Quilombos, aquilombados, quilombolas, dos mais variados povos da Mãe África, que de lá foram sequestrados, escravizados, brutalizados e assassinados.
Séculos sob chibatadas e correntes dos patrões, de seus capatazes e capitães do mato, por quem eram perseguidos, violentados e torturados.
A dor e a memória ancestral não se apagaram e nem se esgotaram, permaneceram durante os séculos de resistência à mais vil e atroz covardia, à escravidão, promovida por uma humanidade colonialista, embranquecida e desumanizante.
Hoje, no Brasil das diferenças e das diversidades, quase cinco mil quilombos, lutam por terra, território, respeito às crenças, memórias, culturas e aos modos de ser e viver.
O Estado, através de seus governantes, os exclui do direito à demarcação e titulação das terras, das políticas diferenciadas, do diálogo e participação nas esferas de discussão e planejamento daquelas ações que lhes dizem respeito.
Os crimes contra seus corpos, saberes e crenças são cotidianos e sequer noticiados, sequer relatados, sequer são lembrados nos discursos durante as posses de ministros e na subida à rampa do Palácio do Planalto.
As irmãs e irmãos quilombolas não podem ver suas pautas dispersas por dentro de secretarias de governo, há que contemplá-las através de políticas orgânicas, respeitando os direitos, suas memórias, histórias e lutas contra a escravização e o racismo em nosso país.
Por Roberto Liebgott, Cimi Sul-Equipe POA.
Urubici, 04 de janeiro de 2022