Muitos países do G20 estão submetidos a políticas de austeridade que fragilizam os segmentos mais vulnerabilizados da sociedade, e o aumento das desigualdades alimenta um sentimento de desânimo favorecendo a ascensão da extrema-direita e do populismo em todo o mundo. Nesse contexto, a ideia de tributar os super-ricos têm ganhado espaço no debate público.
A aplicação de impostos mais elevados sobre a riqueza e os rendimentos dessa elite financeira permitiriam obter os bilhões de dólares necessários para combater as desigualdades e o colapso climático. Por exemplo, a Oxfam estima que um imposto sobre a riqueza de até 5% sobre os multimilionários e bilionários do G20 poderia angariar quase US$ 1,5 bilhões por ano.
O montante seria suficiente para acabar com a fome no mundo, ajudar os países que precisam se adaptar às alterações climáticas e colocar o mundo de novo no caminho certo para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas – e ainda deixar mais de US$ 546 bilhões para investir em serviços públicos que acabem com a desigualdade e em ações climáticas nos países do G20.
Para Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, o fato de o presidente Lula querer colocar a questão de um imposto mínimo para os super-ricos na agenda do G20 é muito positivo. “Esperamos que isso desencadeie uma dinâmica global para trabalhar nessa questão. A visita do presidente Macron ao Brasil é uma oportunidade para a França se posicionar e apoiar essa iniciativa para reduzir as desigualdades globais, financiar a transição ecológica, fortalecer os serviços públicos e proteger os mais vulneráveis no Brasil e no mundo.”
Para Cécile Duflot, diretora-executiva da Oxfam França, “após os recentes anúncios de cortes orçamentários na França, ficou claro que nunca faltam ideias ao governo quando se trata de política de austeridade. O dinheiro está lá, só é preciso saber onde procurar. Bruno Le Maire e François Bayrou mostraram recentemente ao presidente da França o caminho a seguir, ao se pronunciarem a favor da ideia de um imposto global sobre os super-ricos. Emmanuel Macron faria bem em apoiar a proposta brasileira no G20. O alinhamento da França com a ideia de tributar os super-ricos seria uma boa notícia e enviaria um forte sinal aos países membros da UE para lançar uma dinâmica de imposto mínimo europeu mais tarde”.
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A taxação dos ricos na França enfrentou desafios por várias razões, incluindo resistência por parte dos contribuintes mais afluentes, questões de evasão fiscal e o êxodo de alguns contribuintes para países com impostos mais baixos. Além disso, houve preocupações com a eficácia da medida em termos de arrecadação de receita e seu impacto na economia e na competitividade do país.