Imperialismo quer despedaçar o Brasil em cinco países. Por Leandro Monerato.

Por Leandro Monerato.

No último dia 25 de agosto repercutiu um verdadeiro escândalo mundial: veio à tona o plano estratégico do imperialismo mundial, ou seja, do G7 e da OTAN, para o Brasil. Querem dividir o nosso país em até cinco novos países, conforme o mapa:

Entretanto, o imperialismo é sagaz. Escolheu uma figura hiper secundária para levantar a poeira. Em sua conta no X, Günther Fehlinger que se apresenta como “presidente do Comitê Europeu para a expansão da Otan”, enquanto acontecia a reunião do Brics, fez uma série de publicações criticando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a participação do Brasil no grupo.

Fehlinger disse que iria convocar a “desmantelação” do Brasil se o presidente Lula se unisse ao “eixo hostil do Genocídio” e compartilhou os mapas.

A imprensa burguesa tratou de menosprezar a fala. O Estadão por exemplo ressaltou: “Procurada, a assessoria de imprensa da Otan informou que Fehlinger ‘não tem laços oficiais com a Otan’ e que o comitê não faz parte da organização. Ainda segundo a assessoria, “os pontos de vista e opiniões dele não refletem os da Organização. Qualquer afirmação de que a Otan planeja invadir ou dividir o Brasil é um completo disparate”.”

Günther Fehlinger diz ser “presidente do Comitê austríaco para a adesão da Áustria, Kosovo, Bósnia, Ucrânia e União Europeia à Otan”. Os países listados não são membros da organização, que reúne 31 países que cooperam em questões políticas e de segurança.

Não ter relações oficiais não significa nada. O fundamental é ver os interesses políticos em jogo. Fehlinger é responsável por um movimento que quer colocar mais 31 países na OTAN, que tem feito um esforço enorme para se expandir por todo leste europeu de modo a cercar a Rússia. O imperialismo está jorrando bilhões de dólares nessa expansão da OTAN. Uma voz que ecoa pelo mundo defendendo a divisão de um dos maiores países do mundo ligado ao imperialismo mundial não falou algo que surgiu da sua cabeça. Mas mostrou o que está na cabeça de amplos setores do imperialismo.

Muito natural, pois, para o imperialismo, o BRICS é uma ameaça muito grave diante da crise econômica, política e militar do imperialismo. O imperialismo não vai deixar o mundo multipolar ver a luz do dia antes de jogar todas as suas cartas na manga. E o imperialismo tem muitas delas. Guerras regionais, golpes, assassinatos, guerras civis, e outra infinidade de manobras como o brasileiro tem aprendido de perto desde o golpe de 2016. E uma das manobras favoritas do imperialismo na história foi a divisão artificial de muitos países pelo mundo: Índia e Paquistão, Vietnã, Coreias, Iugoslávia, Taiwan, etc.

Mas após todo o esforço da imprensa pró-imperialista que atua no Brasil tentar abafar o caso, eis que surge a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, publicou um tweet enigmático no X (antigo Twitter), em que relaciona a integridade territorial de países como o Brasil à cooperação bilateral com os Estados Unidos. “Se queremos garantir que valores democráticos sejam mantidos e que a integridade territorial de todas as nações seja respeitada, devemos continuar trabalhando bilateral e multilateralmente”, disse ela. Bagley também pontuou que “as ações do Brasil são importantes para o mundo” Conforme trouxe o portal Brasil247.

A chantagem fica cristalina. Se o Brasil continuar a se aproximar do BRICS, ou como disse Fehlinger utilizando a terminologia imperialista, o eixo hostil do genocídio, os EUA não garantirão a integridade territorial do Brasil. EUA que controla TODAS as instituições do Estado nacional, controla a grande imprensa, controla as ONGs, e muito mais. Quando decidiram que o PT deveria sair do governo, esse caiu numa operação fulminante. Ou seja, é a fala de alguém que pode fazer o que diz.

E essas falas não fazem mais que confirmar uma toda a uma movimentação nesse sentido.

Se o Estadão está preocupado com as falas oficiais, desde 2020, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, defende explicitamente que a organização deve preparar-se para “combater as mudanças climáticas”.

“As mudanças climáticas ameaçam a nossa segurança. Então, a OTAN deve fazer mais para entender plenamente e integrar as mudanças climáticas em todos os aspectos do nosso trabalho, desde o nosso planejamento militar até à maneira como exercitamos e treinamos as nossas forças armadas. (…) A OTAN também deve estar preparada para reagir a desastres relacionados ao clima, assim como fizemos durante a crise da Covid-19”, escreveu Stoltenberg.

E todos sabem que quando o imperialismo fala em clima, está falando na Amazônia. O próprio Stoltenberg está envolvido com a Amazônia diretamente. Desde 2008, ele participou ativamente da articulação do Fundo Amazônia, ao qual o governo norueguês doou a quase totalidade dos R$ 2,88 bilhões destinados a financiar a fundo perdido iniciativas ambientais no bioma Amazônia (os outros contribuintes foram o governo da Alemanha e a Petrobras), selecionadas por um conselho integrado por representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e de ONGs do aparato ambientalista-indigenista que opera no Brasil.

Juntarmos a isso a movimentação por baixo dos países imperialistas em adquirirem enormes porções do território nacional temos um quadro completo. Inclusive, quando o próprio PSDB tentou levantar-se contra Temer, este se consolidou no poder quando legalizou a internacionalização das terras do país, de até 25% por município.

O Brasil é a maior fronteira agrícola do mundo. Um dos países mais ricos em minérios e água doce. Um dos maiores mercados consumidores do mundo e peça chave na estabilização de todo o continente americano.

Deste modo, na medida em que o poder imperialista seja cada vez mais desafiado na Ásia, no leste europeu, no Oriente Médio e na África, maior será a necessidade dos EUA de controlar diretamente o seu “quintal”. Para que o imperialismo avance numa política agressiva no mundo, eles entendem que a América do Sul não pode estar ameaçada.

Lula está incomodando e muito os EUA. Ao não se colocar do lado da Ucrânia contra a Rússia. Ao defender Venezuela e Nicarágua. Ao se juntar ao BRICS e somar a luta contra a ditadura do dólar.

E o recado da embaixadora é claro. O que o Brasil faz é muito importante. Ou Lula se alinha, ou será derrubado.

Eis que fica evidente, que um processo de golpe contra Lula, após toda a experiência acumulada. Diante da enorme polarização política do país e da total descrença da população no regime político. Diante a divisão interna na própria burguesia. Fica claro que isso pode fazer explodir o caldeirão brasileiro. E o imperialismo apresenta a sua solução; está disposto a destruir o Brasil em cinco países, para que seu poder aqui se mantenha firme e forte.

A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

 

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