Por José Reinaldo Carvalho.*
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, verdugo do povo palestino, continua jurando de morte os membros do movimento de Resistência e assegurando que vai aniquilar a organização por meio de uma “guerra dura e prolongada”, entenda-se, massacre e genocídio. Mas foi obrigado a reconhecer o Hamas ao firmar com este um acordo em plena guerra e curvar-se a algumas exigências imediatas fundamentais deste. Foi o Hamas, e não o regime sionista de ocupação, que deu o tom às principais cláusulas do que foi acertado com a intermediação do Catar.
A segunda certeza é que em um mundo marcado por conflitos e tensões geopolíticas, o acordo de pausa humanitária surge como uma réstia de esperança de que se pode progredir para um cessar-fogo abrangente e abrir caminho a uma paz duradoura. Esta é a perspectiva de quem não perde o horizonte da paz, da democratização das relações internacionais, do direito internacional, do direito internacional humanitário, do multilateralismo genuíno como método de política no mundo multipolar realmente existente. O acordo de pausa humanitária oferece uma oportunidade para que se desencadeiem novas dinâmicas políticas e diplomáticas e a própria resistência nacional, com suas alianças regionais e apoio mundial, se fortaleça ao ponto de impor derrotas aos agressores israelenses.
O mundo inteiro clama para que Israel interompa o genocídio. Milhões de pessoas já saíram às ruas em dezenas de países; foi aprovada resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, reafirmam-se declarações dos mais prestigiados líderes internacionais, entre estes Lula, Xi Jinping, Vladimir Putin, Cyril Ramaphosa, em cenários globais da mais alta relevância, como o Brics e o G20, além de gestões diplomáticas impregnadas do mais genuíno e amplo multilateralismo, como a recente reunião entre o chanceler chinês e os ministros de Relações Exteriores de países árabes e islâmicos – tudo isso aponta na direção correta de exigir o cessar-fogo e a paz duradoura.
Esta só virá com a plena independência do povo palestino, que terá de resultar necessariamente na criação do seu Estado independete com capital em Jerusalém, como assinalaram a Autoridade Nacional Palestina e o Hamas.
Ressalte-se também o papel do Irã, aliado de primeira hora do povo palestino, cuja diplomacia é uma das mais ativas desde o início do massacre israelense na noite de 7 de outubro. As gestões iranianas pelo cessar-fogo e a paz se somam às justas advertências de que o conflito pode escalar, caso Israel não se detenha no cometimento dos crimes de lesa-humanidade.
Os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) desempenham um papel crucial na promoção da estabilidade global. Sua posição conjunta em relação ao acordo de pausa humanitária destaca a importância da cooperação entre nações diversas. O grupo Brics tem o potencial de catalisar esforços para garantir que a trégua não seja apenas uma medida temporária, mas sim um primeiro passo em direção a um novo paradigma para a paz e a solução política de fundo ao conflito.
Enquanto avaliamos positivamente a perspectiva de uma trégua global e duradoura, é imperativo direcionar nossa atenção para aqueles que continuam a adotar posturas intransigentes, notadamente representadas pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e setores da extrema direita israelense.
A perpetuação do conflito na região é alimentada pela posição agressiva inflexível do Estado sionista e seu governante. Netanyahu, com suas posições radicalmente belicistas, antipalestinas, impede as soluções pacíficas. Conta com o total e indeclinável apoio do imperialismo estadunidense, cúmplice, muitas vezes mandante, dos seus crimes.
A bandeira do cessar-fogo e da paz segue nas mãos da Resistência e dos movimentos de solidariedade ao povo palestino.
*Secretário-geral do CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz
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