Escola do Bem Viver, tekoá Karanda’ty, retomada Mbyá Guarani, inicia ano letivo

A escola, sob as sombras das copas das árvores, indica haver determinação, força e coragem de uma comunidade Mbyá Guarani que luta por seus direitos fundamentais e, mais do que tudo, sinalizam para a perspectiva de que há caminhos alternativos a serem seguidos e adotados.

Por Professora Olga Justo, apoiadora da retomada Karandá’Ty.

Na manhã desta quinta feira, 16 de março, o ano letivo iniciou no tekoá Karanda’ty, retomada Mbya Guarani em Cachoeirinha/RS.

Diferente de outros espaços escolares, as crianças e adolescentes, sem sala de aula, acomodaram-se sob as sombras das árvores.

Elas, sem mesas, escreveram e desenharam no colo. Estão sem material escolar, porque não lhes são fornecidos, usaram folhas de oficio e alguns lápis doados pelos apoiadores.

As atividades são coordenadas pelo professor Mbyá Arlindo Ribeiro, que inscrito para contrato na SEDUC/RS, inicia suas atividades, mesmo sem ter sido chamado para efetivar a contratação.

Adriana Acosta Mbyá, inscrita na função de merendeira, aguarda a alimentação que deve preparar e servir às crianças.

Todas atividades são acompanhadas de perto pelo Sr. Alexandre Acosta, o mais velho da comunidade, o Xeramoi , líder espiritual.

As maiores dificuldades encontradas são: a falta de água potável e energia elétrica na comunidade. Não há do ponto de vista administrativo, medidas que afirmem vontade política da Funai em proceder a realização dos estudos de demarcação da terra.

O Ministério Público Federal, a SEDUC, 28ª CRE, estão oficiados da demanda escolar, nutricional e de saneamento básico.

Na comunidade há, por hora, 08 crianças e 06 jovens, que contam apenas com o apoio da sociedade civil e entidades que fazem o que podem para auxiliar nas demandas, enquanto as políticas públicas não são planejadas e implementadas.

A escola, sob as sombras das copas das árvores, indica haver determinação, força e coragem de uma comunidade Mbyá Guarani que luta por seus direitos fundamentais e, mais do que tudo, sinalizam para a perspectiva de que há caminhos alternativos a serem seguidos e adotados.

A escola, sob as sombras, dá sentidos e significados de vidas partilhadas, em comunhão com a natureza e sintonizadas no Bem Viver.

Cachoeirinha, 16 de março de 2023.

 

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