Por Raul Carrion.
A resposta a essa pergunta nos obriga a rememorar os acontecimentos que levaram à 2ª Guerra Mundial e à derrota da Alemanha nazista e seus aliados.
Como todos sabem, o reerguimento e o rearmamento alemão durante os anos 30 só foi possível devido à conivência e à ajuda do “ocidente”, que via na Alemanha e no nazismo um “dique” contra a União Soviética e a ascensão das lutas revolucionárias em todo o mundo.
Os líderes das nações imperialistas apostavam no avanço da Alemanha nazista para o Leste, em direção às fronteiras soviéticas. Mas “o tiro saiu pela culatra” e, ao invés de primeiro atacar a URSS – a quem temia –, Hitler preferiu começar invadindo as ditas “democracias ocidentais”, para só depois, fortalecido, atacar à União Soviética.
Criou-se uma situação, então, que forçou os países capitalistas ainda não ocupados por Hitler – como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos – a buscarem uma aliança de conveniência com a URSS, para defender-se da Alemanha nazista.
Esses países chegaram a assumir o compromisso de abrir – já em 1942 – uma segunda frente de luta na Europa, para aliviar a pressão alemã contra a União Soviética. Na prática, porém, apostaram no desgaste mútuo entre a Alemanha e a URSS e postergaram indefinidamente a abertura dessa segunda frente.
Será somente em 6 de junho de 1944 – após três anos de tergiversações e quando o Exército Vermelho já levava de roldão os exércitos nazistas e se aproximava das fronteiras alemãs – que os EUA e a Inglaterra decidiram desembarcar no Sul da França e abrir a segunda frente, para não deixar que a URSS vencesse sozinha a 2ª Guerra Mundial.
Nos meses seguintes, diante da derrota inevitável e temerosos de ter de capitular frente ao Exército Vermelho, os líderes nazistas propuseram uma paz em separado com os EUA, a Grã-Bretanha e a França, inclusive sugerindo depois “atacarem juntos os inimigos comunistas”.
Como isso não prosperou, decidiram capitular diante somente dos aliados ocidentais, o que foi feito na madrugada do dia 8 de maio, em Reims, na França. Ali, o Coronel-General Jodl assinou a “rendição alemã”, perante o Tenente-General Walter Smith, do Alto Comando anglo-americano, e do General François Sevez, da França.
O Alto Comando soviético protestou contra essa capitulação unilateral e exigiu a rendição formal da Alemanha na sua capital, Berlim, tomada pelo Exército Vermelho.
Assim, na madrugada de 8 para 9 de maio de 1945, em Berlim, o Marechal de Campo alemão Wilhelm Keitel – secundado pelo Coronel-General da Força Aérea Hans Stumpf e pelo Almirante Friedeburg – assinaram a ata de rendição incondicional da Alemanha nazista frente à URSS – representada nesse ato pelo Vice-Comandante Supremo das Forças Armadas Soviéticas, Marechal de Campo Gueorgui Júkov – e perante seus aliados ocidentais, representados pelo Comandante da Força Aérea Estratégica dos EUA, General Carl Spaatz, pelo Marechal da Força Aérea da Grã-Bretanha, Arthur Tedder, e pelo Comandante em Chefe do Exército francês, General Jean de Lattre de Tassigny,
O primeiro parágrafo do ato de rendição rezava: “Nós abaixo assinados, agindo em nome do Alto-Comando da Alemanha, junto ao Comando do Exército Vermelho e ao Comando Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas, estamos de acordo com a rendição incondicional de todas as nossas Forças Armadas do mar, terra e ar, bem como todas as forças que no momento se encontram sob o comando alemão.”
Dessa forma, a guerra na Europa foi concluída com o aniquilamento do nazifascismo pela União Soviética (com uma pequena contribuição dos aliados ocidentais), sepultando os planos de Hitler e dos grandes capitalistas alemães de impor ao mundo a dominação da “raça ariana” e a escravização dos povos ditos “inferiores”.
Desde então – e em especial depois do início da chamada “Guerra Fria” – os Estados Unidos e os seus satélites passaram a utilizar o 8 de maio como a data de referência da capitulação alemã, e a URSS e os revolucionários de todo o mundo a referenciar a rendição alemã ao 9 de maio.
Portanto, não se trata de uma mera “confusão de datas”, mas uma disputa em relação ao papel fundamental que a URSS jogou na derrota da Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial – aniquilando 90 divisões alemãs, contra apenas 6 divisões derrotadas pelos aliados ocidentais.
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