De história de vida vivida nas identizações das militâncias femininas contra a solidão, o preconceito, a indiferença e a brutalidade da violência.
História de vida vivida na contramão da heteroafetividade masculinizada e padronizada nas prateleiras sociais como expressões de normalidade.
História de vida vivida e contada em movimentos de resistências à globalização da homofobia, misoginia e das mais rudes e atrozes relações de gênero, raça, cor e corpo.
História de vida vivida entre e com aquelas, aqueles que transitam pelas margens, forçando, educando, criando pedagogias sociotransformadoras nas diferenças.
História de vida vivida na pureza dos gestos, dos abraços, dos sorrisos e nos beijos de amor liberto do purismo idealizado, estruturado pelo mercado dos costumes da intolerância e do arbítrio.
História de vida vivida fazendo frente às estruturas lesbofóbicas, dilaceradoras e pervertidas, que coabitam os ambientes de sombras das famílias, das pátrias e das religiões.
História de vida vivida, sonhada, compartilhada, celebrada entre meninas e meninos, binários ou não, jovens esperançados em descolonizar e desescravizar o estado, as sociedades, as políticas, as culturas, os “saberes” científicos e academicistas.
História de vida vivida entre tantas e tantos que creem na possibilidade de se fazer ter o bem acima do mal, a beleza acima do desprezo, a fraternidade acima da intolerância, o respeito acima da covardia.
Porto Alegre, RS, 29 de novembro de 2022.
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Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.