enfrentou esses grupos e baixou a taxa Selic drasticamente, motivo que deu início a uma corrida para sacar uma mulher corajosa e idônea da cadeira presidencial. A elite financiou, e a direita de classe média cumpriu o papel de colocar em prática o golpe.
Trazendo para uma realidade próxima, o trabalhador brasileiro é humilhado diariamente se expondo as situações mais adversas para conseguir um mísero salário e ter condições de existir.
Vimos isso no caso dos funcionários da Havan de Santa Catarina que foram durante toda a campanha eleitoral em 2022 expostos ao ridículo e obrigados a circunstâncias terríveis com ameaça e intimidação caso não cumprissem às ordens de um homem que trabalha e sonha, em sua cabecinha perversa, estar cada vez mais inserido dentro desses grupos que controlam a política econômica do país.
Esse é um tema extenso, mas não é difícil de entender e perceber que somos reféns de um sistema que não funciona para nós, o povo.
Para finalizar, depois de falar sobre o assalto que o trabalhador sofre, combinado com a escravização legalizada da nossa mão de obra, um estudo do Banco Central de 2018, mostrou que 64% dos brasileiros pagam suas contas a bancos em dia.
Um povo que apesar de todo massacre que tem vivido por esses mercenários, com jornadas de trabalho que passam de 10, 12, 14 horas diárias, fazem milagre e seguem honrando com seus compromissos e suas contas no final do mês.
Parafraseando Darcy Ribeiro, o melhor do Brasil é o povo brasileiro!
E é pela liberação do nosso povo que todas estamos aqui, fazendo denúncias, trazendo à outra informação e trabalhando com fervor pelas bandeiras anticolonialista, antirracista, antifascista e também antirrentista!
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