A coragem de fracassar, derrubar as expectativas externas/internas impostas. Desarranjar a imagem de sucesso – a partir da prática artística – no cotidiano mimético e memético. O laboratório permanente de criação, pesquisa e formação em artes da presença, chamado de “ensaio para algo que não sabemos”, coloca em foco “a falha” como desvio da linha reta, a quebra de um padrão de conduta.
Nesta segunda-feira, 6 de março, das 13h às 17h, na Galeria de Arte do Mercado Público de Florianópolis, o coletivo formado por Loren Fischer, Monica Siedler e Karina Collaço recebe a artista e pesquisadora Elke Siedler para a residência artística (re)existência: Fracasso é potência.
Após a fase convocatória, 15 participantes mulheres acima dos 18 anos foram convidadas a se reunir em cinco encontros presenciais que ocorrem até a sexta-feira (10). O objetivo é criar um vínculo transformador, uma espécie de anticorpo para a normatividade que impera no agora.
“Eu gosto muito de usar a palavra fracasso como potência, porque na atual sociedade tecnológica, das redes sociais, as pessoas performam muito o sucesso. No Instagram e no TIK TOK, por exemplo, reafirmando suas vidas perfeitas e estes discursos normativos, os padrões, e que têm sucesso na perspectiva do capitalismo. Vamos trabalhar o fracasso na intenção de furar essas expectativas da sociedade. Essas imposições e pressões dadas. Sob a ótica artística, fracasso assume outra potência: é se conhecer, ter coragem de se expressar tal qual você é”, explica Elke Siedler.
Segundo a pesquisadora e professora, na cartilha do sistema vigente o fracassado se encaixa numa lista de adjetivos que vão desde perdedor, incapaz e etc. Já na dimensão da arte, o significado da palavra libera outras interpretações e atitudes.
“Quando eu levo isso pra arte eu esvazio este significado, pois é bom ser uma fracassada, é bom não estar aprisionada num padrão, é generoso eu não me violentar com cobranças. Daí você percebe que fracassar neste tempo que vivemos tem mais a ver com ter coragem de ser quem é. O fracasso é um desvio dessa reta imposta pela sociedade. Como professora que lida com jovens, percebo a pressão que eles recebem para lacrar o tempo todo e expor o lacre para os outros. O nível de cobrança é altíssimo e causa ansiedade e depressão. Estamos lidando com a expectativa que os outros fazem de nós o tempo todo”, complementa.
Residência aberta
A escolha da Galeria de Arte do Mercado Público de Florianópolis não foi por acaso. Pessoas interessadas em visitar a residência artística são bem-vindas no horário de realização dos encontros. Também não há cobrança para que participem das atividades e conversas acerca da temática, podem acompanhar ativando a escuta, observando o processo desenrolar nos corpos das participantes. Nada será imposto, a liberdade de cada um para trocar, estar presente, ouvir é o convite para deixar nascer algo a partir do encontro.
“Vamos trabalhar com a ideia de acontecimento e experiência artística. O ajuntamento de pessoas, esse conjunto de pessoas já é um acontecimento artístico. A conversa, o encontro, as práticas, os laboratórios de investigação, a visita do público. Todo esse acontecimento é a própria obra artística, isso foge do nosso controle e da ordem da previsibilidade”, reforça o convite Elke.
Todo o processo da residência artística será captado pela artista Carolina Janning e resultará no lançamento de um mini-documentário que será exibido em dois locais distintos da cidade, por meio da Van Expancine – uma van cultural que possibilita a mobilidade da exibição. As datas e os locais ainda serão definidos.
A edição do projeto “ensaio para algo que não sabemos – por uma perspectiva dos encontros” é financiado com recurso público oriundo do edital de apoio às culturas 2021, com a participação institucional da Prefeitura Municipal de Florianópolis, da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da FCFFC e do Fundo Municipal da Cultura.
Ficha Técnica
Karina Collaço – Coordenação geral e colaboração artística na residência.
Loren Fischer e Monica Siedler – Curadoria da residência artística e colaboração artística na residência
Nathalie Soler – Produção geral: execução/elaboração e prestação de contas do projeto
Elke Siedler – Artista convidada ministrante da residência
Luciana de Moraes – Assessoria de imprensa / veiculação nos meios digitais
Fernanda Hinning – Arte gráfica
Carolina Janning – Produção, gravação e edição de vídeo documentário e Registro Fotográfico
Thais Alemany – Exibição do vídeo documentário / Van Expancine
Participantes/Artistas Convidadas via convocatória:
- Agus Videla
- Bárbara Teles Cardoso
- Cássia AP de Souza Santos
- Debora Pazetto Ferreira
- Eduarda Gonçalves Viana
- Karin Maria Véras
- Lais Goes
- Lara Tatiane de Matos
- Lilian Hamuri Yamaguchi
- Marina Bento Veshagem
- Minas Victoria Unkelbach Werner
- Monica Duarte da Silva Gonçalves
- Neo da Silva Nebulosa
- Paula Felitto
- Pollyana Tathyana Rodrigues dos Santos
SERVIÇO:
O que: Residência artística (re)existência: Fracasso é potência com Elke Siedler
faz parte do projeto “ensaio para algo que não sabemos – por uma perspectiva dos encontros”
Quando: de 6 a 10 de março
Horário: das 13h às 17h
Onde: Galeria do Mercado Público de Florianópolis
Endereço: Mercado Público de Florianópolis, piso superior. Sala José Cipriano da Silva, Largo da Alfândega – Centro, Florianópolis – SC, 88010-400
* Os encontros são abertos ao público interessado
Luciana de Moraes
jornalista e videógrafa
+55 (48) 9982-5750
A CASAA
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