Por Mauro Ramos
A chapa Lai Ching-te e Hsiao Bi-khim, do Partido Democrático Progressista (PDP), venceu as eleições para líder da ilha no último sábado (13). Lai obteve 40% dos votos, superando os candidatos Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), com 33%, e Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (PPT), com 26%.
O PDP, no entanto, perdeu a maioria no Legislativo, algo que vinha mantendo desde 2016, quando a líder Tsai Ing-wen venceu pela primeira vez as eleições. Das 113 cadeiras, o Kuomintang ficou com o maior número (52), o PDP obteve 51 e o PPT conquistou oito assentos. Candidatos independentes ficaram com as outras duas cadeiras.
O porta-voz do KMT, Ling Tao, criticou o PPT por desperdiçar a possibilidade de uma possível coalizão para derrotar o partido vencedor vencido juntos. Os dois principais partidos de oposição tinham formado uma aliança para disputar juntos as eleições, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre quem seriam os candidatos a presidente e vice. No final de 2022, o KMT venceu as eleições locais nas principais cidades da ilha, incluindo a capital Taipei.
As tensões entre a China continental e a ilha têm aumentado sob os governos do PDP. O ponto de maior ameaça foi em agosto de 2022, quando Nancy Pelosi, naquele momento presidenta da Câmara dos Representantes dos EUA, decidiu viajar à ilha, provocando repúdio do governo chinês, que implementou uma série de sanções e outras medidas em relação aos EUA.
Reações
Em função da perda da maioria no Legislativo e de que a oposição reuniu mais votos que Lai Ching-te, o porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da República Popular da China, Chen Binhua, disse que os resultados mostram que o PDP não representa a opinião pública dominante na ilha.
Ele ainda afirmou que os resultados das eleições não vão mudar o cenário e a tendência de desenvolvimento das relações através do Estreito de Taiwan. “Nossa posição sobre a resolução da questão de Taiwan e a realização da reunificação nacional permanece consistente e nossa determinação é firme como uma rocha”, disse Chen.
O funcionário afirmou que o governo chinês continuará aderindo ao Consenso de 1992 entre a China continental e a ilha, que reconhece o princípio de “Uma Só China”, e continuará se opondo firmemente “às atividades separatistas que visam a ‘independência de Taiwan’, bem como à interferência estrangeira”.
Em visita oficial ao Egito, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, disse que “qualquer pessoa que tente a ‘independência de Taiwan’ tenta dividir o território chinês e será, sem dúvida, severamente punida pela história e pela lei”. O chanceler chinês também reiterou que “a China acabará por alcançar a reunificação completa e a província de Taiwan certamente retornará à pátria mãe”.
Nesta segunda-feira (15), a ilha de Nauru, um país na Oceania, rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer o princípio de “Uma Só China”, deixando apenas 12 países entre os que reconhecem a ilha como um país independente. Dois deles são latino-americanos: Guatemala e Paraguai.
Consultado sobre o resultado das eleições no sábado, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que o país não apoia a independência da ilha. Na sua última visita aos Estados Unidos, Xi Jinping disse a Joe Biden que Taiwan era a “questão mais importante e sensível” nas relações EUA-China.
Edição: Lucas Estanislau