Por Leandro Monerato.
O capitalismo foi o modo de produção que mais revolucionou as forças produtivas e produziu riqueza até os dias atuais. Entretanto, as forças produtivas já ultrapassaram o quadro das relações capitalistas. A anarquia capitalista representa já uma força retrógrada ao atual acúmulo de conhecimento científico, tecnológico e organizativo. Para sobreviver, o capitalismo adotou de modo consciente um plano permanente de destruição das forças produtivas desde os anos 1970, o que ficou conhecido como neoliberalismo.
A destruição se tornou método de lucro. Uma de suas doutrinas consiste na aplicação em amplas massas de técnicas de tortura desenvolvidas pela CIA, como demonstra a jornalista Naomi Klein, em seu livro “A Doutrina do Choque: A Ascenção do Capitalismo de Desastre”, publicado em 2007.
Pesquisas desenvolvidas em universidades do Canadá e dos Estados Unidos, nos anos 50, demonstravam que o isolamento intensivo, o uso de doses elevadas de eletrochoques, dentre outras técnicas, eram capazes de interferir na habilidade de raciocínio das pessoas, suprimindo suas percepções, tornando-as mais sugestionáveis e mais propícias a aceitar “novas ideias”. Esses estudos serão a base da “doutrina do choque”.
Neoliberais conseguiram perceber que durante toda situação de crise, catástrofe ou desastre natural, amplas massas da população são submetidas a tamanha desorientação que isso diminui sua resistência e facilita a aplicação de medidas que até então seriam consideradas impossíveis de aplicar.
Nas palavras de um dos formuladores dessa doutrina, o neoliberal Milton Friedman: “somente uma crise – real ou pressentida- produz mudança verdadeira. Quando a crise acontece, as ações que são tomadas dependem das ideias que estão à disposição. Esta, eu acredito, é a nossa função primordial: desenvolver alternativas às políticas existentes, mantê-las em evidência e acessíveis até que o politicamente impossível se torne o politicamente inevitável”.
“Tão logo uma crise se instalava, o professor da Universidade de Chicago defendia que era essencial agir rapidamente, impondo mudanças súbitas e irreversíveis, antes que a sociedade abalada pela crise pudesse voltar à ‘tirania do status quo’. Ele calculava que ‘uma nova administração tem de seis a nove meses para realizar as principais mudanças; caso não agarre a oportunidade para agir de modo decisivo durante esse período, não terá? outra chance igual”, afirma a jornalista.
A pandemia foi último desastre. Enquanto a humanidade sofria os capitalistas atacaram em duas frentes: de um lado, avançaram sobre os poucos direitos fundamentais ainda existentes e por outro avançaram com voracidade sobre a riqueza social. Quando as pessoas mais precisavam os capitalistas atuaram para roubá-las.
É isso que revela o quadro dos fatores inflacionários nos últimos anos divulgado pelo FMI.
Em plena pandemia, os capitalistas decidiram aumentar sobremaneira os seus lucros, aumentando os preços dos produtos e serviços. Eis que a tese de que ou o socialismo ou a barbárie imperialista já não diz respeito ao futuro, mas ao presente.
A sobrevivência da humanidade está ameaçada pelo capitalismo.
Não contentes com os ganhos do último desastre, a pandemia. Os capitalistas já preparam o mundo rapidamente para um conflito mundial de proporções inéditas. Enquanto a fome, o desemprego e o desalento se propagam, as burguesias investem cada vez mais em armas.
Para sobreviver os capitalistas precisam destruir a humanidade. E aos humanos resta destruir a barbárie, ou seja, o imperialismo mundial.
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